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A cultura e alimentação defendida pelo MST na Praça Antônio Carlos

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Grupo Ingoma é uma das cerca de 20 atrações do evento. (Foto: divulgação)

No encontro entre o campo e a cidade, a mistura de pensamentos e estilos de vida se apresenta de maneira marcante. Em meio à socialização da produção cultural, a exposição de costumes típicos é uma das formas de manifestação política e identificação cultural daqueles que participam. O cenário descrito é parte do que os visitantes do Circuito Mineiro de Arte e Cultura da Reforma Agrária encontrarão na Praça Antônio Carlos, entre sexta-feira (8) e domingo (10), das 8h às 20h, com mostras artísticas dos assentamentos e acampamentos da região, comidas típicas e produtos agroindustrializados e naturais.

Com o tema “Alimentar a luta, cultivar a arte”, o evento é organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e encerra as atividades realizadas em 2017 pelo grupo. Neste ano, o circuito passou por seis regiões do Estado de Minas Gerais, levando atrações artísticas gratuitas, em mostras de alimentos orgânicos, rodas de conversa sobre assentamento, luta pela terra e vários debates políticos abordando a importância da alimentação saudável.

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Durante os dias do evento, haverá mostras artísticas dos assentamentos e acampamentos da região, como exposição de poesia, comidas típicas, além de uma feira que propõe oferecer produtos agroindustrializados e naturais, em transição agroecológica e orgânicos a preços acessíveis para a população. De acordo com a assentada MST da Zona da Mata e responsável pelo evento, Elis Carvalho, o circuito traz a interface entre a luta política e essas manifestações culturais dos assentados e das cidades mineiras visitadas. “O movimento desde o seu surgimento se preocupa em garantir a identidade e a cultura camponesa, sempre pensando para além de teatro, cinema, mas na dimensão do que a gente pode construir na cultura contra hegemônica, pensando muito na questão na produção de alimentos saudáveis, para nós e para sociedade, discutir a reforma agrária.”

Arte de raiz

MC Xuxu mostra sua luta com irreverância. (Foto: divulgação)

Cerca de 20 atrações culturais, de projeção estadual e regional estão previstas, como Pereira da Viola, Aline Calixto, MC Xuxu e Grupo Ingoma, que pesquisa as manifestações artísticas do Tambor Mineiro, tendo como foco a tradição do congado. A caixa de folia ou tambor mineiro compõe, com outros (patangomes e gungas), a instrumentação necessária para a elaboração dos ritmos e levadas. Isto carrega parte do interior do estado, do cerne da mineiridade, aliados aos pilares do grupo, como educação musical, cultura, corpo e arte.

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Para o músico do grupo Lucas Soares, a iniciativa vai ao encontro do que é a tradição do Congado, ligadas à questão da terra e preservada por populações ribeirinhas e por diversos assentados no Norte de Minas. “Trazer essa arte para o centro da cidade, poder divulgar e difundir, atrelado ao movimento, é maravilho. A proposta vai para além da ideologia, mas para o tipo de arte que é feito no campo e nos assentamento, de valorizar uma outra forma de alimentação, de ter uma alimentação saudável.”

O evento reúne a resistência de todos os cantos em prol da construção de um sociedade que faça as pessoas se sentirem bem. É o que afirma a pioneira do “transfunk”, MC Xuxu, artista com raízes no rap que mistura irreverência e luta, com forte referência à vida das mulheres negras trans. “Quando tem muita gente resistente no mesmo lugar, isso torna o lugar restaurador, mais fortalecido, fazendo com que pessoas como eu saiam de suas casas para frequentar o evento na cidade, se sentindo bem.”

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Comida com gosto de luta

Para o MST, o processo de produção de alimentos é entendido como uma forma de cultura, desde o plantio ao momento do preparo. Uma diversidade de sabores típicos e alimentos produzidos por membros do movimento nos assentamentos, acampamentos e agroindústrias estará exposta para os visitantes, representando uma das principais bandeiras do grupo: a importância de consumir alimentos saudáveis, cultivados também por meio da agricultura familiar.

De acordo com Elis, o objetivo é debater junto à sociedade do campo e da cidade sobre a necessidade de garantir o acesso à terra e aos alimentos produzidos naturalmente, promovendo não só o debate político, mas também a necessidade de trazer em pauta a produção de alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos. “Nesse sentido, é que queremos garantir comida boa de qualidade. É uma das formas de nos reconhecermos, dialogarmos e transformarmos a sociedade a partir da nossa luta, que também inclui a reforma agrária.”

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Circuito Mineiro de Arte e Cultura da Reforma Agrária
De sexta-feira (8) a domingo (10), das 8h às 20h, na Praça Antônio Carlos

 

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