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Van Damme está de volta em ‘O último mercenário’

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Van Damme interpreta o mercenário Richard Brumère, que vira bicho quando mexem com sua família (Foto: Divulgação)

A primeira cena de “O último mercenário” já diz tudo que o público precisa saber: Jean-Claude Van Damme e seu famoso espacate (mesmo que fake) estão de volta. Isto posto, os próximos 110 minutos do longa francês, que estreou na Netflix em 30 de julho, são o puro suco da nostalgia para quem conheceu o astro belga nos clássicos filmes de ação do final dos anos 80 até meados da década de 1990, quando lotava cinemas – pelo menos no Brasil – e era um dos reis das locadoras.
Antes de escrever sobre o filme, porém, é preciso explicar ou relembrar a importância do ator para toda uma geração. Também conhecido como “Os Músculos de Bruxelas”, Van Damme é especialista em várias modalidades de artes marciais e foi dublê do indestrutível Chuck Norris antes de surgir em “Retroceder nunca, render-se jamais” (1986), em que interpretou o vilão russo canastrão da vez.
Dois anos depois, veio o clássico “O grande dragão branco”, seguido por sucessos como “Cyborg – O dragão do futuro”, “Kickboxer – O desafio do dragão”, “Garantia de morte”, “Leão branco – O lutador sem lei”, “Duplo impacto”, “Soldado universal”, “Timecop”, “O alvo” e outros tantos, antes de ser o protagonista de “Street Fighter” e ver sua carreira iniciar um longo declínio. A aura de ícone da cultura pop só foi recuperada graças a “JCVD” (2008), sua participação em “Os mercenários 2” (2012) e à série “Jean-Claude Van Johnson” (Prime Video, 2017).
O “esta é sua vida” de Van Damme é necessário para entender como um filme tão desprovido de lógica em sua execução pode ser irresistível de assistir, mesmo que igualmente esquecível. O belga interpreta o ex-agente secreto francês Richard Brumère, também conhecido como “A Névoa”, que sumiu do radar há 25 anos depois de fazer um acordo com o governo que deu imunidade e uma mesada vitalícia para seu filho, Archibald (Samir Decazza), desde que Brumère ficasse de boca fechada e desaparecesse.
O arranjo funciona até o dia em que um burocrata do governo (Alexandre Lazare), sem saber, cancela a pensão e a imunidade do jovem. Até aí tudo bem, o rapaz poderia ter que se virar por conta própria, mas o problema é que um funcionário corrupto do governo francês (Eric Judor) e o príncipe de um país fictício (Nassim Lyes) usavam a identidade e a imunidade do filho de Brumère para traficar armas – incluindo aí a venda de uma tecnologia capaz de desequilibrar guerras -, e quando a proteção governamental acaba Archibald é levado preso. Ao saber do ocorrido, Richard volta à França para libertar e inocentar o filho, além de tentar desmascarar os verdadeiros criminosos com a ajuda de um grupo de amadores.

Sexagenário bom de pé-na-cara

A trama de “O último mercenário” tem vários clichês dos filmes de ação de décadas passadas, como a obrigatória perseguição de carros, e o roteiro de Ismaël Sy Savané e David Charhon (que também dirige o longa) não tenta esconder que a nostalgia, ali, é forte. Porém, muito dessa força nostálgica se perde com os inúmeros furos da trama, resoluções fáceis, reviravoltas inexplicáveis e fracassadas tentativas de humor pastelão no estilo Jackie Chan, que parecem esquetes ruins de “Os Trapalhões” na maioria das vezes.
E por que assistir ao filme, então? Porque Jean-Claude Van Damme continua sendo aquele Jean-Claude Van Damme de quem gostamos tanto. Mesmo com 60 anos de idade, o ator ainda é capaz de realizar o bom e velho espacate e algumas cenas de porradaria, incluindo o icônico soco no meio das pernas do inimigo de “O grande dragão branco”. JCVD também é capaz de entregar as poucas boas cenas de humor do filme, e abraça sem medo o absurdo quando assume os inúmeros disfarces fajutos que precisa usar durante o longa. Até mesmo a outra citação – essa bem óbvia – a “O grande dragão branco” está lá para mostrar que o filme não é para ser levado a sério.
Quando deixa Jean-Claude Van Damme à vontade fazendo o que faz de melhor, “O último mercenário” compensa seus inúmeros defeitos e se torna aquilo que os fãs queriam reviver: um filme que pode ter roteiro ruim e absurdo, recheado de clichês, mas ainda divertido e esquecível depois que entregamos a fita na locadora.

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