A USS Enterprise, a Millenium Falcon e as versões do Batmóvel são alguns dos veículos ícones da cultura pop que fazem a cabeça de muitos fãs há décadas, assim como o DeLorean “envenenado” por uma máquina do tempo da trilogia “De volta para o futuro”. A ideia de um ex-executivo para um esportivo foi imortalizada graças ao filme de Robert Zemeckis, e não faltam por aí réplicas do carrinho prateado. Uma delas poderá ser conferida em Juiz de Fora entre os dias 8 e 19 de julho (exceto dia 14) no Graal localizado no Km 774 da BR-040.
A réplica foi projetada por uma empresa paulista com os mesmos detalhes vistos nos filmes, como o famoso capacitor de fluxo, o indicador de velocidade e o display com o mostrador da época escolhida para a viagem temporal, entre outras invenções do Dr. Emmett Brown (papel de Christopher Lloyd). No primeiro filme da série, o Dr. Brown criou a máquina do tempo utilizando o DeLorean, mas, após sua morte por terroristas, quem acaba acidentalmente viajando pelo tempo é o jovem Marty McFly (Michael J. Fox), que precisa lidar com os Estados Unidos de 1958. Nos filmes seguintes, ele e ‘Doc” Brown viajam para nosso 2015 e também para a América do século XIX, entre outras “paradas”.
Como o cientista deixa claro em vários momentos, deslocar-se pelo tempo pode trazer efeitos devastadores para o universo – pelo menos assim diz a Física -, mas a tentação não deixa de ser grande: poder presenciar eventos históricos, conhecer grandes nomes da nossa História ou, se for o caso, descobrir como será o amanhã. Por isso, perguntamos aos fãs de cultura pop e cinema o que eles fariam se pudessem, por um dia, ter o DeLorean em mãos – mas para apenas uma viagem.
Conhecendo Jesus – ou o fim do mundo
Conhecer o futuro ou ser testemunha ocular da história? Houve de tudo um pouco entre os nomes procurados pela Tribuna para responder a questão. Para a cineasta Mia Mozart, a viagem seria para o passado distante, há dois mil anos, a fim de conhecer um sujeito bem especial. “Não sei se o DeLorean teria energia suficiente, mas eu iria para Israel. Com certeza iria querer conhecer Jesus. É o maior marco histórico para o mundo Ocidental, mesmo tendo sido na outra banda. Quem não iria querer conhecer o homem que dividiu a contagem histórica do mundo?”, diz ela.
Já o comerciante Marcelo Oliveira, fã de ficção científica, prefere dar um pulo no futuro. “Acredito que iria uns 200 anos à frente. Primeiro porque quero ver os rumos que a sociedade tomará. Acredito que estamos evoluindo tecnologicamente, mas, em outros quesitos, como o social, estamos involuindo e muito. Quando li ‘Fim da infância’, de Arthur C. Clarke, ele (assim como vários outros autores) afirma que a evolução está intimamente ligada ao cientificismo, ao ceticismo e não à religião, e eu concordo com ele. No entanto, o que estamos vendo é um ser humano cada vez mais crente, que contesta pouco (ou quase nada) e que acredita simplesmente por acreditar. Gostaria de ver também se minha família ainda existe, como são meus herdeiros etc.”
O músico Fred Fonseca diz que, por sua formação em história, sente-se tentado a ir ao passado para verificar a veracidade dos imbróglios acadêmicos, mas também é seduzido pela possibilidade de conhecer o amanhã – no caso dele, bem distante. “Tipo ano 3000, para não haver sombra de pessoas no presente que habitarei, mas sim a reverberação do que elas fizeram, para ouvir e ver o eco do agora. Espero que, na oportunidade, o futuro seja bom. Mas assim como seria se os futuristas do início do século XX habitassem o nosso hoje, acho que também me frustraria”, filosofa.
Para Priscila Montini, da Tsuru Eventos, a chance de conhecer as pirâmides do Egito na época em que foram conhecidas ou ter a oportunidade de estar frente a frente com figuras como Albert Einstein são coisas tentadoras, mas ela também apontaria o DeLorean para o que virá. “Há muitas possibilidades. Eu poderia ir 30 anos no futuro, saber o que houve na minha vida, copiar as tecnologias e mudar o rumo do meu presente”, brinca. “Eu iria 50, 100, mil anos no futuro para saber o que vai acontecer. Essa é a vontade prática e humilde do nerd, pular 100 anos no futuro e ficar babando com a tecnologia ou a destruição do mundo.”
Colega de Priscila na Tsuru, Juliana Bellini é mais uma a ter curiosidade pelo amanhã, mas a partir de uma inspiração de autoaperfeiçoamento. “Tentaria ir para os meus últimos anos de vida, de preferência bem velhinha, para descobrir o que me tornei no futuro e, ao voltar ao presente, tentar corrigir possíveis erros”, diz. Se mudasse de ideia e embicasse para o passado, Juliana gostaria de conhecer pessoas célebres que já morreram, como o escritor J. R. R. Tolkien, de “O Senhor dos Anéis”.
Viajando com responsabilidade
O primeiro “De volta para o futuro” já mostrou as implicações que uma viagem no tempo pode ter, com Marty McFly quase deixando de existir ao passar a ser a razão do afeto da própria mãe. Teria a humanidade – capaz de jogar bombas atômicas sobre outro país, matar por religião, cor, política etc. – maturidade suficiente para navegar entre as eras? Marcelo Oliveira é taxativo ao dizer “não”. “Na atual conjuntura, sem chance. Do jeito que somos egoístas e olhamos só para o próprio umbigo, seria desastroso termos seres humanos viajando no tempo e alterando passado e futuro (se tomarmos o tempo como uma linha que pode ser alterada, como é o do ‘Exterminador do futuro’). Acho que enquanto o dinheiro for a mola propulsora da humanidade, viajar no tempo poderia decretar o fim de tudo”, argumenta.
Além de toda a filosofia acerca das viagens do tempo, Fred Fonseca lembra ainda que, a partir do segundo filme, Emmett Brown equipou o DeLorean com um aparelho de 2015 que torna possível transformar qualquer espécie de lixo orgânico em combustível – a princípio, um sonho mais próximo que pilotar um DeLorean pelos labirintos do tempo. “Acho que é um carro possível, assim como o movido por eletricidade ou energia solar, entre outros, que são boicotados pela indústria de combustíveis. O chorume é algo que contém energia, deve haver algum processo químico de combustão; se tudo é feito de carbono, e a queima de carbono produz combustível, por que não fazer combustível a partir de matérias que tenham carbono?”, questiona. “Tudo é possível. Quando ‘Star trek’ apresentava o comunicador deles, ninguém imaginava que, no futuro, surgiria o celular, né?”, diz o músico.