A Polícia Militar prendeu oito pessoas, na tarde de domingo (29), quando tentava encerrar uma festa clandestina que ocorria no Bairro Barreira do Triunfo, Zona Norte de Juiz de Fora. O evento reunia cerca de 400 participantes e chegou a atrapalhar o trânsito na Avenida Presidente Juscelino Kubitscheck, principal via do bairro e onde ocorrências semelhantes já foram registradas. Segundo a PM, para conter os integrantes da festa, que chegaram a apedrejar uma viatura e teriam tentado agredir a equipe, os militares precisaram fazer disparos com balas de borracha.
Ainda conforme a corporação, os policiais foram acionados para atender uma ocorrência de perturbação do sossego com aglomeração de pessoas em uma cavalgada que ocorria na via. Ao chegarem ao endereço, os policiais se depararam com cerca de 400 pessoas, sem máscaras e tomando parte da avenida.
O documento policial aponta que ninguém se apresentou como responsável pelo evento. Diante disso, um dos militares usou um microfone destinado a um cantor que se apresentaria mais tarde no local para pedir que o evento fosse encerrado e que as pessoas se dispersassem. De acordo com a PM, o policial explicou sobre o decreto municipal que proíbe aglomerações durante a pandemia e deu o prazo de 20 minutos para que as pessoas saíssem.
Também segundo a corporação, enquanto aguardavam o prazo, como a via estava parcialmente ocupada por cavalos e carros estacionados irregularmente, os militares pediram que veículos e animais fossem retirados. Os participantes teriam acatado a ordem, porém, um deles, 34 anos, teria começado a incitar outras pessoas a permanecerem com os carros no local e dito que “a gente que paga os salários deles. Estamos nos divertindo, quero ver quem vai tirar a gente daqui”.
Participantes teriam resistido à ação da polícia
Neste momento, conforme o registro policial, o homem foi alertado por um militar que ele estava cometendo o crime de desobediência, desacato e resistência. Porém, o suspeito não cedeu e disse palavras de baixo calão, sendo preso. Ele resistiu, e a PM afirmou que foi necessário usar bastão, golpes pessoais e disparos de munição não letal em direção às suas pernas a uma distância de seis metros.
A partir disto, os familiares do preso também começaram a desacatar os policiais e proferirem xingamentos. A esposa do homem de 34 anos, segundo a PM, abraçou o marido para tentar evitar a prisão. Foi necessário usar um bastão para soltá-la. Ela ofendeu os militares e também acabou presa.
Em seguida, ainda segundo o documento policial, um adolescente, 15 anos, tentou agredir um sargento com um soco, também o xingou e, em seguida, chutou suas costas. Ele fugiu. Na sequência, mais pessoas desacataram os policiais. Uma mulher, 59, tentou evitar a prisão de seu filho, 32, e foi presa. Segundo a PM, suas duas filhas também tentaram impedir a ação policial e acabaram detidas.
Outro homem teria tentado agredir os militares por duas vezes, buscando, inclusive, jogar um cavalo contra a equipe, que fez novos disparos de tiros de borracha na direção das pernas do homem, que conseguiu fugir, inicialmente. No momento em que os presos eram colocados nas viaturas, outros participantes começaram a jogar pedras contra os veículos. Um deles foi danificado.
Quando iam para a delegacia, os militares encontraram, no caminho, o adolescente e o homem que jogou o cavalo contra a equipe. Ambos foram detidos. Segundo a PM, apesar dos disparos não letais, ninguém se feriu.
Polícia tem autonomia, diz PJF
No documento policial não consta que a fiscalização da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) esteve no local. A Tribuna entrou em contato com a PJF, que informou que a responsável pela ação foi a PM. Em nota, a Administração municipal disse que as atividades de fiscalização são realizadas de forma conjunta. Entretanto há ações exclusivas da PM, que possui autonomia para desmobilizar e impedir a realização dos eventos, quando necessário. “Posteriormente, a PM informa o BO ou Reds para que possamos atuar com base neles”, informou.
Reincidência
Em fevereiro deste ano, uma festa semelhante ocorreu no mesmo local da via, também em uma cavalgada. Na ocasião, no dia 21, cerca de 200 pessoas participavam do evento desrespeitando o distanciamento e o uso de máscara. A fiscalização da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) esteve no estabelecimento e realizou a dispersão da aglomeração.