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A simplicidade dos bairros

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Laura Cardoso é o grande trunfo (Divulgação)

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Vinicius de Oliveira vive o irmão do protagonista Zeca em “Barbante” (Divulgação)

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Às vésperas de estrear como protagonista da série “Santo forte”, primeira produção brasileira do canal AXN, Vinicius de Oliveira, o Josué, de “Central do Brasil”, transita pela sétima arte. Comemorando a notícia de que o filme “Boi Neon”, estrelado por ele, Juliano Cazarré e Maeve Jinkings, entrou para a lista dos selecionados para o Festival de Cinema de Veneza, agendado para setembro, ele chega a Juiz de Fora, neste fim de semana, para gravar o curta “Barbante”. “Antes de qualquer coisa, gosto de contar boas histórias, e esse foi o primeiro motivo para eu aceitar fazer esse trabalho. O enredo é interessante”, diz o ator, que dividirá a cena com a consagrada Laura Cardoso. Dentre os atores locais, estão os já experientes José Luiz Ribeiro e Márcia Falabella, o diretor de fotografia Mauro Pianta, além de quatro adolescentes de grupos de teatro da Prefeitura.

Apoiado pela Lei Murilo Mendes, o filme, produzido pela Impulso, revela o cotidiano de um pequeno bairro do subúrbio. “Eu cresci numa comunidade. Sei mais ou menos como é a vida na periferia, o que o diretor pensou na hora de escrever o roteiro e ambientalizá-lo. Não sabia do elenco, não sabia de nada.Tive a grata surpresa de saber das pessoas de Minas e também da Laura”, conta Vinicius, ator de filmes, como “Abril despedaçado” (2001), “Se nada mais der certo assaltante” (2008), “Assalto ao Banco central” (2011) e “Se Deus vier que venha armado” (2014).

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O personagem principal desse drama criado por Daniel Couto e dirigido por Samir Hauaji é Zeca, de 13 anos. Com o sumiço de Barbante, o garoto, interpretado por Richard Oliveira dos Santos, sofre e vai atrás do cachorro desaparecido. A Vinicius de Oliveira coube a tarefa de dar vida ao irmão de Zeca. “Como todo jovem de lugares pequenos, ele tem um amor platônico e tenta conquistá-lo a todo custo. Ele põe na cabeça que só vai conseguir quando comprar uma moto. Ele fica nessa busca, enquanto o irmão está à procura de algo mais sentimental”, adianta esse carioca que topou o papel em “Barbante” por indicação do amigo e ator Gabriel Godoy. “O Gabriel fez um filme no ano passado com essa galera e me disse que os caras são profissionais e estão a fim de fazer um cinema bacana e sério.”

Verba quase simbólica

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Até ontem, quando conversou com a Tribuna, Daniel Couto não acreditava que teria Laura Cardoso em “Barbante”. Para toda a produção, o filme, cuja duração deve ser de 20 minutos, recebeu cerca de R$ 26 mil do fomento municipal. “Foi uma surpresa. Nosso produtor(Cezar Campos) disse que tínhamos que chamar uma atriz bacana. Deu a ideia da Laura e ligou para a filha dela. Ela pediu o roteiro e ficou de ver a disponibilidade da mãe, que aceitou. Sabemos que, para o padrão da Laura, estamos trabalhando com uma verba quase simbólica. A gente foi cara de pau”, brinca Daniel. A inspiração do roteirista para o drama é sua vivência no Bairro Poço Rico.

Daniel comenta que a intenção é começar a montagem em setembro, para, até janeiro de 2016, conseguir lançar o filme e levá-lo a vários festivais espalhados pelo país. Dependendo da resposta do público e da crítica, está nos planos emplacar um espaço em um canal de TV fechado. Apesar de as locações serem os bairros Poço Rico, Vitorino Braga e Barbosa Lage, o filme não faz qualquer menção a Juiz de Fora. “Sempre percebi uma relação diferente das pessoas que moram em bairros. Eu brincava na mesma rua, o comércio foi sempre o mesmo, a padaria de quando eu era criança é a mesma, e minha mãe sempre fez a unha no salão da vizinha. Acho que é preciso fazer um registro desse universo, dessas relações, que vão acabar se perdendo, talvez, daqui a 20, 30 anos.”

Busca pelo diferente

“Central do Brasil” é um marco na carreira de Vinicius de Oliveira. Depois de disputar uma vaga para o papel de Josué com mais de 1.500 candidatos, ele viu o longa receber duas indicações ao Oscar, em 1999, e ganhar o Urso de Ouro no 48º Festival de Berlim e o prêmio de melhor filme em língua estrangeira do Globo de Ouro. “Minha vida tomou outro rumo, não imaginava que fosse entrar na carreira e seguir nela fazendo ótimos trabalhos com reconhecimento de público e crítica”, observa ele, reconhecendo as várias razões que fazem com que seu nome, ainda hoje, seja lembrado pela obra de Walter Salles. “Entre as causas de “Central do Brasil” chamar mais atenção está o fato de ele retratar a retomada do cinema brasileiro, os vários prêmios que recebeu e a história comovente. É um filme que está muito recente na memória das pessoas, mas os outros personagens que fiz são tão importantes quanto.”

Na conversa com a Tribuna, o ator fala de “Santo forte”, em que viverá, a partir de agosto, um taxista com poderes sobrenaturais. A direção é de João Machado e Calixto Hakim com produção de Roberto D’Avila. Escrito por Marc Bechar nos moldes de seriados americanos, como “Família soprano” e “Mad men”, o filme terá em 2015 uma temporada de 13 episódios.

“”Santo forte” foi um presente pela história, ela é única. O tipo de enredo é novo, a gente não está acostumado com ele aqui no Brasil. É muito bom poder me apresentar para um público, do qual eu faço parte, muito antenado e que está consumindo série ferozmente por aqui”, assevera. “Eu não sou um ator de construir personagens antes. Prefiro que me deixem livre para ir me transformando na hora da cena, na hora em que a coisa está acontecendo. “Santo forte” foi isso o tempo inteiro, todo dia eu tinha de estar me reinventando, traçando uma linha e, quando eu podia desviar, desviava e fazia algo mais diferente ainda.”

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