Atualizada às 19h25
A 30ª Companhia da Polícia Militar, responsável pelo policiamento no Centro de Juiz de Fora, deixou de funcionar na Praça da Estação. A saída da sede física da companhia aconteceu, segundo a PM, a pedido da Prefeitura de Juiz de Fora, que havia cedido, em 2011, o espaço do Edifício Wagner Pereira para a corporação e estaria pagando o aluguel até então. A informação é de que os policiais têm até o próximo sábado (30) para deixar o espaço. A 30ª Companhia passa a funcionar no 2º Batalhão, no Bairro Santa Terezinha, região Nordeste, a cerca de quatro quilômetros da agora antiga sede no Centro.
A assessoria de comunicação do 2º Batalhão informou que o pedido de desocupação foi feito pela Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania, “tendo em vista que (a secretaria) não tem mais como arcar com as despesas para que a companhia continue no local”. Segundo a nota, a mudança para o prédio do comando do 2º Batalhão é por tempo indeterminado. Na manhã desta quarta-feira (27), policiais faziam a mudança dos materiais para Santa Terezinha. A companhia no Centro já não está mais atendendo ao público, e o letreiro que indicava a unidade policial também foi retirado. A PM informou que não haverá impacto para a segurança e já está avaliando outro local para que a Companhia retorne ao Centro o mais breve possível.
Conforme matéria divulgada na Tribuna no dia 19 de agosto de 2011, quando foi inaugurada a sede no Centro, o comando da 4ª Região da PM informou que a instalação da 30ª Cia na Praça da Estação visava a aproximação da polícia com a comunidade, além de tornar mais eficiente o combate ao crime. Uma matéria publicada no site da Prefeitura, no mesmo dia, afirmava que o Executivo Municipal, que na época era chefiado pelo ex-prefeito Custódio Mattos, pagaria o aluguel do prédio e que a função era “de ampliar a segurança pública na área central da cidade”.
Sindicato do comércio defende mobilização
A saída da Companhia da Praça da Estação, um dos pontos de maior movimento do Centro, preocupa a população. Um comerciante que atua nas proximidades acredita que a desocupação pode agravar a violência no Centro. “É uma perda muito grande para a cidade. Aqui é um local de muito movimento, porta de entrada de muita gente que chega pelo terminal de ônibus que fica nas proximidades. Eu tenho comércio nas imediações e vejo muita gente de má índole. Acredito que a segurança vai ser prejudicada”, disse, sem querer se identificar.
A comerciante Adriana Zambelli, dona de outro estabelecimento comercial nas imediações, considera “muito ruim” a saída dos policiais do local. “Tenho o empório faz seis anos, e a segurança aqui melhorou muito depois que a Companhia veio para cá. Aqui é uma área que, mesmo com a PM, tem problemas. A saída da sede vai trazer muita insegurança, será uma perda enorme”, comentou.
Maicon Soares é dono de um hortifrúti na esquina das Rua Marechal Deodoro com a Avenida Getúlio Vargas. Ele vê com preocupação a desocupação da sede. “Era uma segurança a mais que tínhamos. Não inibia 100% o cometimento de crimes, mas inibia os criminosos, que ficavam com medo de ser presos. É muito preocupante, espero que tenha uma solução”, comentou.
O presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, disse que a saída da 30ª Companhia já estava sendo debatida pelas entidades ligadas ao comércio. “Este assunto já vem se arrastando faz algum tempo. Entendemos que a Prefeitura de Juiz de Fora, assim como as outras do país, esteja passando por problemas financeiros, mas a saída da companhia é um fator preocupante. A base estava em um local estratégico. A saída afeta a sociedade como um todo, traz insegurança”, disse.
Beloti afirmou que chegou a ser ventilada a possibilidade de a unidade funcionar em seu local antigo, no prédio onde hoje funcionam a Prefeitura e a MRS. “Não sei como ficou esta questão, se o local é viável. Vamos tentar com os deputados federais de Juiz de Fora alguma ajuda, é um assunto de interesse coletivo, tem que haver uma mobilização e envolver vários segmentos”, afirmou.
Coronel garante que segurança não será afetada
Segundo o comandante da 4ª Região da PM, coronel Alexandre Nocelli, o imóvel da Praça da Estação era alugado pela Prefeitura, que arcava com os custos da locação. “Pediram o prédio e tivemos que recolher a companhia ao 2º Batalhão, até conseguirmos uma nova sede no Centro. Mas é bom que fique bem claro que o policiamento no Centro fica mantido da mesma maneira.” Ainda conforme ele, o Executivo chegou a disponibilizar outros locais, mas a PM ainda está em fase de estudos para encontrar o endereço mais conveniente. “Já está bem encaminhado. Mas, como o imóvel é locado e precisa ser devolvido ao proprietário, vamos recolher ao 2º Batalhão e, assim que encontrarmos outro lugar adequado, voltamos novamente com a sede para o Centro.”
Conforme o comandante da 30ª Cia, capitão Alexandre Barbosa Antunes, as negociações com a Prefeitura vêm acontecendo já há algum tempo, e o Executivo teria, inclusive, oferecido outros imóveis para serem sede da companhia. No entanto, os locais não teriam a estrutura necessária. “Em contrapartida, nós chegamos a sugerir outros dois imóveis da Prefeitura aonde a sede poderia se fixar, mas nos disseram que já havia outros planos para estes locais. Não conseguimos achar uma solução para esse problema e acabamos sem alternativa.” Uma preocupação é o tempo de deslocamento entre o Centro e o batalhão em Santa Terezinha.
Bases comunitárias
Em relação à falta de uma base da polícia no coração da cidade, o coronel Alexandre Nocelli disse que pretende suprir a demanda com as bases comunitárias móveis e o ônibus utilizado pela corporação. A ideia é alternar os veículos em pontos de grande circulação de pessoas, como o Calçadão da Rua Halfeld, a Praça Antônio Carlos e a própria Praça da Estação. “Não vai faltar referência. O policiamento continua sendo lançado, o esquema tático não muda. Como a base comunitária tem essa característica de ser dinâmica, pode atender a vários locais, como praças e pontos estratégicos já mapeados.” Conforme o comandante, os veículos possibilitam os Registros de Eventos de Defesa Social (Reds), mas a população também pode recorrer ao Centro de Registro de Ocorrência Policial (Crop) do Santa Cruz Shopping.
Apesar de não haver prazo definido para o retorno da 30ª Cia ao Centro, o coronel garantiu que a situação será resolvida assim que possível. “Não pode ser qualquer local. Temos que guardar viaturas e precisamos de segurança por causa dos armamentos. Tem alguns requisitos e questões que precisam ser verificados.”
A Prefeitura de Juiz de Fora informou que a manutenção da sede da 30ª Cia no local foi inviabilizada por questões financeiras junto ao proprietário do imóvel, mas a PJF já vem, em conjunto com a PM, buscando outro local que atenda às necessidades da corporação.