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UFJF formaliza uso compartilhado da ciclofaixa

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Pinturas, que não foram feitas pela UFJF, serão apagadas nos próximos dias (Foto: Leonardo Costa/Arquivo Tribuna)

Em meio às polêmicas envolvendo a utilização da ciclofaixa da UFJF, um documento assinado pelo reitor da instituição, Júlio Chebli, e pelo vice-reitor, Marcos Chein, decidiu pelo uso compartilhado do espaço. Desde o início do ano, mais de 30 pinturas feitas na faixa indicavam que a pista era de uso exclusivo de ciclistas. Porém, a sinalização não foi colocada pela universidade e será retirada nos próximos dias.

Decisão foi assinada nesta terça-feira (27)

Segundo o documento, a decisão foi baseada em exemplos no país e no exterior de faixas compartilhadas entre corredores, ciclistas e caminhantes, além de levar em consideração a necessidade de democratização do espaço de lazer e esporte em uso pela comunidade. A decisão da Reitoria de formalizar a ciclovia como espaço compartilhado foi tomada após a mobilização de corredores. “Tivemos casos de pessoas que sofreram agressões verbais de ciclistas quando corriam na faixa. Se não tivéssemos essa posição da universidade, talvez um dia esse conflito chegasse às vias de fato”, diz o triatleta Marcos Hallack, que liderou o movimento para que a UFJF reconhecesse o uso compartilhado da ciclofaixa.

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Para ele, o fato de a faixa ser circular e instalada em um espaço público utilizado como lazer atestam que o espaço não foi feito para treinamentos profissionais. “Até mesmo o ‘gelo baiano’ que foi instalado para dividir a faixa já indica que não é recomendado para treinamento em alta velocidade, porque é um risco para o próprio ciclista.”

[Relaciondas_post]  Na visão de Hallack, é preciso haver bom senso, respeito à mão de direção e, agora, a delimitação de velocidade na ciclofaixa. “Mais do que isso, é fundamental ceder ao primeiro sinal gentil de passagem. Estamos acostumados ao caminhão jogar a culpa no carro. O carro na moto. A moto na bicicleta e a bicicleta nas pessoas. Isso não pode ocorrer. O mais forte deve sempre proteger o mais fraco.” Por meio de sua empresa de assessoria esportiva, Hallack irá confeccionar as placas de sinalização, que serão instaladas pela UFJF. A implantação das placas foi acordada também durante o encontro do atleta com o reitor e o vice-reitor.

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“Sou cliclista, ganhei a vida em cima de uma bicicleta, mas, como um espaço de lazer, não consigo enxergar o local como um ambiente que não possa ser compartilhado. Acredito que houve um equívoco, corrigido a partir desta decisão, que não vai mais estabelecer diferenças entre as pessoas”, conclui Hallack.

Para a presidente da Associação dos Ciclistas de Juiz de Fora, Giovanna Rezende, a decisão não traz prejuízo aos ciclistas. “O reitor e o vice-reitor formalizaram algo que já deveria ser natural. Ali é um espaço público, onde já deveria haver respeito entre todos. Não existem só corredores e ciclistas. Existem também as pessoas que usam skate, patins. Precisa haver uma parceria entre todos”. Giovanna ressalta que a ciclofaixa da UFJF não é um espaço recomendado para quem anda de bicicleta com objetivo de competir ou melhorar desempenho. “Não é um local para andar em alta velocidade.”

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Municípios como Curitiba já adotam ciclovia compartilhada (Foto: Joel Rocha/ Divulgação Prefeitura de Curituba)

O advogado Pablo Matheus Pontes Gomes, que integra o grupo que requereu o reconhecimento da faixa compartilhada pela UFJF, defende que a Reitoria tem autonomia para decidir sobre questões administrativas do campus. “Historicamente esse espaço já é utilizado para corrida. O que fizemos foi mostrar que era um costume local e que alguém, por alguma razão, pintou que ali era proibido correr. E as pessoas começaram a acreditar que ali era uma área exclusiva delas, embora, por todo o sempre, o espaço era compartilhado.”

O presidente da ONG Mobilicidade, Guilherme Mendes, concorda com o compartilhamento, mas critica o que chama de “privatização” do espaço pelas equipes de corrida que usam a UFJF para treinar seus alunos. “O que percebemos é que as equipes de corrida têm usado a ciclovia para fazer treino, impedindo os ciclistas de trafegar. Não entendemos que isso é compartilhamento. Realmente, em outras cidade, a ciclovia compartilhada funciona.”

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Uma corredora amadora que frequenta a UFJF, mas preferiu não ser identificada, tem a mesma visão. “Concordo com o compartilhamento. Porém, o problema é que as academias podem acabar loteando ainda mais os espaços da universidade. Já presenciei uma delas colocando aqueles cones marcadores na ciclofaixa para treinamento, o que pode atrapalhar outras pessoas. Além disso, elas são empresas e cobram por isso”, diz.

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