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Diretor de JF participa de festivais na Colômbia e no Brasil com 2 curtas

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“Piranga, o herói taciturno”, dirigido por Mônica Veiga e Daniel Couto, participa do Sinédoque e do El Cine Suma Paz (Foto: Reprodução)

O curta-metragem “Piranga, o herói taciturno”, de Mônica Veigas e Daniel Couto, participa até o próximo dia 24 do El Cine Suma Paz, festival colombiano de curtas-metragens sobre meio ambiente e cultura da paz. A produção, uma parceria entre a Atlântico Filmes e Impulso Filmes, foi um dos 80 curtas selecionados entre os mais de 2,2 mil inscritos, oriundos de 122 países, e pode ser assistido on-line no site do evento. “Piranga…” também foi selecionado para o festival Sinédoque (Festival Nacional de Documentários Curtos), que acontece no formato on-line até o próximo domingo; o juiz-forano Daniel também teve outro documentário selecionado para o festival, “Bulha”, e ambos podem ser assistidos em sinedoque.com.br.
As duas produções vêm tendo boa recepção nos circuitos de festivais. “Piranga, o herói taciturno” já havia sido selecionado nos festivais Suncine (Espanha), Ponza Film Awards 2022 (Itália) e Panama International Film Festival 2022 (México), enquanto “Bulha” fez sua estreia na edição 2021 do Festival Primeiro Plano e foi exibido na Mostra de Cinema de Tiradentes.
“Foi muito gratificante ter o ‘Piranga’ selecionado para o Cine Suma Paz. O circuito de festivais voltado para filmes que trazem questões ambientais em sua temática cresce cada vez mais mundo afora, e o Suma Paz foi nossa primeira seleção de festival internacional após o lançamento”, diz Daniel. “Acredito que essa janela internacional é importante não só para a carreira do filme, mas também para divulgação de produções nacionais independentes em outros países.”
Daniel Couto conta que o projeto foi idealizado por Mônica e Dalila, da Atlântico Filmes, duas amigas de Belo Horizonte que ele conheceu no período da faculdade, por volta de 2010, com quem sempre manteve contato. “Em 2017, a Mônica me procurou com a ideia de um filme no qual um rio seria o personagem principal, e, desde então, pude ir contribuindo tanto nos tratamentos do roteiro quanto também na direção e, posteriormente, na montagem. Foi interessante ver o percurso do projeto: a ideia inicial, a pesquisa, o campo, a corrida por recursos, as reescritas do roteiro, os imprevistos da gravação e, posteriormente, o reflexo de tudo isso na montagem final do filme. É um trabalho no qual aprendi muito.”

“Bulha” é um dos 48 curtas selecionados para a edição 2022 do Sinédoque (Foto: Reprodução)

Tragédia ainda presente
O curta foi filmado no segundo semestre de 2021, nas cidades mineiras de Ponte Nova, Ressaquinha, Piranga e Santa Cruz do Escalvado. “Piranga…” trata da missão que o rio recebeu após o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, no ano de 2015, considerada uma das maiores tragédias ambientais da história do país. No curta-metragem, quem dá voz ao rio é o ator Jackson Antunes.
“Mesmo quase após sete anos do rompimento (da barragem), os efeitos do acidente ainda são muito presentes no cotidiano dos moradores de algumas regiões que visitamos. Conhecemos famílias que até hoje não conseguiram retornar às suas atividades de pesca, devido ao alto índice de contaminação dos peixes e também ao assoreamento dos rios”, relata Couto. “Muitas delas tiveram que mudar de atividade ou sobrevivem somente com o pequeno auxílio financeiro que foi fornecido pela Vale. Em Santa Cruz do Escalvado, por exemplo, os dejetos liberados com o rompimento ainda fazem parte da paisagem: uma espécie de ‘barro’ mais escuro e avermelhado que ainda levará anos para desaparecer.”

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Sem passagem
“Bulha” foi filmado no primeiro semestre de 2021 e tem como tema o fechamento de uma passagem de nível da linha férrea localizada no Bairro Poço Rico em virtude da construção do Viaduto Engenheiro José Abramo, que tem causado transtornos aos moradores da localidade. “Eu sempre tive uma relação muito próxima com o Poço Rico, uma vez que morei e trabalhei no bairro boa parte da minha vida. Com o viaduto, foram feitas modificações no trânsito sem nenhum estudo prévio ou consulta, segundo os moradores. Com o fechamento da passagem de nível, o comércio foi prejudicado, o trajeto para os trabalhadores do Hospital Albert Sabin e moradores do Bairro Santa Tereza se tornou mais longo e perigoso. Isso tudo acabou gerando uma insatisfação muito grande por parte da comunidade do bairro. Achei interessante a mobilização dos moradores, mesmo em um momento de intensa polarização política, e decidi registrar as manifestações, os impactos da obra, de uma forma bem simples. É o que chamamos de documentário de observação.”
Segundo o cineasta, no filme não há entrevistas e depoimentos, apenas a câmera acompanhando o dia a dia do bairro, a convivência com as mudanças geradas pelo fechamento da passagem e os conflitos resultantes, de uma forma mais distanciada. “Os moradores tiveram papel essencial, uma vez que me ajudaram com fotos, me avisavam do andamento das negociações, horários de manifestações etc. É um filme simples, mas que traz uma mensagem de luta bem importante.”
Para encerrar, o diretor falou, ainda, de ter os dois curtas participando do Sinédoque em 2022. “Foi muito legal ter duas produções tão distintas selecionadas na mesma edição do festival, que é voltado para o formato de curta-metragem, ao lado de outros 48 filmes de diversos estados. Foram quatro filmes selecionados no estado de Minas Gerais e faço parte da equipe de dois deles, o que me deixa muito feliz.”

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