Se os piromaníacos do obscurantismo e do horror à cultura continuam com seu modus operandi de terra arrasada, querendo que tudo vire pasto para reles consumo pasteurizado, pelo menos a árvore do rock feito em Juiz de Fora mantém suas raízes firmes e continua a espalhar seus galhos – desta vez, pela seara da música instrumental. No mais que clássico e primordial formato guitarra-baixo-bateria, o power trio Tarantina lança neste sábado (7), às 21h (abertura da casa), na Necessaire, o seu EP de estreia, que leva o nome da banda. A noitada ainda terá duas bandas que apostam no formato power double (isso mesmo, dupla nada caipira) para levar o seu som para as massas, o Double Shot e o Container Blue.
Ah, e para mostrar que as pedras continuam rolando, as bandas Obey! e Alles Club lançaram novos videoclipes recentemente, mantendo a árvore em pé em meio às tempestades que teimam em podar o fazer artístico.
Show autoral e referencial
Além das seis faixas do EP, a apresentação terá releituras de artistas como Audioslave, Nirvana, Kadavar e até Marilyn Manson. “O show promete ser bem energético”, avisa o baterista Douglas Rodrigues (bateria), que também integra a Obey! e na Tarantina tem a companhia de Janderson Casanova (guitarra) e Caio Borges (baixo). “Mexemos nas estruturas das músicas e nos preparamos para não deixar ninguém parado durante o show. Todos os três instrumentos conversam e brincam entre si o tempo todo, trazendo uma dinâmica de show muito interessante.”
Formada no final de 2016, a banda, ainda no início, chegou a experimentar um formato com vocais, mas o instrumental acabou casando melhor com o som “áspero, cru e visceral” que pode ser ouvido no debutante EP, gravado em agosto no estúdio Rise Together com Tierez Oliveira, responsável pela gravação e mixagem, e produção do grupo. Por enquanto, elas podem ser ouvidas na página do trio no YouTube e Soundclud, mas com pretensões de ampliar as opções para outras plataformas de streaming. Dentre as influências dos rapazes, o stoner europeu de Kosmodron, Iah, Naxtarras, “e bebemos muito também da fonte máxima, que é o Black Sabbath.”
“Todo mundo está num momento em que precisa se expressar, sem muito interesse em tocar música dos outros, e sim em criar. A escolha pelo instrumental veio naturalmente, já que somos todos instrumentistas com alguma bagagem para trás”, explica o baterista. “O que não impede que amanhã apareça alguém que encaixe a química com o resto da banda, e a Tarantina ganhe uma voz. Somos totalmente abertos a isso, mas ainda não aconteceu.”
Tarantina + Double Shot + Container Blue
Neste sábado (7), às 21h (abertura da casa), na Necessaire (Rua Halfeld 395 – Centro)
Registros audiovisuais
O rock juiz-forano continua apostando na visibilidade através do audiovisual, e duas bandas locais acabam de colocar na praça dois novos trabalhos. A banda-mãe de Douglas Rodrigues, a Obey!, lançou no final do mês passado o videoclipe de “Dança”, enquanto a Alles Club chega com o registro ao vivo de “Canção da volta”.
“Dança”, da Obey!, foi lançado em 27 de agosto e pode ser conferido na página do grupo no YouTube. A canção, que faz parte do álbum “Da tempestade ao sol” (2017), teve o apoio da Impulso.hub e direção de Daniel Couto, e é o desdobramento da ideia inicial, que seria apenas um lyric video. Com a aposta na estética do preto e branco, a banda explica que a intenção é que o telespectador privilegie sua atenção à música e à letra, que fala da iluminação a partir da autoconfiança.
Já a Alles Club aproveitou para registar o show que marcou a suspensão temporária das atividades da banda, realizado em março na Necessaire, e lançou na última quarta-feira (4) o videoclipe de “Canção da volta”, uma das músicas que integrou o setlist da apresentação. Com direção de Rafael Ski, também responsável pelas projeções interativas – uma instalação colaborativa/interativa/multi-sensorial – que separou banda e público por meio de um pano, que serviu de tela de projeção para as imagens. Viagem sonora e visual com mais de nove minutos de duração, “Canção da volta” mostra não apenas as projeções, mas também a banda em ação e a reação do público.