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Adolescente de 13 anos que teve mão decepada perde a outra mão

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O adolescente de 13 anos que teve a mão direita decepada após tentativa de homicídio perdeu a outra mão no Hospital de Pronto-Socorro (HPS), segundo informou a Secretaria de Saúde nesta quarta-feira (28). A cruel tentativa de homicídio aconteceu na Vila Olavo Costa, Zona Sudeste, na manhã de terça (27). Ainda conforme a assessoria da pasta, o jovem passou a tarde seguinte ao crime no centro cirúrgico e permaneceu em estado grave, sedado e entubado.

A ação violenta, segundo o boletim registrado pela Polícia Militar, teria sido motivada por vingança em razão do duplo homicídio ocorrido no último sábado, na mesma rua em que aconteceu o atentado brutal contra o jovem, a Hortogamini dos Reis. O caso está sendo apurado pela Delegacia Especializada de Homicídios e, de acordo com o titular Rodrigo Rolli, investigadores estiveram no bairro intimando familiares do adolescente ferido. A expectativa é de que eles sejam ouvidos na próxima semana. Já os policiais militares que atenderam a ocorrência e informaram a autoria relatada pela própria vítima, devem prestar depoimento na próxima segunda (2).

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Segundo o registro policial, o suspeito de desferir os golpes contra o jovem, possivelmente com um facão, seria outro morador, 31, parente de Elder Luiz Diogenes Justino, 26, executado no interior de um bar com oito tiros três dias antes. Uma carteira de identidade e um celular do suspeito foram encontrados pela PM durante as buscas em um dos escadões de acesso ao local conhecido como Terreirão. Segundo Rolli, Elder teria saído recentemente do sistema prisional e respondia, só na Especializada de Homicídios, a cinco inquéritos, além de outros quatro relacionados a tráfico e porte ilegal de arma. Ele seria o principal alvo do duplo assassinato, que também tirou a vida de Washington dos Reis, 38, encontrado na via pública com três perfurações à bala, próximo ao mesmo bar.

Os disparos partiram de um Gol ocupado por dois criminosos. “Não sabemos efetivamente a causa do crime, mas ou está ligada ao tráfico ou aconteceu em represália a mortes anteriores, mas também tem o tráfico como pano de fundo, porque as mortes no passado foram por disputa (de pontos de drogas)”, analisou o delegado. Ele acrescentou que o retorno de Elder ao bairro teria reavivado os confrontos por bocas de fumo na região entre rivais.

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“A rivalidade sempre existiu, mas havia diminuído porque os dois grupos haviam sido desmantelados, fizemos várias prisões, e outros integrantes deixaram o bairro. Agora o pessoal da outra parte não quer que voltem a tomar os pontos, estão ameaçando, intimidando e matando.”

Rodrigo Rolli, delegado

Ainda de acordo com Rolli, os dois suspeitos do duplo homicídio estão identificados. O adolescente que perdeu as duas mãos não teria sido um dos atiradores, mas a suspeita é de que ele possa ter contribuído de alguma forma para a ação, motivando a vingança. “Ele não teve participação direta não, temos investigado outros dois autores. Acredito que essa represália é porque, provavelmente, tenha dado aos executores a localização das vítimas naquele dia, indicando o bar onde Elder estava bebendo”, disse Rolli, ponderando que todas as informações ainda deverão ser confirmadas por meio dos depoimentos.

Requintes de crueldade
A Vila Olavo Costa está prestes a receber o programa estadual de prevenção a homicídios Fica Vivo, voltado para adolescentes e jovens entre 12 e 24 anos. O bairro é um dos mais violentos da cidade e contabiliza 46 mortes por ações criminosas entre 2012 e 2017, conforme mostrado pela Tribuna em janeiro pela série de reportagens “Vidas perdidas – um raio X dos homicídios em JF”. Antes do duplo assassinato, no entanto, a Olavo Costa estava desde o fim do ano passado sem registrar mortes violentas.

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O atentado contra o garoto de apenas 13 anos evidenciou uma maldade inédita em Juiz de Fora, deixando os moradores alarmados. Além de ter a mão direita decepada e a esquerda praticamente arrancada do braço no momento do crime, a vítima foi atacada com um corte profundo no pescoço e outro no ombro esquerdo. “Foi uma resposta com requintes de crueldade. Logo que aconteceu, achamos que o adolescente poderia ter pego droga de algum traficante, por causa da mão cortada, mas não”, observou o delegado. Segundo ele, os policiais também estiveram no hospital, e foi solicitada cópia do prontuário médico. “O investigado está escondido, mas estamos correndo atrás para encontrá-lo, ouvi-lo e, se for o caso, prendê-lo. Vamos concluir as investigações e pedir a prisão dele”, concluiu Rolli.

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