O cantor e compositor Luizinho Lopes realiza sua primeira live neste sábado (11), às 20h, em seu canal no YouTube. A apresentação, porém, será especial, pois acontece em São João Nepomuceno, no estúdio do maestro, pianista e compositor Ricardo Itaborahy, diretor musical dos três últimos álbuns de Luizinho (“Falas perdidas”, de 2017; “Pé de letras”, de 2019; e “Dossiê40”, lançado este ano) e que se apresentará com o amigo de longa data.
Luizinho adianta que a apresentação deve ter 14 músicas e durar cerca de uma hora, passando por várias fases de sua carreira e incluir três novas composições. Quanto a próximas lives, nada garantido por enquanto, mas deve ser feita pelo menos mais uma com Ricardo Itaborahy e outra com Daniel Drummond, no Rio de Janeiro, em seu estúdio caseiro.
“Ricardo é o secretário de Cultura de São João Nepomuceno, por isso tem participado de alguns fóruns, participou de uma live do Emmerson Nogueira. Quando perguntei se toparia participar de uma comigo, ele sugeriu fazer no estúdio da casa dele, com a devida distância. Irei para São João no sábado”, diz, acrescentando que a dupla está consciente sobre os protocolos a serem tomados.
“Nós sabemos que essa não é uma gripezinha qualquer. O Ricardo está totalmente isolado, assim como eu. Acredito que não teremos problema nenhum, pois seguiremos todos os protocolos de saúde. Contratamos duas pessoas para cuidar do áudio e vídeo, pois queremos fazer uma live de qualidade para o público, com a melhor estrutura possível, mas eles estarão com máscaras e tomarão todos os cuidados necessários. Estou muito feliz por fazer essa live. Como diz o (percussionista) Bré Rosário, a gente não pode ficar sem tocar, a gente gosta de estar no palco, mesmo que seja virtual. Porém, será a oportunidade de ter uma audiência ainda mais expressiva.”
Novo projeto
Como Luizinho já antecipou, a live terá três novas composições: “Epicentro”, mais antiga, e duas compostas durante o período de isolamento e distanciamento social, “Xeque-mate” e “Varanda” – esta última a partir de um texto do filho, o jornalista Vitor Bara. Elas fazem parte, inclusive, de um novo projeto pensado pelo artista durante a pandemia, que já tem nome: “Sintoma”.
“É um projeto que vai juntar música, teatro e cinema. Já compus seis músicas no total, e será uma reflexão sobre a classe artística durante a pandemia de peste negra no século XIV, que vimos no filme ‘O sétimo selo’, do Ingmar Bergman. Na época, a doença era passada pelos ratos, e hoje, a transmissão é entre humanos, o que provoca esse isolamento. Os artistas hoje estão isolados como todos, sem poder se apresentar.”
Ele conta, ainda, que o novo projeto surgiu não só pela influência da nova realidade, mas também pelo fato de ter mais tempo para trabalhar em novas músicas. “Estou compondo muito mais que normalmente, porque durante o dia estou em regime de teletrabalho, como servidor público, mas chega a noite, o fim de semana, feriado, fico em casa compondo; até surgiu a ideia desse espetáculo sobre a pandemia.”
O tempo isolado já rendeu a meia dúzia de novas composições inspiradas pela pandemia, inclusive a já citada “Varanda”, em parceria com o filho Vitor Bara. “Ele escreveu um texto superbonito, que é uma crônica sobre essa nova performance da varanda, a nova simbologia que ela ganhou na pandemia, pois muitas coisas estão sendo feitas lá. A pessoa está presa em casa e a varanda se torna a via de escape, de liberdade, para poder observar o mundo”, nota Luizinho, que precisou ajustar o texto para a métrica da música. “Foi um desafio pra mim, pois a música levanta muitas questões. Ficou uma coisa interessante.”