O Hospital Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ) e a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo realizaram, na manhã deste sábado (27), um mutirão para atender pacientes diabéticos. A ação teve como foco a prevenção de uma das principais complicações trazidas pela doença, a perda visual. A iniciativa foi promovida pela Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo em parceria com o Departamento de Endocrinologia do hospital e aconteceu de forma sincronizada com outras mobilizações realizadas em todo o Brasil, em campanha que já se repete há dez anos.
“O mês de novembro, além do Novembro Azul, que fala da prevenção ao câncer de próstata, é também o mês do diabético. Então, essa é uma campanha voltada exatamente para fazer um rastreio da retinopatia diabética”, explicou a médica Glauce Cordeiro Ulhôa Tostes, professora de Medicina na Suprema e coordenadora do Departamento de Endocrinologia do HMTJ.
Os trabalhos foram realizados entre 8h e meio-dia, e a equipe atendeu exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já após a primeira hora de exames, cerca de 30 pacientes diabéticos já haviam sido avaliados, em trabalhos capitaneados por uma das diretoras da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, a oftalmologista com subespecialidade em retina Silvana Vianello. Cerca de cem pacientes eram esperados no mutirão.
Nos casos em que complicações foram identificadas, os pacientes foram orientados a iniciar tratamento oftalmológico. “O diabético pode ter várias complicações. A retinopatia diabética é uma complicação microvascular que acomete todos os tipos de diabetes: o tipo 1, o tipo 2 e o diabetes gestacional também”, explica Glauce.
Em muitas situações, a pessoa vive com a condição por algum tempo sem saber. “Quando o diabético, principalmente do tipo 2, abre o quadro de diabetes, muitas vezes já tem a retinopatia. Isso porque, em vários casos, ele já tem a doença há vários anos antes de receber o diagnóstico. No diabetes tipo 1, que é uma abertura mais aguda, o paciente desenvolve essa complicação a partir de cinco a dez anos de doença, geralmente, já na fase adulta”, explica a coordenadora do Departamento de Endocrinologia do HMTJ. Ela reforça que o desenvolvimento da doença com complicações visuais é mais raro em crianças e pode incidir a partir da adolescência.
Importância do diagnóstico precoce
“As complicações podem levar à perda visual completa e à cegueira. É uma perda que, muitas vezes, é prevenível quando a gente identifica essas alterações no começo. Existem tratamentos para a retinopatia, e se o tratamento é efetivo no começo, conseguimos preservar a visão desse paciente”, detalha. Glauce ainda explica que, para além da identificação de possíveis complicações visuais nos pacientes examinados, a ação também visa conscientizar a população sobre os riscos e a prevenção do diabetes.
“A forma do diabetes mais comum é o do tipo 2, que surge, na maioria das vezes, com a idade. A gente tem tido um aumento muito grande da incidência de diabetes do tipo 2 associado ao estilo de vida. As pessoas estão muito acima do peso, estão sem atividade física. Isso colabora com esse aumento dos casos. A forma que temos para rastrear é fazendo uma glicemia. Assim, a pessoa sabidamente diabética precisa fazer exames de rotina para monitorar”, afirma.
A médica explica ainda que é necessário permanecer atento a alguns sinais. “As pessoas que estão, por exemplo, tomando água demais, urinando muito, perdendo peso mesmo com a fome aumentada e comendo mais que o habitual, precisam ligar o sinal de alerta para a possibilidade de um quadro de diabetes. Quem tem histórico familiar de diabetes também. Se a pessoa tem, por exemplo, pai e mãe diabéticos, a chance dele ser diabético é maior, e o diagnóstico precoce ajuda no controle. Quanto mais cedo o paciente alcança esse controle, sabe da doença, toma as providências de mudança de estilo de vida, mas ele previne as complicações do diabetes”, diz.