O fim do verão no Hemisfério Norte, que é onde ficam os Estados Unidos, tem como um dos efeitos a escassez de grandes lançamentos no cinema. Afinal, é a terra de Obama que costuma ditar boa parte dos filmes que as pessoas vão assistir, e daí que países com uma produção não tão consistente – caso do Brasil – precisam se virar para preencher a agenda com novidades. Por conta disso, as estreias que chegam à tela escura nesta quinta-feira (12) não são das mais animadoras. Além da continuação de “Vai que cola”, exemplo daquelas comédias genéricas que levam para o cinema um humorístico da TV, as opções são “Abigail e a Cidade Proibida”, coprodução entre Rússia e Estados Unidos, e a cinebiografia “Divaldo – O mensageiro da paz”, sobre a vida do médium Divaldo Franco. Ou seja: se estas não forem a praia do cinéfilo, talvez a melhor opção seja procurar um bom teatro, show, encontrar os amigos para um churrasco, até mesmo ficar em casa.
Podia ser ‘Jogos Vorazes’, mas…
Um dos filões cinematográficos do século XXI são as franquias inspiradas em livros e aventuras juvenis, com adolescentes capazes de liderar rebeliões contra tiranos e sistemas opressores. Se há exemplos bem-sucedidos, como no caso de “Jogos Vorazes”, também não faltam adaptações que fizeram feio em suas pretensões, como “Maze runner”, “Divergente” e, mais recentemente, “Máquinas mortais”. “Abigail e a Cidade Proibida”, de acordo com a crítica, segue o mal exemplo do segundo grupo, principalmente “Máquinas mortais”, com quem tem muitas afinidades – para o mal.
A coprodução entre Rússia e Estados Unidos tem direção de Aleksandr Boguslavskiy e se passa, claro, em um mundo distópico – no caso, parecido com a década de 1930 – em que uma adolescente tem várias perguntas e nenhuma resposta. Abigail (Tinatin Dalakishvili) nasceu em uma cidade fortificada, cercada por muros altíssimos, que foram construídos para impedir que uma epidemia mortal dizimasse a população. Quem serve de olhos para o regime autoritário instalado são os Inspetores, que levam o pai de Abigail quando criança porque ele estaria infectado.
O tempo passa, Abigail continua insatisfeita, achando que tem angu nesse caroço, e aí um belo dia ela descobre que tem poderes mágicos (!), e que não é a única. Ao se unir a um grupo de rebeldes, é revelado a ela que, na verdade, não haveria epidemia alguma, e que os governantes, na verdade, usam a suposta doença para sumir com todos aqueles que manifestam poderes e, assim, manter o status quo.
Não é preciso mais que dois neurônios para imaginar que Abigail vai usar seus poderes para tentar fugir, encontrar seu pai e – claro – derrubar os tiranos.
A força do espiritismo
Filmes religiosos costumam render boas bilheterias para o cinema nacional, e as produções de viés espírita costumam ter um dos públicos mais fiéis. Por isso, é de se esperar que “Divaldo – O mensageiro da paz”, tenha um bom público nas salas que ocupar a partir desta quinta-feira com a história do médium baiano Divaldo Franco.
Com direção de Clovis Mello, o longa não arrisca em sua estrutura narrativa, mostrando a vida do médium a partir da infância – quando teve as primeiras visões -, adolescência e vida adulta, sendo interpretado por João Bravo, Guilherme Lobo e Bruno Garcia, respectivamente. Nessa trajetória, a produção mostra as dúvidas e a confusão de Divaldo em relação a sua mediunidade, até mesmo um pouco de soberba, ganância e deslumbramento com a fama – o que já é um diferencial em relação a outros filmes do tipo, que costumam colocar seus protagonistas e a religião como algo perfeito e infalível.
Outro destaque na história é a presença dos dois espíritos que acompanharam Divaldo durante esse tempo. Um deles, que depois foi revelado ser o espírito de Joanna de Ângelis, é interpretado por Regiane Alves; o outro, obsessor, é papel de Marcos Veras. Quem também chama atenção em “Divaldo – O mensageiro da paz” é Laila Garin, que interpreta a mãe do protagonista.