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‘Os banshees de Inisherin’, indicado ao Oscar de melhor filme, estreia nesta quinta-feira

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Filme tem forte inspiração no teatro beckettiano e combina humor com uma melancolia trágica (Foto: Divulgação)

“Os banshees de Inisherin”, de Martin McDonagh (“Na mira do chefe” e “Três anúncios para um crime”), foi indicado a 9 Oscars, incluindo de melhor filme, e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2). O longa se passa na ilha fictícia de Inisherin, em 1923, durante a Guerra Civil Irlandesa, trazendo um ambiente frio com passagens da costa, músicas folclóricas e roupas tradicionais – mas, a princípio, o pano de fundo pouco parece afetar a vida dos personagens protagonistas, Pádraic e Colm, que vivem todos os dias da mesma forma. A trama se volta justamente para a relação dos dois, quando o segundo decide abruptamente interromper o contato com o primeiro, depois de anos de convivência e amizade.

Pádraic, que é interpretado por Colin Farrell, mora desde que nasceu na ilha de Inisherin com a sua irmã Siobhán e seus animais. É definido como um personagem muito fiel e gentil, ao menos no princípio da trama, e custa a entender que Colm de fato não está brincando ao se afastar dele completamente, e por um tempo insiste nas aproximações do antigo amigo.

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Colm, por sua vez, está angustiado com o seu tempo na terra se esvaindo, deseja se dedicar totalmente à música para ser lembrado pela história, e não mais compartilhando o tempo com o amigo apenas o escutando e falando sobre temas desimportantes. Mas quando um percebe que o outro não vai se afastar e o outro percebe que é algo sério, a situação toma proporções dramáticas e impulsos vingativos.

Os dois personagens, conforme a narrativa se desenvolve, vão mostrando faces bastante diferentes das que tinham no início do filme – Pádraic vai se tornando um homem amargo e ciumento devido ao seu ressentimento, enquanto Colm cada vez mais age de forma radical para evitar qualquer tipo de contato. A obra, não por acaso, tem forte inspiração no teatro beckettiano e combina humor com uma melancolia trágica enquanto os dois enfrentam tanto o medo da solidão quanto o medo de ter uma vida esquecível. Nos diálogos intensos esse conflito fica ainda mais claro, e a influência do teatro também se mostra bastante na forma como a relação desfeita entre os dois vai transformando toda aquela comunidade, que já é isolada e limitada pela localidade que se encontra.

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A repetição dos locais em que a trama ocorre também é uma forma que o diretor usa para enfatizar a sensação de confinamento e de repetição de rotina, com aquela quebra que parece desestabilizar tudo. O longa também utiliza a Guerra Civil Irlandesa como uma alusão simbólica dessa ruptura de amizade, principalmente ressaltando os efeitos que tem na comunidade e até mesmo a própria origem do desconforto causado. O longa, no entanto, não pretende se debruçar de forma mais intensa nessa temática, abordando com mais aprofundamento a própria dor que aquela situação está gerando e continua a gerar até o final da trama.

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