Para subir no palco, tem que tocar um blues. Ou um jazz, também está valendo. É com este espírito que acontece neste sábado (2), às 16h (abertura da casa), na Cervejaria Golem, a primeira edição do JF Blues & Jazz, festival dedicado a dois dos mais conhecidos gêneros musicais nascidos nos Estados Unidos, seguindo o exemplo de outros eventos do tipo no país, em especial nas cidades do interior. Para essa edição inicial, as atrações são o grupo La Macchina, comemorando uma década de atividades; o Dudu Lima Trio; e o duo Gustavo Holanda e Piero Grandi, da cidade fluminense de Resende.
De acordo com um dos idealizadores e organizadores do evento, Alvaro Rosa (do La Macchina), o JF Blues & Jazz tem como inspiração justamente esses festivais que acontecem nas cidades do interior. “Percebemos que esse formato de festival faz muito sucesso em cidades como Barbacena, Governador Valadares, assim como em São Paulo, no Nordeste, com músicos de fora do mainstream mas com aceitação popular. Viçosa é um exemplo de sucesso, tanto que virou um circuito que chega até Juiz de Fora”, exemplifica. “Pensamos que a cidade pode ter um festival desse tipo, e por isso, começamos a organizar essa primeira edição em agosto. E já começamos a pensar na edição de 2020.”
Outro fator que serviu de gatilho para a ideia foi a comemoração dos dez anos do La Macchina. Alvaro lembra que já havia realizado um apresentação comemorativa, mas estava em busca de algo diferente para continuar a celebração. “Vimos que a cidade não tinha um evento assim ao lembrarmos dos outros festivais, com artistas locais e de fora, que tivesse essa interação, sonoridades diferentes.”
Assim como eventos semelhantes, a organização buscou levantar a bandeira da diversidade cultural, não se resumindo a apenas um gênero. “Por conta disso, não há referência maior na cidade que o Dudu Lima”, afirma. “Jazz e o blues significam diversidade, por isso teremos o Dudu Lima Trio, nosso show de dez anos com o Big Joe Manfra e o Jefferson Gonçalves como convidados, e também o Gustavo Holanda e Piero Grandi. Eles são de Resende e fazem um blues de raiz sensacional.”
Gêneros considerados de nicho, o blues e o jazz podem, a princípio, trazer a ideia de que o festival seria para um público elitizado. Alvaro Rosa, porém, observa por outro prisma. “Na prática, isso não existe. Atualmente, com a associação ao consumo da cerveja artesanal, a presença popular tem aumentado nos últimos anos. Se observarmos os festivais, o jazz e o blues estão longe de ser um produto elitizado. Não podemos dizer que é música popular, mas não devemos colocá-los numa gaveta elitista.”
Por conta dessa visão, as dificuldades em começar um festival do zero, na opinião de Alvaro, teriam mais a ver com o atual cenário social e político do país. “Sinto ser mais o momento que a cultura está vivendo, sofrendo, seja a música, o cinema ou o teatro, entre outros. Estamos saindo do marco zero, com verbas reduzidas, mas encontramos empresas que viram qualidade no evento. Para um evento inaugural foi um sucesso, considerando as dificuldades.”
JF Blues & Jazz
Neste sábado (2), às 16h (abertura da casa), na Cervejaria Golem (Avenida Rui Barbosa 482 – Santa Terezinha)