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Sci-fi “Nova ordem espacial” faz sucesso na Netflix

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Grupo de catadores de lixo espacial se depara com sinistra conspiração no sci-fi coreano “Nova ordem espacial” (Foto: Divulgação)

A consolidação das plataformas de streaming em nosso cotidiano tem como um de seus efeitos benéficos a possibilidade de entrarmos em contato com produções de países e culturas que, em situações normais, não chegariam às telas da TV ou cinema, e daí tome filmes e séries da Índia, Alemanha, China, Japão e Coreia do Sul, entre outros. E é da península coreana que vem “Nova ordem espacial”, raríssimo blockbuster de ficção científica produzido fora dos limites de Hollywood e que entrou no catálogo da Netflix em fevereiro.

Considerado o primeiro “arrasa-quarteirão” do gênero filmado na Coreia do Sul, o longa do diretor e roteirista Sung-hee Jo não traz nenhuma novidade, e pode-se dizer que ele quase completa a cartela do bingo do sci-fi: estão lá a Terra quase inabitável pela poluição; estações espaciais onde os mais ricos passam a viver; tecnologias como o elevador espacial; gente de todo o tipo pilotando naves espaciais caindo aos pedaços; o anti-herói; um robô com personalidade; distopia; tecnologia em meio à pobreza; colonização de outros planetas e terraformação; o megatrilionário dono da corporação que a tudo domina e com um plano do mal; a conspiração sinistra que pode destruir a Terra; e até uma garotinha que é o centro dessa conspiração. Talvez só tenha faltado um alienígena.

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Por conta desse festival de clichês do sci-fi, “Nova ordem espacial” vem sendo comparado a uma infinidade de filmes e séries, e não é difícil encontrar referências a “Guardiões da Galáxia”, “Star Wars”, “Elysium” e “Cowboy Bebop”, entre outros; sem forçar muito a barra, os mais velhos podem até encontrar algumas semelhanças com o clássico filme Z “Mercenários das galáxias”, do mestre Roger Corman. Mas que fique claro: essa salada de referências e clichês não deixa o filme com um gosto azedo, muito pelo contrário.

E era só uma menina

A história de “Nova ordem espacial” (“Seungriho”, no original) se passa em 2092, quando a Terra virou um planeta inóspito e quase inabitável para a humanidade, em que se plantando nada cresce. Os mais ricos conseguem viver em uma base criada pelo dono da megacorporação UTS, James Sullivan (Richard Armitage, da trilogia “O hobbit”), que tem como projeto ambicioso levar essa turma até Marte, que foi terraformada após a inserção de uma “superárvore”.

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Aos pobres (ou seja, quase toda a população mundial), restam duas opções: passar os dias na miséria e poluição ou conseguir trabalhar por uma ninharia nas bases espaciais ou como “varredores espaciais”, a turma que usa suas espaçonaves para recolher detritos de naves e satélites assim como temos, hoje, os catadores de recicláveis.

Uma das espaçonaves é a sul-coreana Victory, habitada por Tae-ho (Song Joong-ki), Capitã Jang (Kim Tae-ri) e Tiger Park (Jin Seon-kyu), mais o robô transgênero Bubs (Yoo Hae-jin). Após tomarem de outros varredores a sucata de uma nave brasileira (!), eles encontram no veículo uma garotinha, Dorothy (Park Ye-rin), que, segundo a UTS, seria uma arma de destruição em massa criada por uma organização terrorista chamada Raposa Negra a fim de atacar a humanidade.

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Se, no início, a descoberta deixa a tripulação em pânico, logo vem a ganância ao descobrirem que podem exigir um resgate pela garotinha e, assim, pagar suas dívidas, além de Tae-ho enfim ter condições financeiras para encontrar a filha pequena, desaparecida há anos após uma explosão numa das estações espaciais. Entretanto, aos poucos eles descobrem que a história de Dorothy não é a que vem sendo veiculada na imprensa, e a tripulação se vê no meio de uma conspiração que pode destruir quase toda a humanidade _ pelo menos a que não tem dinheiro para se mudar para Marte.

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Produção visualmente caprichada

“Nova ordem espacial” mostrou-se um sucesso surpreendente entre o público, ficando entre os longas mais assistidos na Netflix em fevereiro _ uma surpresa, visto que o filme é um sci-fi produzido fora de Hollywood. Mas motivos não faltam para o filme ter conquistado seu público. A produção tem ótimos efeitos especiais, ainda mais se pensarmos que custou pouco mais de US$ 20 milhões, e as cenas de ação são tão boas quanto, além de cenários que reproduzem muito bem a miséria em meio ao avanço tecnológico. Outra boa sacada foi manter russos, canadenses, coreanos e franceses falando em suas línguas originais, dando ao longa um caráter ainda mais globalizado.

Ainda que não provoquem empatia no início e apenas Tae-ho seja bem desenvolvido, os protagonistas são carismáticos _ em especial Tiger Park e Bubs _ e Dorothy é aquela garotinha fofa que todo mundo gostaria de levar para casa. Nem tudo é perfeito, porém: o filme poderia facilmente ter meia hora a menos e um roteiro não tão previsível (são vários os momentos em que se percebe que determinado elemento será importante mais para frente) e com menos erros de continuidade, além de faltar o já comentado desenvolvimento mais caprichado na personalidade dos protagonistas.

Porém, ao final do longa, a impressão que fica é que todos os defeitos e os elementos genéricos de “Nova ordem espacial” são contraditoriamente essenciais para fazer do filme essa experiência divertida, rápida, leve e deliciosamente esquecível. Às vezes, vale a pena não exigir demais de um filme quando ele mesmo não tem lá maiores pretensões.

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