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Audiência na Câmara de JF cobra ações de combate à violência contra a mulher

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Daniela Arbex lembrou como filhos das vítimas foram afetados pelos crimes de feminicídio ocorridos em Juiz de Fora e região nos últimos anos (Foto: Felipe Couri)

A violência doméstica foi tema da concorrida audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira (29) na Câmara Municipal de Juiz de Fora. A discussão, proposta pelo vereador Jucelio Maria (PSB), lotou o plenário da casa. Além de estudantes de escolas municipais, professores da rede pública e da UFJF, representantes de coletivos feministas, do Poder Público e das polícias Civil e Militar estiveram presentes. O debate, que emocionou o público presente, teve um ponto unânime: a necessidade de se criar uma agenda pública que tenha como foco o empoderamento feminino, o acolhimento de mulheres violadas e o acompanhamento dos casos de forma multiprofissional.

Em um ano, 1.288 mulheres foram atendidas na Casa da Mulher, a maioria, 63% delas, têm entre 18 e 40 anos. Os dados revelam que, do total, 502 atendidas têm ensino médio. O segundo maior grupo, composto por mais de 200 mulheres, tem ensino superior e até pós-graduação, o que reforça a tese de que a violência doméstica atinge todas as classes sociais, embora o maior percentual de casos esteja concentrado na Zona Norte de Juiz de Fora (23%), seguidos da Zona Leste (18,5%) e Centro (15%). A Zona Sudeste aparece em quarto lugar no número de casos. O menor percentual é na Zona Nordeste. Desde que foi criada, há cinco anos e três meses, a Casa da Mulher atendeu 12.584 vítimas.

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De acordo com Jucelio, o proponente do debate, a politização da temática é um passo importante na implementação de ações efetivas e mais revolucionárias em benefício da mulher. “Temos que fazer a sociedade mais igual, mais justa e com a mulher apontando cada vez mais o horizonte para nós”, afirmou, sugerindo, ainda, que a Câmara realize um vídeo institucional sobre a temática para ser exibido antes de cada sessão.

Em sua fala, Sandra Zanella ressaltou o drama de mulheres cotidianamente espancadas, que, após denunciarem seus agressores, têm que aguardar por anos a sentença da Justiça (Foto: Felipe Couri)

Também foi discutida a necessidade de se resgatar, aprovar e cumprir o Plano Municipal para a Mulher e de revisar o Plano Municipal de Educação que foi aprovado, sim, mas com a retirada dos termos diversidade e gênero. Outro ponto apontado na audiência foi a necessidade de fortalecer as políticas públicas existentes e desenvolver novas políticas de direitos em prol da mulher. Também foi defendido o uso social do espaço da escola para construção de uma cultura de combate ao machismo e de conscientização sobre a violência que transforma mulheres em vítimas. “A escola é um lugar de cultura e de conhecimento, não de encarceramento e censura”, defendeu Eliane de Souza Ferreira, representante da Escola Municipal Adhemar Rezende de Andrade.

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Entre os convidados para falar sobre o tema estiveram as jornalistas da Tribuna Daniela Arbex e Sandra Zanella, autoras da recente série de reportagens que tratou sobre casos emblemáticos de vítimas de feminicídio em Juiz de Fora e sobre o efeito da violência junto aos familiares.

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