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Museu de Cabangu é fechado por falta de verba

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Espaço fecha suas portas para o público após seis meses de atraso no repasse da verba que faz o pagamento de seus quatro funcionários (Foto: Fernando Priamo)

Nome da cidade que preserva seus preciosos pertences, Santos Dumont teve a casa onde nasceu reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), num longínquo 1950, como bem material brasileiro. Passadas quase sete décadas, o espaço, onde foi construído o Museu Casa Natal de Santos Dumont, em Cabangu, fecha suas portas para o público após seis meses de atraso no repasse da verba que faz o pagamento de seus quatro funcionários. “No museu, somos só quatro, então, para limpar e manter, ficou muito difícil. Aguardamos a Prefeitura de Santos Dumont se manifestar para saldar essa dívida. Sem fazer os repasses, ficamos todos sem pagar nossas obrigações sociais. E assim não temos certidões negativas e não conseguimos aprovar projetos”, lamenta Mônica Castello Branco, curadora do lugar, referindo-se a um grupo composto por ela, dois serventes e uma guia, cujos pagamentos justificam os R$ 9 mil mensais enviados pelo executivo municipal à Fundação Casa de Cabangu, responsável pela gestão do endereço. “No Natal desses três funcionários, que são chefes de família, tivemos que fazer vales”, pontua Mônica.

Construída para abrigar o engenheiro Henrique Dumont e sua família, em 1872, a casa viu nascer o sexto filho do profissional no ano seguinte de sua chegada. Também viu a partida de seus oito moradores em 1875, quando todos se mudaram para a fluminense cidade de Valença. Cerca de um século mais tarde, o espaço abriu à visitação. “A casa natal é da nação brasileira, entregue a nós para que cuidássemos, já que há um triunvirato entre a fundação, a Prefeitura e o Ministério da Aeronáutica. Para o trato e a preservação, trabalhamos os três juntos. A Prefeitura paga os funcionários, a Epcar faz a guarda e a manutenção do parque, e a fundação cuida da preservação do acervo e do intercâmbio cultural”, explica Mônica. O único elo rompido na corrente, no entanto, diz respeito à subsistência de quatro profissionais, o que inviabiliza o projeto.

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De acordo com sua assessoria de comunicação, a Prefeitura de Santos Dumont reconhece o atraso do repasse desde agosto de 2017 e diz identificar, também, o valor do lugar e de seu acervo, mas afirma não possuir recursos para os pagamentos desse e de outros convênios municipais, prejudicados pelo atraso do repasse estadual do ICMS e pela ausência da transferência de uma fatia relativa ao IPVA. Segundo o executivo sandumonense, a fundação que gerencia o museu não possui a competência para fechar o espaço. Questionada sobre propostas para a manutenção das visitações, a Prefeitura, contudo, reconhece a importância dos quatro funcionários e a inviabilidade de conservar as portas abertas sem os profissionais.

‘Ficamos sem saber o que fazer’

Museu amarga pouca divulgação, ausência de necessárias revitalizações e, agora, paralisação de seus quatro funcionários (Foto: Geraldo Henrique C. Mello/Possante On Line/Reprodução)

A penúria do lugar onde estão objetos pessoais como seu icônico chapéu e alguns originais de projetos, passa também por questões estruturais, como as trincas presentes nas paredes, os cupins que atingiram o assoalho e os danos no telhado. Conforme aponta a curadora do espaço Mônica Castello Branco, “a trepidação do trem, que passa muito próximo e é bastante pesado, causa danos na casa. O restante, porém, está preservado. Temos uma atenção muito grande da família de Santos Dumont.” Sede da suntuosa entrega da Medalha Santos Dumont, oferecida pela Governo de Minas Gerais, o Museu Cabangu não recebe nenhum repasse estadual. A homenagem, segundo Mônica, representa a única divulgação de um museu ainda bastante desconhecido no país, mas aporte, mesmo, só os R$ 9 mil da Prefeitura.

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“O Cabangu é uma mola propulsora do turismo na cidade. Temos muitos outros pontos, como Centro de Cultura com um trem de aço, mas esses valores todos se formam no eixo que é o museu”, comenta a curadora, apontando para uma visitação constante. “Já tínhamos escolas agendando passeios e recebíamos visitas de turistas em férias, pessoas que passam pela cidade. Todos reclamam muito de não termos divulgação”, observa ela, na expectativa de que os repasses sejam retomados para que, no futuro, o memorial possa decolar. “Enquanto isso não acontece, ficamos sem saber o que fazer.”

 

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