ATO XVI
Ponto de partida
Desde domingo (25), a Tribuna passou a publicar a série de reportagens “Atos de um teatro”, que teve como ponto de partida a inauguração do Teatro Paschoal Carlos Magno, cujas obras se arrastaram por quase quatro décadas até a sua inauguração, prevista para esta sexta-feira (2). Foi a oportunidade de reunir parte da classe teatral para discutir não apenas a necessidade e a viabilidade do novo-velho espaço, mas também refletir se o atual teatro feito em Juiz de Fora cabe nesta nova casa e como se dará a sua ocupação. Qual o melhor modelo de gestão? É um espaço que atende todos os interesses e formatos? Será apenas para as artes cênicas?
Mais adiante, foi a vez de confrontar o Paschoal Carlos Magno – um espaço idealizado pelo então prefeito Mello Reis no final dos anos 70 – com a nova realidade local, em que Juiz de Fora já conta com 17 espaços disponíveis para as artes cênicas, entre teatros, anfiteatros e espaços multiuso, sendo que boa parte desse total de 5.200 assentos disponíveis não recebem atividades culturais por questões burocráticas ou de ociosidade.
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Todavia, o novo teatro da cidade é uma realidade, com seus 407 assentos, estrutura moderna, acessibilidade, palco italiano, pé direito alto que permite produções de maior porte, ar-condicionado e outros detalhes que oferecem maior comodidade ao público e facilitam o trabalho dos artistas. As obras, executadas por empresa especializada, chegaram ao final graças a um convênio entre os governos estadual e municipal, em que foram repassados R$ 6 milhões por meio da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais), e o resultado foi mostrado à Tribuna na última quarta-feira (28) em visita que contou com a presença do prefeito Bruno Siqueira (PMDB).
Com este valor foi possível, ainda, adquirir o sistema de iluminação, faltando apenas as mesas de som (cujo valor já se encontra reservado) e de som, esta por meio de emenda parlamentar do deputado federal Marcus Pestana (PSDB).
ATO XVII
O sonho de Mello Reis concretizado
Ismair Zaghetto foi o primeiro superintendente da Funalfa, criada em 1978, e ocupava o posto quando o prefeito Mello Reis prometeu a Paschoal Carlos Magno que Juiz de Fora teria um teatro municipal, atendendo a um pedido do teatrólogo. Dos três, ele é o único ainda vivo, mas não poderá estar presente à cerimônia de inauguração por conta de um compromisso assumido anteriormente. Mesmo assim, o sentimento no momento é de felicidade, por ver o sonho do ex-prefeito tornando-se realidade.
“Estou muito feliz (com a inauguração), afinal são quase 40 anos desde o deslizamento provocado pela falha geológica que não havia sido mostrada na prospecção técnica. Foi uma pena, pois a Prefeitura tinha recursos para concluir o teatro e teve que gastar tudo no trabalho de contenção do terreno”, relembra Ismair, que lamenta ainda que nenhuma administração posterior tenha tomado ações efetivas para não apenas retomar, mas também concluir as obras. “Por isso mesmo saúdo o atual prefeito por essa iniciativa de conseguir os recursos do estado para finalizar o teatro.”
Além de ter sido o superintendente de Funalfa durante a administração de Mello Reis, Ismair Zaghetto escreveu um livro sobre a trajetória do ex-prefeito, que conta com um capítulo apenas para contar a história do Teatro Paschoal Carlos Magno. “Esse teatro era um sonho dele, uma promessa feita ao Paschoal. Pena que os dois não puderam estar presentes na inauguração.”
“A memória mais forte que tenho é a determinação muito sólida do prefeito de construir esse teatro”, continua. “Na época estávamos vazios de espaços culturais, por isso era fundamental ter um teatro. O Mello Reis era um grande sonhador, e houve toda a euforia do início dos trabalhos, com um projeto fantástico do arquiteto Stefhan Cleobule Eletheuriadis, e por fim o impacto doloroso do deslizamento, que afetou não apenas o teatro mas também toda a vizinhança.”
Quem também comemora a inauguração do novo teatro é Edgar Ribeiro, ator e diretor teatral que, na época do início da construção do Paschoal, participava da Caravana Cultural. O projeto consistia em um caminhão visitando bairros levando teatro, música, dança e capoeira. Tudo acontecia no interior do automóvel, especialmente adaptado para servir como um palco itinerante. “A inauguração em 2018 é um marco de recomeço, porque nós, na época, batalhamos por espaço. Fazíamos teatro, sobretudo, em bares. É o fim dessa batalha, as pessoas já tinham desacreditado, agora o teatro precisa ser ocupado com um padrão de qualidade”, defende Edgar.
Programação
Abertura
Dia 2. Às 19h, apresentação do pianista Guilherme Veroneze. Às 20h, cerimônia oficial com descerramento da placa, cortejo do Programa Gente em Primeiro Lugar, Orquestra Sylvio Gomes. Exposição “Catálogo”, reunindo obras de 54 artistas de JF. Curadoria de Fernanda Cruzick e Sérgio Neumann
“Calango Deu! Os Causos da Dona Zaninha”
Dias 3 e 4, às 19h. Monólogo dirigido por Isaac Bernat. Fruto de uma intensa pesquisa abrangendo vocabulário, hábitos, histórias, músicas e crenças, a montagem é uma celebração à sabedoria popular mineira. A juiz-forana Suzana Nascimento é a autora do texto e também interpreta a personagem-título, Dona Zaninha, uma genuína contadora de causos, cujo repertório inclui histórias de amor, de assombração, de padres e beatas e de sem-vergonhice
Joãozinho da Percussão
Acompanhado de Cacaudio. Dia 3, às 17h
Dudu Lima
Dia 4, às 17h
Os ingressos – gratuitos – poderão ser adquiridos na sexta-feira na sede da Funalfa, entre as 9h e 17h, com cada CPF tendo direito a duas entradas. Parte dos ingressos será distribuído, porém, uma hora antes do início do espetáculo.
Visitas guiadas
Dias 3 e 4, às 15h e 16h, com 15 pessoas por visita. Os interessados devem mandar o nome para o email imprensa.funalfa@pjf.mg.gov.br
Trânsito interrompido
Em decorrência da inauguração do Teatro Paschoal Carlos Magno, a Rua Gilberto Alencar, no Centro de Juiz de Fora, será totalmente interditada a partir das 19h30 desta sexta-feira (2). De acordo coma Settra, a via será liberada ao final do evento.