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Eficácia da AstraZeneca é garantida mesmo com atraso entre duas doses

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Apesar de o intervalo recomendado entre as duas doses da vacina AstraZeneca ser de três meses, o hiato entre as duas aplicações tem sido maior em Juiz de Fora, em razão das interrupções nesta etapa da imunização por conta da falta de vacinas. Neste sábado, 28 de agosto, por exemplo, a Prefeitura (PJF) imunizou com a segunda dose da AstraZeneca os juiz-foranos que deveriam ter recebido a aplicação nos dias 15 e 16 de agosto, cerca de duas semanas atrás. O atraso tem causado dúvidas na população, que teme perda na eficácia. Entretanto, conforme o pediatra e infectologista Mário Novaes, o intervalo maior que três meses não prejudica a eficácia final da imunização, e a pessoa vacinada com a AstraZeneca ficará protegida após a segunda dose.

O especialista explica que proteção parcial da vacina, que é conferida pela primeira dose, vai caindo à medida que se aproxima o prazo para receber a segunda dose, o que é natural. Entretanto, quando a segunda dose é administrada, a eficácia final da AstraZeneca é mantida, independente do intervalo entre as aplicações.

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Em Juiz de Fora, interrupções por falta do imunizante têm aumentado hiato entre aplicações em cerca de duas semanas (Foto: Fernando Priamo)

“Quando você toma a primeira dose da AstraZeneca, ela vai te dar uma proteção de cerca de 70%. Aí você precisa de fazer uma segunda dose até 12 semanas (três meses) após a primeira, para que a proteção aumente para 82%. Mas a proteção da primeira dose vai caindo à medida que vai chegando o prazo para a segunda. O que já está provado é que um mês após a data da segunda dose (caso ela não seja aplicada), a proteção cai bastante. Então, quanto mais tempo você leva para fazer a segunda dose, mais cai a proteção. Entretanto, depois que você recebe a segunda dose, a proteção volta aos níveis normais que você teria se fosse vacinado no tempo certo”, explica Mário Novaes.

Apesar de a vacinação com a AstraZeneca estar em atraso na cidade, o especialista orienta que as pessoas busquem a segunda dose assim que o imunizante for disponibilizado, seguindo os calendários da PJF, para que o percentual de imunização volte a aumentar. “Com a segunda dose da vacina você vai estar mais protegido contra a Covid-19. Se a primeira protege X, a segunda protege muito mais do que X, inclusive para as variantes do coronavírus. Então, as pessoas têm que tirar da cabeça que se passou do prazo já não adianta mais, e ir se vacinar o mais rápido possível. Até porque, com apenas uma dose, a proteção é mais baixa e menos duradoura. Tomando a segundo dose, você aumenta a proteção de novo”, ressalta.

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Possibilidade de variantes diminui com maior cobertura vacinal

Um dos estímulos para que as pessoas não deixem de completar o esquema vacinal com as duas doses, mesmo que com atraso, é a menor possibilidade do surgimento de variantes do coronavírus. Conforme Novaes, quanto maior o percentual de cobertura vacinal, menor a probabilidade de surgirem novas variantes.

“Quando as variantes surgem com maior frequência? Quando você tem uma população não vacinada, em que o vírus circula de um para outro. Em um momento desse, o vírus vai variar. À medida que tivermos a população com um maior percentual de vacinados, a probabilidade de você ter uma variante vai ser menor”, analisa o especialista.

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Ainda que imunizadas, entretanto, é necessário que as pessoas mantenham cuidados como o uso de máscaras, distanciamento social e higienização das mãos. A imunização completa evita formas graves da Covid-19, mas ainda não evita o contágio e transmissão do coronavírus.

Falta de doses

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Ao longo do mês de agosto, a PJF já interrompeu a aplicação de doses da AstraZeneca três vezes em razão de falta dos imunizantes. A terceira interrupção, que ocorreu na última segunda-feira (23), durou três dias, e o Município retomou a aplicação na quinta, após receber mais 12.580 doses do imunizante fabricado no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Entre quinta e este sábado, portanto, completaram o esquema vacinal com a AstraZeneca aqueles que deveriam ter recebido a segunda dose do imunizante nos dias 13, 14, 15 e 16 de agosto. Pessoas que deveriam ter recebido a segunda dose a partir de 17 de agosto, entretanto, continuam com a imunização em atraso. Não há previsão para que a aplicação de segundas doses com a AstraZeneca seja retomada novamente.

A Tribuna voltou a questionar a Secretaria de Saúde a respeito da quantidade de pessoas na cidade que está com a segunda dose da AstraZeneca em atraso. A pasta municipal, mais uma vez, não respondeu. De acordo com a Prefeitura, o motivo do atraso se dá em razão de o Município não estar recebendo, por parte do Ministério da Saúde, doses suficientes do imunizante, o que tem atrasado a vacinação.
Pfizer

O Ministério da Saúde já se manifestou favoravelmente à aplicação de Pfizer como segunda dose de quem tomou a primeira com AstraZeneca em casos excepcionais. Contudo, a possibilidade ainda não é cogitada em Minas Gerais. Em nota, a Secretaria de Saúde respondeu à Tribuna que “o uso do imunizante Pfizer como segunda dose da AstraZeneca ainda não foi orientado pelo Governo do Estado. À medida que a cidade receber mais doses da AstraZeneca, a situação irá ser normalizada, e todas as pessoas com a segunda dose em atraso poderão ser imunizadas.’

A Tribuna entrou em contato com o Governo estadual questionando sobre a previsão de data para que o Município de Juiz de Fora receba novas doses da AstraZeneca. O Estado, entretanto, não havia retornado até o fim da tarde da última sexta-feira (27).

JF ainda não tem calendário para a 3ª dose

Questionada sobre a previsão do início da aplicação da terceira dose das vacinas no município, a Secretaria de Saúde da PJF informou que recebeu, na quinta-feira (26), a Nota Técnica nº 27/2021 do Ministério da Saúde, que orienta sobre a aplicação da dose de reforço na população idosa. “Entretanto, ainda não há um calendário ou cronograma de quando irá acontecer esta aplicação”, afirmou a pasta municipal, que alega ainda não ter recebido nenhum posicionamento oficial do Governo do Estado até então.

A pasta ressaltou que Juiz de Fora possui um dos melhores indicadores de vacinação de Minas Gerais e reforçou que, além da imunização, as medidas não farmacológicas, como não promover aglomeração, higienizar bem as mãos e usar a máscara corretamente, são as principais maneiras de conter o coronavírus, inclusive a variante Delta.

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