Há varias formas de se levar a vida. Há quem prefira a tradicional, com seu emprego honesto que garante a grana do fim do mês, enquanto outros preferem roubar, viver de golpes, carregando malas de dinheiro ou se envolver nas roubadas mais perigosas só porque estas garantem dinheiro mais rápido – porém, não tão fácil. Este era o caso do piloto de aviões Barry Seal, que o astro Tom Cruise interpreta na cinebiografia “Feito na América”, que estreia esta semana no Brasil.
O longa de Doug Liman (com quem Cruise trabalhou em “No limite do amanhã”) mostra justamente o que levou um piloto da aviação civil, entediado com a rotina do trabalho, a se meter com todo tipo de figura do ramo dos tráficos de drogas e de armas, incluindo CIA, DEA (Departamento americano de combate ao tráfico de drogas), Cartel de Medellín (aquele do Pablo Escobar) e até mesmo os sandinistas da Nicarágua. Não que ele fosse um santo, pois já na década de 1970 ele foi demitido da extinta TWA por suspeita de participação em uma operação de contrabando de explosivos.
O maior problema de “Feito na América”, porém, deve ser Tom Cruise. Assim como aconteceu em “A múmia”, o astro não abre mão de interpretar um personagem de moral questionável, porém mais uma vez é preciso que o diretor da vez acabe por ceder ao controle rígido que Cruise impõe nos filmes em que trabalha, o que faz com que Barry Seal seja apresentado como aquele canalha sedutor de bom coração, mesmo quando transportava toneladas de cocaína pelos céus da América, em jornadas que poderiam render centenas de milhares de dólares por viagem.
Polêmicas à parte, o filme mostra a atribulada vida de Seal como o sujeito que aceitou todo tipo de trabalho, o que fez com que se tornasse uma espécie de agente triplo, transportando drogas para o Cartel de Medellín ao mesmo tempo em que precisou cooperar com a CIA e o DEA, as prisões, os momentos em que sua vida esteve por um fio e todo o jogo de cintura para levar na conversa tanto mocinhos quanto bandidos.