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Cinebiografia de Pelé chega ao cinema com muitas críticas

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Pelé (Kevin de Paula) encara os franceses durante a Copa de 1958 em cena do longa que estreia nesta quinta (Foto: Divulgação)

Coitado do Pelé. E do Edson Arantes do Nascimento também. O nosso Rei do Futebol, o Atleta do Século, o homem que esteve presente em três dos títulos da Seleção Brasileira, consagrado na esquadra do Santos, não teve a mesma sorte fora dos campos desde que se aposentou em definitivo, há quatro décadas. Deu declarações infelizes, fez uma constrangedora aventura como cantor, foi comentarista motivo de chacota, esqueceu de dar a bandeirada final em um GP do Brasil, até fama de pé-frio ganhou. Nem no cinema teve sorte, com atuações medíocres em longas como “Fuga para a glória” e “Os Trapalhões e o Rei do Futebol” e um documentário, “Pelé eterno”, que não fez jus à sua carreira. E a situação parece que não vai mudar com “Pelé – O nascimento de uma lenda”, cinebiografia sobre o homem de Três Corações que chega nesta quinta-feira a Juiz de Fora.

A própria trajetória da produção é toda errada. As filmagens começaram em 2013 com lançamento previsto para junho de 2014, em plena Copa do Mundo, a fim de aproveitar o clima esportivo para impulsionar o desempenho do longa nas salas de cinema. Mas atrasos na pós-produção, mais a necessidade de refilmagens, acabaram por adiar o lançamento, que acabou acontecendo no Brasil apenas em 2017. Se existe algum alívio para Pelé, é que não vão culpar o filme – e sua fama de pé-frio – pela vergonha do eterno 7 a 1 de Alemanha ocorrido no Mineirão.

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O roteiro e a direção ficaram por conta dos irmãos Jeff e Michael Zimbalist, renomados por seu conhecimento tanto do futebol quanto da cultura brasileira; afinal, eles são os responsáveis pelos documentários “The two Escobars” (que traça um paralelo entre as vidas dos colombianos Pablo Escobar e Andres Escobar; o primeiro foi o maior traficante de drogas do continente, o outro, lateral da seleção de seu país, ambos assassinados nos anos 90) e “Favela rising”, sobre o Afro-Reggae. O filme, predominantemente falado em inglês, tem nomes conhecidos no elenco: Vincent D’Onofrio como o técnico Vicente Feola; Seu Jorge como Seu Dondinho, pai de Pelé; Felipe Simas no papel de Garrincha; Milton Gonçalves como Waldemar de Brito, o olheiro que descobriu o jovem Edson; e Fernando Caruso interpretando Zito, colega de Pelé no Santos. Para viver o futuro Rei do futebol, foram escolhidos os jovens e desconhecidos Leonardo Lima Carvalho e Kevin de Paula.

“Pelé – O nascimento de uma lenda” se dedica a mostrar a trajetória de Pelé da infância, quando ouve pelo rádio a derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa de 1950, até o momento em que ajuda o escrete canarinho a conquistar a primeira Copa, em 1958, na Suécia. O recorte, que poderia render uma produção emocionante, vem sendo massacrada sem piedade pela crítica, com exceção a algumas cenas dentro da campo. As críticas vão desde o visual de Bauru na década de 1950, mostrada como um vilarejo em meio à selva, ao excesso do drama do garoto pobre que é alvo de preconceito dos meninos mais ricos.

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E não para por aí. Os diálogos são tachados de pobres, inverossímeis e piegas; as atuações são consideradas decepcionantes. Para piorar ainda mais, os irmãos Zimbalist ainda descarregam todo tipo de estereótipo comum ao estrangeiro ao pensar no brasileiro, como imaginar que tudo acaba em samba por aqui, mesmo dentro de campo, e chegando ao absurdo de criar uma teoria sobre o suposto “estilo ginga” do nosso futebol, que teria vindo da África com os negros escravizados e, proibidos de jogar capoeira, teriam levado o gingado da arte marcial/esporte para o futebol.
Sem querer, “Pelé – O nascimento de uma lenda” se tornou mais um 7 a 1 contra o Brasil – desta vez, na tela grande.

Pelé – O nascimento de uma lenda
Cinemais Alameda 3 (leg): 15h20, 19h, 21h30. Santa Cruz 2 (dub): 16h45, 21h15.
Classificação: 10 anos

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