Produção que estreou na Netflix, em 16 de setembro, “Santo” acompanha o policial federal brasileiro Ernesto Cardona (Bruno Gagliasso) e o policial nacional espanhol Miguel Millan (Raúl Arévalo) com o mesmo objetivo: tentar prender e descobrir a identidade de um traficante mítico conhecido como Santo, famoso pela crueldade com que mata seus rivais e por rituais de sacrifício que envolvem crianças. Nessa ponte investigativa entre Brasil-Espanha está o ator juiz-forano Luiz Felipe Lucas, que interpreta o delegado da Polícia Federal, Paulo. A produção, que tem seis episódios em sua primeira temporada, foi criada pelo espanhol Carlos López e teve a maior parte dos episódios dirigidos pelo brasileiro Vicente Amorim.
Morando atualmente na cidade espanhola de Barcelona, Luiz Felipe tem no currículo trabalhos no filme “O homem cordial”, nas séries “Carcereiros”, da TV Globo; e “Confissões médicas”, do Discovery Channel. Para a sua primeira produção na gigante do streaming, ele fez alguns testes em meados de 2021, e foi chamado para o teste derradeiro pouco antes do início das filmagens. “Acredito que teve muita gente inscrita por ser uma série desse tamanho. Meu processo foi engraçado, pois foi on-line devido à pandemia. Nunca fiz assim. Foi um jeito novo de fazer, de entender como atuar. Foi desafiador, mas deu tudo certo.”
Quanto ao personagem, ele diz que seu interesse se deu pelo fato de Paulo ter uma mudança na trama e ser um papel fundamental na história e na vida do protagonista. “Era um universo novo para mim. Isso gerou meu interesse em fazer um trabalho nesse novo universo, o da ação, da polícia investigativa. Já fiz um policial em outro trabalho, mas esse espaço voltado para a investigação policial atiçou bastante a minha vontade de conhecer o Paulo, criar uma história para ele e entender as coisas que a gente tinha de diferente e também em comum.”
Sobre o processo de construção de Paulo, Luiz Felipe conta que ele se deu na base do silêncio, acrescentando que quem tiver assistido à série vai perceber que ele não é uma pessoa falante _ e que isso surgiu, inclusive, para criar um contraponto com o personagem de Bruno Gagliasso, que ele define como “um cara apaixonado e (que) faz tudo pela profissão. Ele não pensa muito, vai logo ao ponto. É mais estrategista, observador. Tive que trabalhar muito o silêncio, bastante observação, ação em momentos específicos. Foi um personagem que me fez entender além das gravações; depois de vê-lo pronto, continuei a conhecê-lo. Achei bonito e gostei bastante do trabalho ter continuado.”
Viciado na ação
Outro desafio para o ator foi dar profundidade ao seu personagem tendo pouco tempo para a preparação, pois entrou no projeto quase no dia da primeira gravação. “Mergulhei muito no roteiro. A minha preparação para esse trabalho foi uma imersão no texto”, diz. Para as cenas de ação, ele destaca o fato de ter uma preparação física que, segundo ele, ajudou a acelerar o encontro com Paulo. “Já tinha um trabalho físico antes da série, o que ajudou muito. E é um vício, (deu) vontade de fazer mais cenas de ação. Achei incrível, queria fazer todas as cenas e usar o mínimo possível de dublês.”
“Santo” foi, ainda, a primeira produção internacional de Luiz Felipe Lucas, apesar de morar na Espanha há quatro anos. “Adorei. Foi interessante também para conhecer como o mercado espanhol trabalha, e uma experiência bem valorosa no sentido de entender um pouco mais a maneira que eles trabalham aqui. Entender o streaming daqui, o set, a forma de trabalhar. Foi uma novidade para mim.”
Questionado sobre os planos futuros, ele encerra dizendo que é uma pergunta que faz para si. “Gosto de deixar essas perguntas em aberto, pois não gosto muito de saber. Gosto de descobrir coisas. Tem vários projetos acontecendo para esse semestre, mas estou a fim de descobrir o que vai acontecer. No fim do ano, retorno ao Brasil sem comprar a passagem de volta para a Espanha. Quem sabe não pinta um trabalho por aí… Tenho muita vontade de fazer uma novela.”