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‘Quanto vale?’, drama sobre o 11 de Setembro, chega à Netflix

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Michael Keaton e Amy Ryan precisam lidar com a dor e o luto dos parentes das vítimas do 11 de Setembro, história contada em “Quanto vale?” (Foto: Reprodução)

Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, que completam 20 anos no próximo sábado, não passarão em branco no cinema – pelo menos no streaming. “Quanto vale?”, que chegou ao catálogo da Netflix na última sexta-feira (3), conta uma história pouco conhecida pelo público: a luta das pessoas que perderam entes queridos nos atentados para receberem uma indenização justa por parte do governo norte-americano, preocupado que uma avalanche de processos na justiça – fossem individuais ou coletivos – provocasse um colapso ainda maior na economia, já abalada depois dos ataques organizados pelos terroristas da Al-Qaeda, que mataram quase três mil pessoas.
Baseado em fatos reais, o longa dirigido por Sara Colangelo tem como protagonista o advogado Kenneth Feinberg (Micahel Keaton), especialista na mediação de litígios que envolvam indenizações que é convidado a liderar o Fundo de Compensação às Vítimas do 11 de Setembro. Ele acredita que, quando colocadas à mesma mesa para discutirem, todas as partes ouvirão a razão e conseguirão chegar a um acordo, e que os valores indenizatórios oferecidos aos familiares de bombeiros, CEOs de empresas, faxineiros, são razoáveis e justos e serão aceitos pela maioria – para o Fundo ser aprovado pelo Congresso, é preciso uma adesão de pelo menos 80% dos parentes das vítimas.

Há um preço para o luto?

No início do longa, que se passa antes dos atentados, Feinberg está em uma sala de aula e pergunta aos alunos: “quanto vale uma vida?”. Ele mesmo responde: “No que diz respeito à lei, esta pergunta tem uma resposta”. Porém, ao assumir o Fundo de Compensação, o advogado percebe que, apesar de todas as suas boas intenções de oferecer o acordo mais justo a todos, não levou em consideração o fator humano. Como calcular a dor particular de cada um? A vida de um CEO vale mais que a de um policial ou zelador? E o companheiro de um homem gay, numa época em que o casamento entre pessoas do mesmo gênero não era reconhecido? E a situação dos imigrantes ilegais?
Essas questões entram em perspectiva após uma primeira e desastrosa reunião com parentes das vítimas. Um deles é Charles Wolf (Stanley Tucci), que perdeu a esposa quando uma das torres do World Trade Center desabou em Nova York e passa a comandar um grupo que questiona os parâmetros do Fundo de Compensação para calcular as indenizações. Em pouco menos de duas horas, o filme mostra as dificuldades enfrentadas por Feinberg e sua equipe ao lidar com os entraves burocráticos, a pressão governamental, os lobbies que defendem os interesses dos parentes das vítimas mais ricas, e o quanto o contato com as histórias de quem perdeu uma pessoa amada pode afetar os envolvidos em oferecer os acordos – em especial o protagonista, confrontado com a realidade de que estava lidando com seres humanos, e não apenas com números.
“Quanto vale?” poderia cair na vala comum do sentimentalismo barato – afinal, não faltam no longa depoimentos de partir o coração –, mas a direção de Sara Colangelo e o roteiro de Max Borenstein não deixam que o filme não se transforme num drama rasteiro. Há revolta, consternação, desespero, tristeza profunda, mas sempre contida pelo luto de quem, mais do que dinheiro, quer apenas que seus entes queridos não sejam esquecidos.
E vale destacar a atuação do trio de protagonistas: Michael Keaton mostra seu talento ao interpretar um advogado bem-intencionado que se guia, no início, apenas pela razão, enquanto Stanley Tucci é a “voz da consciência” que mostra ser possível outro caminho. E Amy Ryan, que interpreta a sócia de Feinberg, talvez seja o “coração” do filme, ao perceber desde o início como cada história que lhe é contada carrega uma dor que nenhum dinheiro do mundo pode compensar.

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Tragédia sem precedentes

Fato histórico mais importante do século XXI, os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 mudaram o mundo de uma forma que apenas eventos como a Segunda Guerra Mundial e a queda do Muro de Berlim haviam conseguido anteriormente. Na ocasião, 19 homens sequestraram quatro aviões de passageiros com o objetivo de atirá-los contra alguns dos mais representativos ícones dos Estados Unidos: dois deles atingiram as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, que colapsaram em menos de três horas; um terceiro caiu sobre o Pentágono, em Washington; e o último, que deveria atingir a Casa Branca, caiu na Pensilvânia quando os passageiros reagiram e lutaram contra os terroristas. Quase três mil pessoas morreram em poucas horas.
O mundo parou para assistir à queda do World Trade Center. Até hoje, muitos se lembram onde estavam e o que faziam no momento em que as emissoras de TV começaram a transmitir o que acontecia nos Estados Unidos, uma tragédia sem precedentes tanto pelo número de vítimas como pela forma como os ataques foram organizados, com aviões civis se tornando armas de destruição em massa.
Duas décadas depois, as imagens do 11 de Setembro são capazes de chocar e mostrar a dimensão da maldade do ser humano, mas também de sua solidariedade frente a uma tragédia sem escalas em nossa História.

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