Previsto para acabar em janeiro de 2023, as pesquisas para o Censo foram adiadas mais uma vez. Conforme nota do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada na última quarta-feira (25), o levantamento será mantido ao longo de fevereiro em todo Brasil. Em Juiz de Fora, 15 mil domicílios não responderam a pesquisa, o que equivale a cerca de 8% do total estipulado: 187.190 domicílios.
A falta de resposta, no entanto, não diz respeito à abordagem dos recenseadores, pelo contrário, 75% dos setores censitários já foram finalizados, com a cobertura territorial completa e as entrevistas feitas. Nos 25% restantes, ao longo do mês de fevereiro, o IBGE vai fazer uma varredura nos domicílios, verificando aqueles que estão vagos.
A principal causa do déficit de retorno nas pesquisas é a recusa ou o morador ausente. Ou seja, pessoas que por algum motivo não querem responder a pesquisa do Censo ou não estão em casa na hora que o recenseador passa. A estratégia agora, segundo Ana Cândida, representante do IBGE em Juiz de Fora, é a busca ativa. “Estamos enviando notificações aos domicílios que estão nesta situação, solicitando o contato do morador com o IBGE para a realização da pesquisa com agendamento do melhor horário, pelo telefone ou internet.”
No último mês, segundo Ana, os trabalhos perderam um pouco o ritmo, por ser período de férias e muitas pessoas estarem ausentes da cidade. Além disso, as chuvas intensas dificultaram os trabalhos dos 200 recenseadores que atuam em Juiz de Fora. Conforme previsão do instituto, os primeiros dados serão divulgados em abril. Ana explica que todas as pesquisas já feitas na cidade foram transmitidas para o banco de dados central e já estão sendo processadas.
O tempo agora é curto e, por isso, a representante solicita que as pessoas façam um esforço para atenderem o agente do IBGE, “pois necessitamos das informações para apresentar um resultado fidedigno”.
A previsão inicial era concluir o recenseamento da população em outubro de 2022. O prazo, no entanto, foi adiado para meados de dezembro do mesmo ano. Todavia, em dezembro, o IBGE estimou que só seria possível concluir o Censo 2022 em janeiro de 2023.
Censo transparente
Um comunicado divulgado pela Comissão Consultiva do Censo 2022 teve o objetivo de reafirmar “a transparência na divulgação dos dados censitários”. Segundo o texto, a instituição veio a público repudiar os “ataques infundados que o censo demográfico vem sofrendo nos últimos dias”. Anteriormente, em entrevista à Folha de São Paulo, Roberto Olinto, ex-presidente do IBGE, classificou o Censo 2022 como uma “tragédia absoluta”.
Ainda na entrevista, o ex-presidente questionou a credibilidade dos dados levantados. Na carta, a comissão enfatizou que “propostas sem respaldo técnico, neste momento, como a auditoria dos dados e a realização de novo Censo, apenas colocam em xeque, de forma indevida, a reputação do corpo técnico do IBGE, instituição construída ao longo de décadas e reconhecida internacionalmente, sem contribuir para uma discussão mais qualificada sobre o tema” e que “como o Censo ainda não foi concluído, a discussão nesses termos apenas tumultua e dificulta a conclusão de um processo ainda em andamento”.