Um frentista de 41 anos foi baleado em assalto, na noite desta segunda-feira (27), em um posto de combustíveis às margens da BR-267, na altura de Igrejinha, na Zona Norte de Juiz de Fora. O ladrão não teria ficado satisfeito com a quantia e começou a realizar uma série de disparos. Dois dos tiros alvejaram o pescoço e a perna esquerda da vítima. Para o Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis, o crime deixa evidente a insegurança que a categoria vem enfrentando há anos na cidade. Uma das medidas que o órgão propõe para diminuir os casos de roubos contra os estabelecimentos é o fechamento após as 22h.
Todavia, no caso de Igrejinha, a ação criminosa aconteceu por volta das 19h30. Segundo informações da Polícia Militar, outro funcionário do estabelecimento, 25, relatou que ele e o colega estavam trabalhando no local, quando foram surpreendidos por um criminoso encapuzado e armado. O bandido anunciou o assalto e roubou R$ 350. O ladrão não teria ficado satisfeito com a quantia e começou a realizar uma série de disparos. Dois dos tiros alvejaram o pescoço e a perna esquerda da vítima.
O frentista ferido foi socorrido por terceiros e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte. Conforme a PM, ele foi atendido, estava consciente e estável. De acordo com a assessoria da Secretaria de Saúde, o paciente foi internado no HPS, avaliado pelas equipes de cirurgia geral e traumatologia. Ele não passou por procedimento cirúrgico, mas permaneceu em observação, lúcido e orientado.
Durante a fuga do atirador, mais dois comparsas foram vistos. Militares fizeram rastreamento na região, mas nenhum suspeito foi encontrado. A perícia da Polícia Civil também esteve no local realizando os levantamentos de praxe. O caso será investigado.
Crime recorrente
O roubo a postos de combustíveis é uma modalidade criminosa recorrente em Juiz de Fora, e outros frentistas também já acabaram baleados durante assaltos. A PM tem desencadeado ações preventivas para frear esses crimes e, no último dia 19, conseguiu evitar a investida em um estabelecimento na Avenida Brasil, no Centro da cidade. A ação começou após uma equipe em patrulhamento avistar dois rapazes de moto em atitude suspeita no interior do posto. Um jovem, 21, foi flagrado portando uma pistola 9mm carregada com cinco munições. O comparsa, 16, estava irregularmente na condução da moto. Na casa do adolescente, no Santa Cândida, Zona Leste, ainda foi encontrado um carregador de pistola ponto 40.
No dia 10 de fevereiro, três homens, de 33, 35 e 46 anos, acabaram presos em flagrante após assalto a um posto no Cascatinha, na Zona Sul. Portando arma de fogo, um criminoso que estava na carona de uma moto rendeu um frentista e roubou R$ 100. Ele ainda abordou um taxista que estava no local e pegou mais R$ 185. A PM conseguiu chegar aos suspeitos na região do São Geraldo, na mesma região. Parte do dinheiro foi recuperada, e o veículo apreendido.
No mesmo mês, pelo menos outros dois postos foram assaltados, sendo um deles localizado na Avenida Doutor Simeão de Faria, no Bairro Santa Cruz, Zona Norte, e o outro na Avenida Brasil, na altura do Ladeira, Zona Leste.
“Não há segurança para quem atua à noite”
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis, Paulo Guizelini, afirma que a categoria vem trabalhando sob preocupação, principalmente, os profissionais do período noturno. “Não há segurança para quem atua à noite. Nos locais mais desertos, como é o caso do posto em Igrejinha, não existe segurança. Lutamos para que os estabelecimentos passem a funcionar apenas até as 22h, porque hoje o frentista que fica no posto, depois desse horário, serve mais como vigia, porque o movimento é menor. Essa medida nem geraria desemprego uma vez que, geralmente, fica só um profissional no posto nesse horário”, avalia o sindicalista. Conforme Guizelini, o sindicato irá agendar uma reunião com o secretário de Segurança Urbana e Cidadania de Juiz de Fora, José Armando Pinheiro da Silveira. “Essa reunião, que também poderia contar com a sindicato patronal, servirá para discutir estratégias para aumentar a segurança nesses locais”, ressalta.
De acordo com ele, o sindicato ainda não tem um levantamento de crimes ocorridos este ano, mas pontua que o índice sempre fica abaixo da realidade, pois muitos casos não são registrados. “O frentista assaltado fica tão abalado que, muitas vezes, vai embora e não registra o caso. O trauma psicológico é outra questão que enfrentamos e que resulta até em demissão por justa causa, já que o profissional não consegue retornar ao trabalho”, observa o presidente do sindicato, acrescentando que o órgão vem prestando apoio psicológico e jurídico, além de tratamento médico aos frentistas vítimas de violência.