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Banda Trupicada apresenta seu primeiro espetáculo teatral

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Lívia Gomes e Felipe Tavares interpretam os protagonistas do primeiro espetáculo teatral da Banda Trupicada (Fotos: Marcella Calixto/Divulgação)

Depois de 15 anos de uma carreira marcada por espetáculos musicais e contação de histórias, a Banda Trupicada estreia neste fim de semana a sua primeira peça teatral. Baseada no livro homônimo do autor português Afonso Cruz, “Como cozinhar uma criança” terá sua primeira encenação neste sábado (3), às 16h, no Auditório Moinho Zona Norte, no Bairro Francisco Bernardino, em uma temporada que reservou outras apresentações para o próximo domingo (4) e também quarta-feira (7) e nos dias 10, 17, 18, 24 e 25 deste mês. A produção tem o apoio do Programa Cultural Murilo Mendes.
O projeto também marca a estreia do ator Tairone Vale – que também assina a dramaturgia – na direção. Na história – classificada pelo grupo como uma “comédia de terror infantil” -, os chefs de cozinha interpretados por Lívia Gomes e Felipe Tavares tentam produzir, do seu food truck, um programa de culinária que tem as crianças como os ingredientes principais, a fim de prepará-los para não se tornarem adultos intragáveis. A dupla de chefs, porém, não consegue chegar a um acordo sobre os métodos de preparo.
Com o espetáculo, a Trupicada busca instigar as crianças a refletirem sobre quais seriam os melhores “ingredientes” para que não se tornem “adultos sem graça com gosto de mingau de chuchu”, ao mesmo tempo em que os adultos são convidados a questionar sobre o que deixaram para trás quando cresceram. Para isso, o espetáculo terá canções originais compostas pela banda em parceria com Tairone Vale, e Lívia e Felipe vão transformar acessórios de cozinha como panelas e talheres em instrumentos musicais.

O que você vai ser quando crescer?

Em atividade desde 2007, a Trupicada viu no teatro infantil uma oportunidade de diversificar sua produção cultural, como explica Lívia Gomes, que também é coordenadora de produção do espetáculo. “Como o próprio nome da banda diz, somos cada um de uma trupe e, eu, Lívia, venho do teatro. Assim, surgiu a proposta de montar um espetáculo voltado para o nosso público. Esse é apenas o primeiro, assim espero, e tenho a honra de contracenar com Felipe Tavares, que aceitou o convite e está brilhando como ator.”
Sobre a escolha do livro de Afonso Cruz, adaptado para a peça, a atriz pontua que a história do livro traz à tona discussões que não só pertencem ao universo infantil como também ao público adulto. “(O livro) abarca questões como formação de caráter e convivência em sociedade, provocando reflexão acerca de ética, respeito, empatia e responsabilidade, já que, em vários momentos, os cozinheiros discutem que tipo de criança tornaria a receita mais saborosa”, diz. “Em alguns trechos do texto original, os personagens debatem a respeito da pureza infantil e de que quanto mais jovem se é, menos se foi ‘contaminado’ ou ‘modificado’ pela sociedade, sendo, assim, um ingrediente mais genuíno.”

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Um novo passo para a Trupicada

A proposta de “Como cozinhar uma criança” foi aprovada pela Lei Murilo Mendes de 2019, mas, no início de 2020, o grupo foi surpreendido pela pandemia e optou por uma prorrogação de prazo, a fim de oferecer o espetáculo de forma presencial. “Em fevereiro de 2022, após a adaptação do livro para o texto teatral, começamos o processo com a leitura de mesa e com propostas de encenação. O mais desafiador foi trazer a ludicidade para montagem, de forma que a peça mantivesse as discussões da obra homônima nas cenas”, relata. “Para isso, muitas discussões e reflexões a partir de experiências pessoais foram colocadas na panela e, assim, o caldo começou a engrossar.”
Havia, ainda, o processo de transição do fazer artístico da banda, acostumado aos espetáculos musicais e contação de histórias, para o teatro “puro”. “Nós já apresentamos em nossos shows momentos de encenação e de brincadeiras, mas de forma muito livre. Para o teatro, tivemos que nos adaptar ao texto já fechado e às marcações cênicas, o que, de fato foi um desafio. Conservar na peça o espírito livre e espontâneo, já tão marcante nos palcos, tem sido a grande provocação para nós.”
Para esse projeto, a Trupicada escolheu trazer alguém de fora para cuidar da dramaturgia e direção, e foi a oportunidade para Tairone Vale fazer sua estreia como diretor. “Tairone é um grande dramaturgo. Seus textos são diretos, ricos e dinâmicos, o que permite que o público não só assista ao espetáculo, mas sinta-se parte dele”, elogia a atriz. “Ele compreendeu o nosso desejo e, inclusive, compôs músicas para ‘Como cozinhar uma criança’. A direção, portanto, foi pensada baseada na confiança em suas propostas. Eu já tive a oportunidade de trabalhar com ele e sempre fiquei impressionada com sua capacidade criativa. Sem dúvidas, esta será uma peça que agradará a todos os públicos.”

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Trabalho de fã

“Preciso confessar que tenho um certo preconceito com teatro infantil”, revela Tairone. “Na maioria das obras que já assisti, a sensação é que há uma subestimação da inteligência da criança, da sua capacidade de interpretação e abstração. E como fã de carteirinha da Trupicada, o que mais me atrai na banda é a forma com que eles se comunicam com a criança de igual para igual, com o respeito que acredito que ela merece numa obra artística.”
Sobre a participação no projeto, ele diz que a responsabilidade é multiplicada por dez. “Eu não esperava que dirigir um espetáculo fosse a fábrica de doido que é, com a quantidade enorme de detalhes e decisões que precisam ser cuidados a cada momento. Assinando este espetáculo com a chancela da Trupicada, então, é de deixar as pernas bambas.”

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