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Diretor de teatro Henrique Simões morre aos 68 anos

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(Foto: Divulgação)

Há cerca de sete meses, já bastante debilitado, com andar lento e muito mais silencioso, Henrique Simões aceitou o convite da Tribuna para um encontro entre diferentes gerações das artes cênicas locais. O assunto era caro ao ator e diretor que, ao longo de sua atuação, nunca se eximiu do debate, principalmente quando ele retratava o Teatro Paschoal Carlos Magno. Para Simões, tanto o polêmico espaço cujas obras demoraram mais de três décadas para serem finalizadas, quanto as questões acerca do fomento das artes na cidade despertam para a necessidade de criação de soluções alternativas. Tudo para não estagnar.

Na quinta-feira (4), no entanto, Francisco Henrique Simões Cardoso de Melo parou, aos 68 anos. O corpo do ator e diretor de teatro foi sepultado na sexta-feira (5) no cemitério Parque da Saudade. Simões lutava contra um câncer e estava hospitalizado há cerca de um mês. Ele era viúvo e deixou duas filhas e dois netos.

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Natural de Belo Horizonte, Henrique mudou-se para Juiz de Fora ainda na juventude. Na cidade, estudou na Academia de Comércio e no Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), instituição na qual se licenciou em Educação Artística e fez pós-graduação em Comunicação e Arte do Ator.

Ele foi diretor do grupo Sensorial Teatro & Boneco Vivo, criado em 1972 e reconhecido por montagens vanguardistas, como as de “Missa leiga”, de Chico de Assis, e “Um grito parado no ar”, de Gianfrancesco Guarnieri. Efervescente, o Sensorial possibilitou que Simões vencesse, como melhor diretor, por três anos consecutivos, de 1973 a 1975, o Prêmio Municipal de Teatro, promovido pela Secretaria de Cultura da Prefeitura de Juiz de Fora. No primeiro ano, destacou-se, também, como ator.

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“A parte de interpretação é a mais difícil, pois a passagem de uma fala do texto para a voz do ator é uma coisa complexa. A desinibição é o ponto mais importante para um ator”, comentou ele na edição da Tribuna de Minas de 2 de março de 1983.

Em 1995, Henrique Simões subiu ao palco inacabado no Teatro Paschoal Carlos Magno para dirigir “Os sobreviventes”, interpretando textos de Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Chico Buarque e outros grandes. A apresentação histórica fazia uma revisão do espetáculo que havia encenado sozinho dez anos antes.

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“É uma coisa ingrata trabalhar com teatro em Juiz de Fora. O principal problema é dinheiro, então você tem que investir numa montagem sem saber o que vai acontecer. Montar uma peça em Juiz de Fora é um investimento com alto risco”, pontuava o artista já em 1983, com a crítica que sempre lhe foi característica.

Intelectual atuante na cena, Simões ajudou na elaboração do Plano Municipal de Cultura e, por diversas vezes, contribuiu com a Funalfa, sendo parceiro na realização de eventos, como o Ato, o Festival Nacional de Teatro de Juiz de Fora e o Festival de Cenas Curtas, entre outros, atuando como jurado, crítico e consultor.

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Em nota, a Funalfa lamentou o falecimento e ressaltou que o ator e diretor deixou uma rica contribuição na área de dramaturgia e também no segmento das artes plásticas. “Talentoso e de personalidade combativa, tornou-se um importante representante da cultura de Juiz de Fora. Além das muitas oportunidades em que encenou peças da cidade e do resto do mundo, Henrique Simões influenciou a formação de várias gerações de atores, produtores e diretores”, destacou a nota.

Para o diretor de teatro José Luiz Ribeiro, seu amigo de longa data, Simões foi um grande lutador, principalmente em prol do teatro local. “Ele foi meu aluno, e pude orientá-lo em sua especialização. Tínhamos uma relação muito legal, mas com alguns embates, já que ele era ariano. Na velhice, ficamos mais próximos. Pegamos os anos de chumbo, uma época muito difícil para o teatro. Neste sentido, Simões deu uma grande contribuição e cumpriu com sua tarefa, que era combater com o combate. Em sua história, ele coleciona espetáculos bem performáticos e contestadores.”

Ainda segundo José Luiz, Simões atuava também como artista plástico, com obras bem apuradas, mas pouco mostradas por ele. Sempre ligado às artes, Henrique também gostava de matemática. Entre os anos de 1970 e 1973, ele chegou a cursar três anos da graduação em matemática na UFJF. Por muito tempo, atuou como professor da disciplina no Colégio Santa Catarina e no Opção. Além de professor de matemática e física, ele ensinou artes no ensino público municipal e estadual e na rede particular.

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