Começa a valer, a partir desta quinta (1°), o novo horário de funcionamento do Hemocentro de Juiz de Fora. O atendimento à população será feito em apenas um turno: entre 7h e meio-dia de segunda a sábado, conforme a coordenação da unidade. Até então, a instituição atendia das 7h às 17h, nos dias úteis, e das 7h às 11h aos sábados, ou seja, carga horária de 54 horas semanais. Com a mudança, serão 30 horas semanais para receber doação de sangue e realizar cadastro de medula – o que representa uma redução de cerca de 45% do horário de atendimento.
A restrição ocorre devido à queda no número de profissionais que trabalham na unidade, segundo a coordenação do Hemocentro, que também alegou não “restar alternativa a não ser reduzir o período de atendimento aos doadores”. Em nota encaminhada à Tribuna, a Fundação Hemominas explicou que cada unidade possui especificidades e horários próprios e que, até o momento, a previsão é de que a redução no horário de atendimento ocorra apenas em Juiz de Fora. Ainda conforme a instituição, a mudança foi pautada em um estudo que identificou maior fluxo de atendimentos durante o período da manhã. Na explicação, o Hemominas informou que também foi elaborado um plano de otimização do atendimento em Juiz de Fora, Muriaé e Cataguases, que “permitirá a ampliação do serviço”.
Ainda que não tenha sido oficialmente comunicada pelo Hemocentro, a titular da Ouvidoria Municipal de Saúde, Samantha Borchear, lamenta a medida. Para a ouvidora, a redução impactará o estoque e prejudicará os pacientes que necessitam de doações. “Nos preocupamos com a decisão, pois é um equipamento que atende a uma grande região, que presta excelentes serviços à população, e está condenado devido a escassez de recursos humanos. Sabemos que a demanda no local é intensa, não só para doações e manuseio de sangue, mas também para atendimento a pacientes com patologias graves, que estão tratamento e serão diretamente afetados. É uma lástima tal situação”. Apesar disso, Samantha afirmou que a ouvidoria está à disposição da comunidade para defender a manutenção dos horários habituais.
Conselho e Comissão de Saúde manifestam preocupação com medida
Secretário-executivo do Conselho Municipal de Saúde, Jorge Ramos, afirmou, porém, que o coordenador do Hemocentro de Juiz de Fora, João Paulo Baccara, esteve na sede do órgão, na quinta-feira passada (25), para comunicar a decisão. Diante da redução do horário de atendimento, o secretário afirmou que o conselho encaminhou um documento ao Governo de Minas relatando a preocupação do órgão quanto à medida.
Presidida pelo vereador Antônio Aguiar (MDB), a Comissão de Saúde Pública e Bem-Estar Social da Câmara Municipal protocolou, no início deste mês, uma representação, enviada à Fundação Hemominas, em Belo Horizonte, solicitando informações sobre a redução nos horários para a coleta de sangue. No entanto, de acordo com o parlamentar, a instituição ainda não retornou sobre a questão. Na avaliação de Aguiar, o problema da falta de servidores, justificativa alegada pelo Hemocentro, poderia ter sido solucionado de outras maneiras. “No meu entendimento, poderiam ter sido buscadas parcerias, (por exemplo), com a universidade e com a própria Prefeitura, que poderiam ceder alguns profissionais em horários específicos, para que não houvesse uma descontinuidade na assistência. (A redução do horário de atendimento) eu considero uma questão de risco, visto que a doação de sangue ainda é um dos problemas na saúde pública”.
O vereador ainda apontou, como consequência da medida, uma possível redução no estoque de sangue, uma vez que a restrição na jornada poderá impactar no comparecimentos dos doadores. “A doação é de graça, tanto pela fundação, quando transfere o sangue para os hospitais, quanto para quem realiza a doação. Quando há uma imposição de limite de horário, há uma restrição à disponibilidade do doador. O doador, que é voluntário, deveria ter um horário ampliado para que tenha motivação e consiga se deslocar com mais facilidade até o Hemocentro”, pontuou.