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On the road musical

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Joana Knobbe e Laura Jannuzzi participaram da primeira edição do projeto que busca dar visibilidade às cantoras e compositoras contemporâneas (Foto: Gabriela Barros/ Divulgação)

Lugar de mulher é na estrada e no palco, mostrando sua arte pelas estradas deste país. Foi com este espírito que as cantoras Laura Jannuzzi e Joana Knobbe rodaram por seis cidades do Nordeste no início de fevereiro na primeira edição do projeto Curto Circuito, idealizado pela produtora pernambucana Dani Falcão. Com o objetivo de conectar e descentralizar a produção cultural contemporânea, permitindo maior visibilidade das mulheres compositoras, a iniciativa levou as duas artistas a se apresentaram nas cidades de Garanhuns, Arcoverde, Olinda, Recife (Pernambuco), João Pessoa (Paraíba) e Natal (Rio Grande do Norte) entre os dias 2 e 10 de fevereiro, praticamente pulando de uma cidade a outra em shows intimistas.

A ideia do Curto Circuito é rodar a região periodicamente com a paulista radicada em Natal Joana Knobbe, tendo uma nova parceira musical a cada jornada. Para a primeira edição, o convite acabou chegando até Laura Jannuzzi por meio da jornalista e co-produtora do projeto, Elayne Bione, que tem uma agência em Brasília da qual a cantora e compositora residente em Juiz de Fora faz parte. “Eu já tinha falado com ela que gostaria de fazer shows no Nordeste, e quando surgiu esse projeto ela sugeriu meu nome para a Dani, que gostou”, conta Laura. “Eu não conhecia o trabalho da Joana Knobbe, mas a Elayne me passou tudo, pesquisei na internet, joguei no YouTube, dei uma sacada no som dela.”

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“O projeto foi resultado de encontros”, acrescenta Joana. “Por um lado, é a ideia que eu já vinha colocando em prática de sair da cidade onde moro e viajar de carro para capitais próximas com meu show. Em uma dessas viagens (quando fiz pela primeira vez meu show em Recife) assisti ao show ‘Cantautor’, que é um evento mensal e também uma webserie, e conheci a Dani Falcão. Das conversas que tivemos surgiu a ideia do Curto Circuito, em que seria a artista residente que convida atrações para viajar em turnê pelas capitais próximas e também por cidades do interior dos estados vizinhos”, ressalta Joana.

O esquema das apresentações eram shows individuais das duas artistas. Laura Jannuzzi apresentava canções do seu primeiro trabalho, mais algumas inéditas, no esquema banquinho e violão. Joana Knobbe, por sua vez, tocava diversos instrumentos e também interpretava apenas canções de sua autoria. Mas houve momentos em que as duas dividiram o palco. “Nos conhecemos um dia antes do primeiro show e já tivemos uma agenda cheia de entrevistas. A primeira vez que vi Laura tocar foi numa transmissão ao vivo pelo ‘Jornal do Commercio’ (risos). O primeiro show, em Garanhuns, foi uma experiência de reconhecimento também entre nós duas. Eu ouvi atenta e maravilhada ao show de Laura, e ela ouviu também o meu pela primeira vez”, relembra Joana Knobbe. “No dia seguinte pela manhã, fomos para Arcoverde. E lá, após o almoço, ensaiamos as duas primeiras músicas (composições de Laura) que já faríamos ao vivo à noite. Fomos nos conhecendo assim, na estrada, no hotel e no palco.”

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A jornada foi árdua. Laura e Joana chegavam muitas vezes para passar o som, fazer o show, dormir e acordar para viajar até a próxima parada. Nos dias de “folga”, a agenda estava marcada por entrevistas para rádio e televisão. “Foram dez dias de muito trabalho. Não tinha tocado em nenhuma dessas cidades, não conhecia nada do Nordeste ainda. Em algumas, não deu para conhecer nada. Nas que demorei mais, como Recife e Natal, deu tempo para conhecer bastante, dar uma andada pelo centro, dar uma turistada (risos)”, conta Laura.

Públicos nunca antes desbravados

O Curto Circuito foi criado para permitir que a nova produção musical feminina chegue a locais onde as artistas dificilmente encontrariam espaço pelos meios de comunicação tradicionais. Isso quer dizer chegar a cidades onde provavelmente ninguém jamais tenha ouvido falar de Laura Jannuzzi ou Joana Knobbe, então o jeito foi promover o intercâmbio com nomes de destaque no cenário local. O resultado foi considerado positivo. “Em todas as cidades, o público recebeu a gente muito bem. Sempre vinha alguém falar com a gente que o artista estava compartilhando os vídeos, publicando nas páginas de divulgação locais, isso ajudou bastante”, observa Laura.

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“A recepção foi maravilhosa, principalmente em Garanhuns e Arcoverde. Público atento e respeitoso”, diz Joana. “Nas capitais acredito que a música autoral acaba ficando um pouco perdida em meio a muitos outros eventos com apelo mais pop. Mas acredito que toda interação é válida. E esse tipo de turnê é como uma sementeira que prepara nosso trabalho para brotar em situações futuras, estabelece parcerias e nos enriquece em experiência.”

Essa jornada estrada afora deixou marcas nas duas artistas. “Ainda estou processando tudo isso”, afirma Joana Knobbe. “Mas acho que a maior impressão é ter um pouco mais da dimensão enorme desse nosso Nordeste, que pode ser tão diverso e tão rico culturalmente. Também é um estado de imersão muito interessante estar em ‘trânsito’, muito inspirador. Acho que a maior lição é a de me manter sempre aberta a conhecer e me surpreender com o inesperado. Nunca imaginei passar frio de tremer no interior de Pernambuco em pleno verão!”, diz Joana.

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“Voltei para Juiz de Fora com muitas imagens gravadas na minha cabeça, das paisagens, comidas, do público, dos shows, os lugares em que passamos”, emenda Laura Jannuzzi. “Mas o que mais me marcou foi a força da cultura, como ela é forte, como eles respiram arte, e a troca com os artistas locais.”

Como não poderia ser diferente, as duas artistas querem aproveitar o aprendizado com a experiência. “A gente tem que circular, fazer o trabalho circular. Eu não tinha esse formato de voz e violão ainda pronto, sempre tocava com banda. Mas agora montei o show nesse formato que vai me proporcionar outras possibilidades de apresentações. Tenho que fazer meu trabalho circular no máximo de lugares possível”, diz Laura. “A música ainda é uma das poucas atividades humanas que promovem encontros amorosos. Encontros entre pessoas e encontros de indivíduos com suas próprias sensibilidades. Acredito na arte como promotora de saúde coletiva e individual. E acredito cada vez mais”, arremata Joana Knobbe.

 

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