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Dança, teatro e performances se encontram em “teatro provocativo”

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“Plástico bolha”, uma reflexão sobre as relações humanas, será reapresentado pelo Corpo Coletivo no CCBM (Foto: Pedro Oldi/Divulgação)

Criado em 2013, o grupo Corpo Coletivo surgiu com a intenção de criar o que ele chama de “teatro provocativo”, aquele que tira o espectador de sua zona de conforto, vai além do conceito tradicional das artes cênicas e busca deixar sua marca no público após as apresentações. Além disso, marca sua presença física na cultura juiz-forana com o espaço OAndarDeBaixo, aberto há dois anos e meio no centro da cidade, na Rua Floriano Peixoto, que recebe atividades dos mais diversos gêneros artísticos. Para celebrar todas essas atividades, o coletivo de artistas realiza, a partir desta quinta-feira (8), o evento “PERFORMAÇÃO – Encontro de teatro provocativo”. Reunindo atrações que incluem teatro, dança, performances — algumas delas num processo de convergência —, os espetáculos serão apresentados até domingo (11) tanto n’OAndarDeBaixo quanto no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM).

O evento, em sua primeira edição, procura ter um recorte de acordo com o perfil apresentado durante todos estes anos pelo Corpo Coletivo, como explica o mais novo integrante do grupo, Gustavo Melo. “Acreditamos que nosso teatro tem essa característica de provocação, que trabalha diversas questões estéticas, por isso fomos atrás de quem busca essas misturas de linguagens, seja teatro, dança, performance, e isso se reflete na programação. É nossa forma de tentar contribuir para esse debate.”

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Espetáculos em casa — e até mesmo no teatro

Letícia Nabuco provoca no espetáculo de dança contemporânea “De novo” (Foto: Divulgação)

O “PERFORMAÇÃO” terá sete apresentações de cinco espetáculos. O primeiro deles, marcado para as 19h desta quinta (8), é o retorno de “INcômodos”, peça que não é encenada no teatro, e sim nas casas de pessoas que demonstraram previamente interesse em receber a encenação. A peça de teatro performativa também acontece na sexta-feira (9) e no sábado (10) no mesmo horário.

“É um desafio estar na casa de alguém desconhecido, lidar com aquele cenário, afinal não mudamos nada no ambiente. As cenas acontecem de acordo com o espaço e as pessoas convidadas (pelo anfitrião)”, explica. “É ainda mais intimista, por isso mesmo provocativo. Conversamos com o público e sempre temos um feedback diferente de cada um. Afinal, é um discurso direto, olho no olho, até porque pedimos que convidem dez, 15 pessoas no máximo. Por tudo isso, é quase inédito toda vez que é apresentado.”
Ainda na quinta-feira, OAndarDeBaixo recebe, às 20h, “Rastro: Uma peça de dança”, com Angela Nabuco, Carú Rezende, Isadora Verly e Silvana Marques. Às 21h, acontece a mesa de discussão “Percursos formativos”, com Hussan Fadel, Letícia Nabuco e Leonardo Munk.

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O monólogo “Orlando, um prólogo”, de Belo Horizonte, discute a obra de Virginia Woolf (Foto: Divulgação)

Na sexta-feira (9), além do repeteco de “INcômodos”, o CCBM recebe, às 20h, o espetáculo de dança contemporânea “De novo”, com Letícia Nabuco. “Letícia volta depois de três anos, pois durante esse período ela foi investigar outras linguagens, buscar outros momentos. Como se trata de um espetáculo provocativo, é impossível sair indiferente”, destaca Gustavo Melo. Já no sábado (10), às 19h, o CCBM será palco da única peça inédita da programação. “Orlando, um prólogo”, vem de Belo Horizonte e é monólogo interpretado pela atriz Ludmilla Ramalho. “A proposta da peça é discutir a obra escrita por Virginia Woolf. A Ludmilla tenta trazer para o palco o fluxo de consciência de quem leu ‘Orlando'”, conta Gustavo.

O encerramento, no domingo (11), às 20h, será com “Plástico bolha”, texto do jornalista Mauro Morais que será apresentado mais uma vez pelo Corpo Coletivo. “O tema principal da peça são as relações humanas nos dias atuais, como se modificaram. É um texto belo, contundente, afiado como navalha, que traz uma reflexão, você vai para casa com ele. É urgente, ainda mais neste momento histórico e político que vivemos; ele mostra o humano que podemos vir a nos tornar, e também como podemos recuperar essa humanidade que estamos perdendo.”

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Temas para provocar e instigar

As atrações do “PERFORMAÇÃO” passam por temas como solidão, gênero, relações humanas, nascimento, crescimento e morte. “Não negamos a importância do teatro clássico, mas queremos somar. Para nós, o ‘provocativo’ é colocar o público num outro limite. Queremos atingir a sensibilidade das pessoas, seja pelo olhar, pela imagem, do que acontece em cena a partir desse diálogo com a dança e a performance. São artes complementares e que esperamos que afete o público, seja pelo afeto como carinho ou afetar suas reações, mesmo que elas não gostem do que viram. É sempre importante lembrar que a arte não pode ser cerceada, censurada, colocada num nicho. Ela é feita para pensar, refletir, discordar, evoluir, mas jamais silenciar. Arte é diálogo”, observa Gustavo Melo.

Uma das fundadoras do grupo, Carú Rezende destaca o fato de o Corpo Coletivo ter conseguido fazer teatro de forma independente durante todo este tempo. “É muito positivo e significativo para nós, ainda mais num contexto em que a cultura tem sido desvalorizada, e prosseguimos com o apoio de pessoas que têm sido nossas parceiras. E tem o OAndarDeBaixo, que é um espaço em que podemos apresentar nosso trabalho, receber pessoas, é o que ajuda a disseminar uma produção diversificada. É um novo desafio, uma nova vitória a cada dia, sempre acreditando no potencial que a arte tem de transformação e de afeto das pessoas.”

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‘PERFORMAÇÃO – Encontro de teatro provocativo’
De quinta (8) a domingo (11), no CCBM (Av. Getúlio Vargas 200) e n’OAndarDeBaixo (Rua Floriano Peixoto 37). Programação completa na página do Facebook de OAndarDeBaixo.

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