Moradores e comerciantes de bairros como São Mateus, Alto dos Passos, Bom Pastor e Santa Luzia, na Zona Sul, São Pedro, na Cidade Alta, Benfica e Santa Cruz, na Zona Norte, cobram agilidade na implantação das câmeras do “Olho vivo”. Em abril de 2013, durante assinatura do protocolo de intenções entre Prefeitura e Polícia Militar, a promessa era de que a região central seria a primeira contemplada com câmeras de videomonitoramento, e, numa segunda etapa, os bairros. Mas a instalação dos primeiros equipamentos aconteceu paralelamente no Centro e no Manoel Honório, região Leste. Enquanto isso, os outros bairros aguardam para receber os dispositivos. A previsão é de que os 54 pontos estejam operando até dezembro, mas até o momento menos da metade (24) está em funcionamento (ver quadro). A PM diz que o cronograma segue dentro do previsto. A Prefeitura, no entanto, confirmou que houve atrasos pela empresa contratada devido a problemas operacionais para a instalação de alguns equipamentos, mas a expectativa é de que os outros 30 aparelhos estejam funcionando até o Natal.
A Tribuna circulou pelos bairros para verificar a situação nos endereços que receberão as câmeras e, na maioria, encontrou apenas a base que receberá os suportes. “No Alto dos Passos e São Mateus, só causaram transtornos para passagem dos fios e construção das caixas, e, até agora, nada. A segurança ainda não chegou”, comenta o desempregado Eurico José Neves, 52 anos. Funcionária de uma videolocadora no São Mateus, Marcela Gorete, 30, conta que o estabelecimento já foi assaltado e diz aguardar ansiosa a implantação das câmeras. “Acompanho as notícias e vejo que no Centro a instalação já acabou. Já instalaram no Manoel Honório e por que ainda não veio para São Mateus? A violência aqui está crescente.” Uma moradora do Santa Luzia que trabalha no Manoel Honório relatou a diferença entre as duas regiões. “Trabalho no Manoel Honório e lá me sinto mais segura. As câmeras estão surtindo efeito. Estou acompanhando as prisões feitas em razão dos equipamentos. Só não entendo por que a instalação no Santa Luzia ainda não foi feita.”
Perigo para pedestres
No Santa Luzia, a preparação para o recebimento dos equipamentos foi realizada há cerca de três meses. “Fizeram vários buracos, mas até hoje nada”, conta o gerente de uma loja de material de construção Leonardo Silva, 28. No Alto dos Passos, lojistas afirmam que as adequações para instalação dos suportes já foram feitas há mais de um mês e que a base de concreto com parafusos acaba propiciando quedas. Na Rua Morais e Castro, esquina com a Barão de São Marcelino, o obstáculo está em frente a uma faixa de pedestres. “Do jeito que está não dá. Deixaram somente a caixinha mais alta que o nível do passeio e em frente à travessia”, diz o confeiteiro Fernando Dornelas, 40.
Previsão de conclusão até o Natal
O programa “Olho vivo” do Governo estadual, que em Juiz de Fora só saiu do papel devido à parceria inédita entre a Administração Municipal e a 4ª Região de Polícia Militar, tem como objetivos aumentar a sensação de segurança e frear os registros de ocorrências, como assaltos a pedestres. Os equipamentos entraram em fase de testes em julho e já resultaram em prisões e apreensões de drogas e armas, evitando ainda outros tipos de crimes já que o acompanhamento das imagens é feito em tempo real, durante 24 horas, por profissionais contratados pela Prefeitura e supervisionados por militares.
Para a instalação das câmeras foram considerados fatores como áreas comerciais, grande concentração de pessoas, índices de criminalidade avançados e viabilidade técnica. Porém, no Centro – dentro do quadrilátero formado pelas avenidas Rio Branco, Francisco Bernardino, Itamar Franco e Rua Benjamin Constant -, houve dificuldades operacionais que acabaram por atrasar o processo, como justificou o secretário de Governo da Prefeitura, José Sóter de Figueirôa.
“Fazemos reuniões semanalmente, e o cronograma vem sendo alterado por dificuldades apresentadas pela empresa que está instalando os equipamentos. As dificuldades são pertinentes. Nas proximidades do Cine Theatro Central, por exemplo, foi ainda mais difícil por conta das técnicas de remoção do piso de pedras portuguesas. Outros empecilhos vêm ocorrendo, mas agora a perspectiva é de cumprimento dos prazos. Até o Natal, acreditamos estar com todas as 54 em funcionamento.”
Novas instalações
A previsão é de que 16 equipamentos sejam instalados na Zona Sul, nos bairros Alto dos Passos, Bom Pastor, São Mateus e Santa Luzia. Em seguida, outras oito serão implantadas em Benfica e Santa Cruz, na Zona Norte. “Como os cabos estão seguindo via férrea, liberada pela MRS, a implantação na Zona Norte é bem mais rápida.” Por último, o São Pedro, na Cidade Alta, receberá câmeras em cinco pontos. Segundo o secretário, não houve prioridade em relação ao Manoel Honório. “O que aconteceu é que, como os cabos saem da estação de controle, que fica na sede do 2º Batalhão da PM, em Santa Terezinha, eles teriam que passar pelo Manoel Honório para chegar ao Centro.”