Editado pelo selo independente Moinhos, de Belo Horizonte, o livro “Sorte” deu à escritora de Guarani (MG) radicada em Londres Nara Vidal o terceiro lugar na edição deste ano do prêmio Oceanos, o principal a contemplar a língua portuguesa em todos os países falantes. De maneira inédita, a edição premiou as três únicas mulheres finalistas. A angolana Djaimilia Pereira de Almeida levou o primeiro lugar, com seu “Luanda, Lisboa, Paraíso”, que acaba de ser publicado no Brasil pela Companhia das Letras. E a portuguesa Dulce Maria Cardoso foi contemplada com o segundo lugar, por “Eliete”. Djaimilia receberá R$ 120 mil, enquanto Dulce ganhará R$ 80 mil, e Nara, R$ 50 mil.
“Dedico este prêmio a todas as mulheres que não têm voz e não têm vez, que são apagadas, massacradas pela História que insistem em nos contar. Mulheres que são do passado, do presente e, infelizmente, mulheres do futuro”, disse Nara, em transmissão posterior ao anúncio do prêmio, no Itaú Cultural, em São Paulo. Seu “Sorte” narra a história da família Cunningham, que se muda para o Brasil em 1827, vinda da Irlanda. No novo país, diferentes mulheres se encontram, denunciando uma opressão que se apresenta no passado tal qual no presente.
“Com uma linguagem austera, reduzida ao osso da palavra, o romance de Nara Vidal aborda a imigração para o Brasil no século XIX e a degradação da mulher em um ambiente marcado pela escravidão e pelo racismo”, ressaltou o júri, composto por três brasileiras, as escritoras Maria Esther Maciel e Verônica Stigger, e a crítica literária Eliane Robert Moraes, além de dois portugueses, o poeta Daniel Jonas e o crítico literário Manuel Frias Martins. Além das vencedoras, chegaram à final os escritores brasileiros Cristóvão Tezza, Gustavo Pacheco, Mauricio Lyrio e Nei Lopes; o angolano Pepetela; e os portugueses João Tordo e José Gardeazabal. Este ano o Oceanos recebeu 1.467 inscrições de livros de 314 editoras de dez países.países.