Na telona, crianças desenhadas ou de carne e osso. Nas poltronas, crianças como espectadoras. Inédito na região, o Festival de Cinema Infantil É Tudo Criança trata a infância como tema e como público, oferecendo, em Leopoldina, brincadeiras, bate-papos, sessões de cinema e oficinas, além de incentivar o debate sobre o meio ambiente com a doação de mudas frutíferas. Na terça (3), quando se deu a abertura oficial do evento, também foi exibido o filme “O menino do espelho”, sucedido por um debate com o diretor, Guilherme Fiúza Zenha. Rodado na região, através do Polo Audiovisual da Zona da Mata, o longa é um dos representantes da fase prolífica pela qual passa o cinema de Cataguases e cidades vizinhas, como Leopoldina.
“Foram 350 pessoas no primeiro dia de festival, respirando cinema e infância aqui em Leopoldina”, comemora o coordenador do festival Iano Oliveira. A programação, que segue até sexta (6), inclui oficina de cinema para crianças, entre 8 e 10 anos, de live action e animação, e sessões educativas para crianças entre 4 e 10 anos, sucedidas por oficinas de desenho em que os pequenos avaliam o que assistiram. Todas as atividades estão sediadas no Centro Cultural Mauro De Almeida Pereira. “O festival é certamente pioneiro em nossa região. Existem festivais de cinema, mas não especificamente para criança. Isso é raro na nossa região e no estado. No Brasil tem poucos ainda”, destaca Iano.
Ironicamente, a cidade que tem servido de cenário a diferentes produções nacionais e recebe o ousado festival não possui cinemas atualmente. “Tanto é que fizemos a campanha Leopoldina Tem Cinema para pensar que existe cinema de verdade, os prédios são antigos, mas um é igreja e o outro, loja. Isso é clássico da relação dos cinemas com as cidades hoje, quando eles viram outras coisas. Quase 70% das crianças estão tendo contato com a tela grande pela primeira. É uma cidade que não tem acesso aos festivais, apesar de estar perto de Cataguases”, lamenta Iano, acrescentando, ainda, existirem poucos cineclubes no município de pouco mais de 50 mil habitantes. “Por outro lado existe a tentativa de algumas escolas de montarem cineclubes. Existe essa abertura”, assegura, demonstrando que, fatalmente, a mudança e a esperança estão mesmo com os pequenos.