“Velho demais para o rock and roll, jovem demais para morrer.” Das duas afirmativas da irônica canção do Jethro Tull, apenas a segunda vale para o cantor, compositor e empresário Douglas Esterce. Conhecido como Tuka, o frontman da Tuka’s Band mostra que ainda tem lenha para queimar nesta sexta-feira, quando sua banda se apresenta no Cultural, a partir das 23h, continuando a celebração dos 30 anos de atividade do grupo, formado em 1987 e que segue por aí em sua cruzada para manter o rock vivo nos corações, mentes e ouvidos de novas e antigas gerações. A noite terá ainda a apresentação da 8Bits.
Único integrante da formação original (“Até nisso copiei o Whitesnake”, diz a respeito de uma das suas bandas favoritas), Tuka é acompanhado no palco pelos parceiros Felipe Rosa (guitarra), Nathan Eiterer (guitarra), Greg Ruhena (baixo), Douglas Gomez (bateria) e Rubens Müller (teclado). O vocalista define o repertório como uma seleção que vai da Jovem Guarda até o heavy metal, passando pelo hard rock. “Tocamos Europe, Bon Jovi, Led Zeppelin, Creedence (Clearwater Revival), Whitesnake e versões mais pesadas, hard rock, de Raul Seixas, Capital Inicial, Legião Urbana.”
É dessa forma que a Tuka’s Band vem comemorando os 30 anos de estrada desde janeiro, numa jornada que deve ir até o início de 2018 e que tem como parada principal os festivais de motociclistas, onde são presença constante e costumam realizar uma média de quatro shows por mês. “Somos das bandas que mais se apresentam nesses festivais, em especial no Sudeste. Apesar de termos repertório próprio, preferimos nos dedicar aos clássicos, ajudando a divulgar o rock. Sou um ‘João Batista’ do rock (risos), todos nós somos ‘evangelizadores'”, diz Tuka.
“E essa comemoração é por merecimento mesmo, pela persistência, porque consegui o mínimo que uma banda precisa, que é ter público, reconhecimento, receber cachê, ter estrutura”, continua. “Um dos locais onde percebo melhor isso são nos festivais de motociclistas, que tem uma galera que realmente gosta de rock. Muitas bandas que estão fora da mídia como o Dr. Silvana e o Ira! sempre tocam nos festivais.”
Roqueiro e empresário
Tuka equilibra os compromissos da banda com sua loja, a Tuka’s Rock, localizada na galeria General Roberto Neves, no Centro, atendendo a um público que, segundo ele, “vai dos 8 aos 80 anos”, que consome CDs, discos de vinil e camisas de banda. “Se não fosse o rock and roll, eu não seria nada, ele me salvou e me sustenta desde os 18 anos. Nunca vou largar o rock”, afirma Tuka, que mesmo ajudando a renovar o público da forma que pode não deixa de ter suas críticas às bandas atuais. “A molecada de hoje não tem o tesão que tínhamos antigamente. Falta guitarra, pressão. O rock, além da música, tem que ser um espetáculo. Não se faz show igual ao do Kiss, Iron Maiden, Rolling Stones, Roger Waters.”
A banda da qual é frontman tem apenas um registro sonoro oficial, na coletânea “Cidade alternativa”. Um dos planos de Tuka para o futuro é gravar um álbum que tenha estampado na capa o nome do grupo. “Mas não tenho a ilusão de ser um rockstar. O trabalho vai sair na hora certa, até porque o mercado não ajuda.”
Com 51 anos de vida e sem vícios (“não fumo, não bebo”) – declarando-se “com disposição de 25, o Gueminho Bernardes diz que sou um dinossauro com corpinho de jacaré” -, quando não está no palco Tuka passa os dias em sua loja, cuidando do comércio e ouvindo música. Em casa, diz, é apenas “para assistir ao telejornal e ficar triste (risos).” Nada mal para quem diz que sobrevive do rock, o ritmo musical que o alimenta e ajuda a pagar suas contas. “Faço o que eu amo de paixão, tenho uma vida boa, estável, não sou nem rico nem pobre. Mas, como leonino, a gente quer sempre mais. Hoje tenho meu latifúndio, e então fico satisfeito.”