A pouco menos de quatro meses do carnaval, que acontece no final de fevereiro, a Câmara Municipal de Juiz de Fora realizou, na noite de terça-feira (29), uma audiência pública para saber os planos da Prefeitura, da Liga das Escolas de Samba de Juiz de Fora (Liesjuf) e da Associação de Entidades Carnavalescas de Juiz de Fora e Região (Aesbloc), entre outros, para um dos principais eventos culturais da cidade. A audiência, solicitada pelo vereador Wanderson Castelar, contou com a presença de outros representantes do Legislativo, das escolas de samba, blocos carnavalescos, Prefeitura e outras pessoas interessadas no tema.
O diretor-geral da Funalfa, Zezinho Mancini, se mostrou compreensivo quanto aos questionamentos e preocupações a respeito da estrutura para o próximo carnaval, mas pontuou a necessidade da aprovação da Lei Orçamentária de 2020 para poder, assim, definir o que o governo municipal poderá oferecer. Segundo Castelar, a expectativa é de que o Executivo envie a proposta em novembro e que a votação aconteça até dezembro.
De acordo com Zezinho, existe um valor previsto, a princípio, para os eventos carnavalescos, mas que sem a aprovação da Lei Orçamentária não se pode divulgar nenhuma proposta ou possibilidade. “Por ser um tema relevante, que impacta a vida de muita gente, dar uma informação sem definição completa seria um desserviço nosso, dado o momento em que a reunião foi solicitada. Não podemos falar especificamente sobre o orçamento, o que vai ter, se teremos desfile; ainda é uma incógnita. O que podemos dizer é que há um recurso previsto para ser utilizado nas atividades como um todo.”
Se a questão financeira é questão que gera cobranças e explicações, por outro lado, Zezinho viu como positiva, na audiência pública, a importância de todos estarem dispostos a pensar no bem comum. “Há um discurso de união, a tônica foi essa. Muitos dos que se manifestaram falaram disso, foi uma coisa bonita diante de um cenário de adversidade que permanece. Dá pra ver que temos uma evolução e profissionalização no que diz respeito à realização da festa”, elogia.
“Existe o entendimento que um evento cultural de grande porte, que envolve vários serviços – hotelaria, transportes, gastronomia – consegue se manter por si”, acrescenta. “Esse discurso, hoje, também está na boca dos realizadores do carnaval, que buscaram outras alternativas, como o apoio das cervejarias artesanais. Se o empresariado participa ativamente, significa que temos um movimento além do poder público, o que estamos propondo desde 2017, e que começa a render frutos. Mesmo com as discordâncias, que são naturais, todos querem que o carnaval aconteça da melhor forma, independente de posição política.”
“Vai ter carnaval?”
“Queríamos reproduzir a pergunta que todos fazem: ‘Vai ter carnaval? Quais são os planos da Prefeitura, dos blocos, das escolas de samba?”, explica Castelar. “Os blocos e escolas deram suas respostas, a Prefeitura é que não levou a sua. Estamos a pouco mais de três meses do carnaval, e não temos definição em termos do Poder Público, que ainda está em fase de estudos, de discussão interna. Mas é preocupante, porque vai desmobilizando, jogando um balde de água fria, desestimulando o investimento privado. Sem um planejamento, sem o poder público dizer qual será o seu compromisso, fica difícil. A partir do que pode ser oferecido, todo mundo pode se adaptar a tempo.”
Apesar das críticas, o vereador aponta que também houve um lado positivo. “Foi importante ver o discurso de unidade, de reconhecer a importância da festa, o interesse do poder público e a aliança com o setor privado, a possibilidade de aumentar o apoio à festa. Ter a consciência que o carnaval não é gasto, e sim um investimento, que tem condições de se pagar. Ele tem como contrapartida o aumento da arrecadação, incentivo ao turismo, consumo, aumento de emprego e renda etc.”
Para Castelar, seria fundamental, ainda, que o Governo municipal pensasse o planejamento do carnaval a longo prazo, e não ano a ano. “Fazer o planejamento para uma década, de forma mais rentável e sustentável para o município. Temos o exemplo de Belo Horizonte, que era considerado ‘o túmulo do samba’ e hoje é uma das cidades que mais atrai pessoas para o carnaval.”
À espera
Enquanto a definição financeira não acontece, Zezinho Mancini lembra que a Funalfa tem se reunido e negociado diretamente com a Aesbloc e Liesjuf, entre outros, sobre suas demandas – e em ordem de prioridade. “A Liesjuf, por exemplo, apresentou uma proposta que estamos estudando, e que seria uma mudança grande em relação ao que estava sendo realizado”, diz, mas sem poder dar mais detalhes. “Mesmo que não tenhamos outra audiência pública, esses encontros específicos vão prosseguir quando tivermos a definição do orçamento.”