“Adoráveis mulheres”, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9), é uma das incontáveis adaptações do romance “Mulherzinhas”, de Louisa May Alcott, publicado pela primeira vez em 1868. Além de levada ao teatro, à televisão, ao mundo da ópera e a uma animação japonesa, a história já ganhou inúmeras versões no cinema, com títulos diferentes. Dentre as mais conhecidas, a primeira delas foi lançada em 1918, ainda na época do cinema mudo; depois, em 1933, Katharine Hepburn foi a estrela da versão dirigida por George Cukor, indicada ao Oscar de melhor filme (e vencedora na categoria roteiro); outra adaptação, de 1949, faturou o Oscar de direção e arte; depois, em 1994, foi realizada mais uma releitura, com um elenco com os nomes de Winona Ryder, Susan Sarandon, Christian Bale, Kirsten Dunst, Gabriel Byrne, Claire Danes e Eric Stoltz. A produção recebeu três indicações ao Oscar.
A nova adaptação, dirigida por Greta Gerwig (“Ladybird”), chega ao mesmo tempo que uma enxurrada de novas reedições da obra, há décadas em domínio público. O elenco também é estelar: Saiorse Ronan (Josephine “Jo” March), Emma Watson (Meg March), Eliza Scanlen (Beth March), Florence Pugh (Amy March), Laura Dern (Margaret March), Meryl Streep (Tia March), Timotheé Chalamet (Laurie), Bob Odenkirk (Senhor March, patriarca da família das protagonistas) e Chris Cooper (Senhor Laurence).
Lançado no final de dezembro nos Estados Unidos a fim de entrar na temporada de premiações, o longa recebeu duas indicações ao Globo de Ouro (levou nenhuma), está indicado a melhor roteiro adaptado na premiação do Sindicato dos Roteiristas da América e a melhor produção cinematográfica do ano no Sindicato dos Produtores da América. A expectativa é que “Adoráveis mulheres” ainda consiga algumas indicações ao Oscar, que anuncia sua lista na próxima segunda-feira. De acordo com o site IMDb (Internet Movie Database), a produção custou cerca de U$ 40 milhões; segundo o site especializado em bilheterias Box Office Mojo, o filme já faturou quase U$ 82 milhões ao redor do mundo, sendo US$ 61 milhões nos Estados Unidos e US$ 20 milhões nos mercados internacionais.
Vai e volta
Com tantas adaptações da história, Greta Gerwig desenvolve a narrativa em duas linhas temporais básicas, usando flashbacks para contextualizar o “momento presente” – no caso, o final da década de 1860 – das protagonistas. Mas quem já leu o livro pode ficar tranquilo, pois o básico está lá. Nos Estados Unidos divididos pela Guerra Civil, quatro irmãs unidas precisam lidar com a ida do pai (Odenkirk) ao combate, enquanto têm em casa a companhia da mãe (Dern) e também da tia (Streep).
Cada uma delas, porém, tem sonhos diferentes, a maioria na contramão da sociedade machista da época. “Jo” March (Ronan) quer ser escritora, mas não de histórias água-com-açúcar; sua maior inspiração, inclusive, é contar a vida ao lado das irmãs. Beth (Scanlen) sonha em ser uma pianista, mas contrai escarlatina; Amy (Pugh) tem talento para as artes plásticas, enquanto Meg (Watson) poderia seguir a carreira de atriz, mas, sendo a mais “tradicional” do quarteto, troca um futuro imprevisível pela segurança do casamento. Outra presença importante é de Laurie (Chalamet), que apesar de apaixonado por “Jo” acaba por se envolver com Amy.
Com as idas e vindas temporais, “Adoráveis mulheres” passa por todo o período de crescimento das protagonistas, saindo da adolescência e chegando à fase adulta. Dessa forma, a produção mostra os destinos das quatro irmãs, aproveitando dos flashbacks para mostrar tanto seus sonhos quanto as pressões pelas quais passaram, além das decisões – ou falta delas – que fizeram cada uma seguir caminhos diferentes. Para isso, a diretora contou com a trilha sonora do compositor francês Alexandre Desplat (“A garota dinamarquesa”, “O jogo da imitação”) e figurinos de Jacqueline Durran (“Anna Karenina”, “Desejo e reparação” e “A Bela e a Fera”).