Planeta Terra, cidade Juiz de Fora. Assim como diversos centros urbanos espalhados por este mundo, JF City sofre com suas mazelas cotidianas, tanto as particulares quanto aquelas que refletem a crise social, política e econômica que assola o país. Terreno fértil para as rimas e as batidas do rap e do hip-hop, que resultam na criação/existência de coletivos como o Selvabronx, na ativa desde 2012 e que trabalha para gravar o seu primeiro álbum. O aperitivo do que virá por aí pode ser ouvido desde outubro por meio do projeto RADiO, tocado por dois dos sete integrantes do Selvabronx, Breno Calixto e Yanvito. Lançado por meio do selo independente Matilha Abandonada Records, “Rádio! Vol. 1” trata de temas do dia a dia e questões particulares em suas quatro canções, entre elas “Tempestade e amor” e “Observe minhas conta$ paga$”. O EP pode ser ouvido no canal do projeto no YouTube e também no SoundCloud, com direito a download gratuito para quem se ligar com mais firmeza no verbo e melodia da dupla.
Uma das metades da maçã musical, Breno Calixto conversou a respeito de “RADiO Vol. 1” com a Tribuna. Segundo ele, o EP foi gravado em apenas um final de semana, em agosto, no seu apartamento no Rio de Janeiro – onde vive atualmente – em um home studio. Breno foi o responsável pela parte instrumental, gravação, mixagem e masterização, enquanto Yanvito cuidou das letras e dos vocais. “A ideia do projeto surgiu em junho, então a questão era fazer as batidas, escrever as letras e gravar. Como ele continua morando aqui em Juiz de Fora, tínhamos que gravar tudo em um final de semana. Deixamos as composições prontas, então foi chegar e gravar”, conta Calixto.
Ainda de acordo com Breno, “RADiO! Vol.1” é trabalho que tenta expressar nas letras e nas batidas o cotidiano vivido pela dupla. “O rap é conhecido por expressar o dia a dia, retratar a realidade. A gente buscou retratar um pouco do que está acontecendo atualmente, essa crise social, política e econômica que estamos passando. Isso nos afetou e foi retratado nas músicas, e queremos provocar isso nas pessoas, o sentimento de mudança, de que você pode correr atrás se quiser mudar, ter iniciativa. É buscar abrir a cabeça das pessoas para não ficarem alienadas”, explica. “Colocamos muito sentimento nessas músicas, deixamos as impressões tomarem conta. A última música (‘Revide/Outro’) é muito sentimental, muita gente diz ter se arrepiado com ela”, revela, acrescentando que todo o processo de composição e gravação foi marcado pela espontaneidade. “Nós compusemos tudo muito rápido e mudamos quase nada, o que está ali é basicamente o original.”
A prévia do coletivo
Breno Calixto fala, ainda, a respeito do futuro álbum de estreia do coletivo Selavabronx. Com o nome “Infinito ad aeternum”, ele deve ser lançado em 2017. “O projeto veio para introduzir o que está por vir no álbum. Somos sete integrantes no coletivo e trabalhamos no disco há três anos”, diz, ressaltando que o fato de o EP ter sido gravado por apenas dois integrantes do Selvabronx acaba por salientar alguma diferença entre o que pode ser ouvido e o que virá no futuro. “A essência e o propósito são os mesmos, mas há algumas sutis diferenças. O coletivo tem batidas mais pesadas, enquanto que o som do EP ficou mais leve, melódico, sentimental. Além disso, as letras do Selvabronx são mais underground, ao mesmo tempo também sentimentais.”
Vivendo atualmente na ponte Rio/JF City, Breno Calixto encontra tempo para uma breve análise entre o que rola na maior cidade da Zona da Mata e a capital fluminense. “O público de Juiz de Fora começou a ter a visão de que um grupo pode se fortificar, enquanto que no Rio ainda existe aquela sensação do ‘cada um por si’, apesar de ter alguns coletivos. Aqui, essa visão (de coletivo) é mais forte”, acredita o músico, que aproveita para convidar quem se interessar pelo som do Selvabronx para assistir ao show do coletivo no próximo dia 18, no Pub’s, que fica no bairro Aeroporto.