Juiz de Fora atingiu uma importante marca neste fim de semana, quando o boletim epidemiológico da Prefeitura, publicado no último domingo (25), destacou que mais de 100 mil pessoas já haviam sido vacinadas com a primeira dose de um dos imunizantes contra a Covid-19. Com o rompimento do número simbólico, 17,5% da população da cidade, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 573.285 habitantes, já recebeu ao menos uma dose da vacina. Segundo levantamento feito pela Tribuna nesta segunda, o percentual é o maior entre as principais cidades do interior de Minas Gerais. Em números atualizados no fim de semana, 100.571 pessoas já haviam recebido a primeira dose em Juiz de Fora e 34.454, a segunda.
A maior cobertura vacinal de primeira dose entre as principais cidades do interior do estado foi verificada quando considerado os números do vacinômetro, mantidos pelo Governo de Minas Gerais. Com relação a esses dados, que apresentam defasagem em relação às informações da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a cidade já havia aplicado cerca de 96,5 mil primeiras doses, o que corresponde a 16,8% da população estimada pelo IBGE. Assim, o município aparece à frente de outras localidades como Governador Valadares (15,1%), Uberlândia (14,1%), Ipatinga (12,5%), Contagem (11,9%), Uberaba (11,2%), Montes Claros (11,1%), Betim (9,7%) e Ribeirão das Neves (6,1%).
Sobre os números, a Prefeitura ressaltou que “a vacinação e os protocolos sanitários com medidas não farmacológicas, como o distanciamento social e uso de máscaras, são as únicas formas neste momento de combater a pandemia do coronavírus. A realização de uma vacinação célere, mas ao mesmo tempo ordeira e sem paralisações é o foco da PJF que busca garantir não só o acesso à primeira dose do imunizante, quando o recebimento da segunda dose e à complementação do esquema vacinal, uma vez que à efetividade só acontece após o recebimento de ambas as doses”, diz nota encaminhada à Tribuna.
Segunda dose
Neste recorte, considerando os dez maiores municípios do estado, Juiz de Fora só não tem uma maior cobertura vacinal de primeira dose em relação ao número de habitantes quando comparada com a capital Belo Horizonte, que já realizou tal aplicação em 19,5% de sua população. Com relação ao percentual da população que recebeu a segunda dose, Juiz de Fora tem o quinto maior percentual entre as dez maiores cidades mineiras, 4,8%. Assim, aparece atrás de Belo Horizonte (6,9%), Governador Valadares (5,5%), Contagem (4,9%) e Uberlândia (4,9%).
Sobre este desempenho, a PJF considera que a cidade recebeu um grande quantitativo de 33.625 doses de AstraZeneca para aplicação da primeira dose. Nestes casos, a complementação do esquema vacinal com a aplicação da segunda dose só ocorrerá três meses após a aplicação do primeiro imunizante. “Ou seja, apenas nos meses de maio e junho que começaremos a receber doses dois de Astrazeneca para complementar o esquema vacinal de quem se imunizou com essas doses. Para a complementação do esquema vacinação para o imunizante Coronavac dependemos do envio regular do Governo Federal para complementar o esquema de vacinação uma vez que o prazo é menor, até 28 dias. Trabalhamos na gestão dessa aplicação de modo a garantir que o máximo possível de pessoas tenha assegurado seu direito à imunização”, afirma a PJF.
‘24% da população elegível’ já foi atingida pela campanha de vacinação, avalia município
A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por sua vez, comemora marca mais expressiva e afirma que “já alcançou mais de 24% da população elegível para receber a primeira dose do imunizante”. “Os números são baseados nos habitantes com mais de 18 anos, usando como parâmetro a pirâmide etária da cidade divulgada pela estimativa do Departamento de Informática do Sus (Datasus)”, diz nota publicada no site oficial do Município.
Conforme os estudos citados pela PJF, com base em estimativas populacionais, a cidade tem 408 mil habitantes elegíveis para receberem a primeira dose. “O município aplicou 100.571 doses do primeiro imunizante, o que corresponde a 24,65% da população apta a receber a vacina. Para a segunda dose, foram aplicadas 34.454 vacinas, correspondendo a 8,44% dos habitantes maiores de 18 anos”, afirma a Prefeitura.
89% das ‘dose 1’ recebidas até o fim de semana por JF já foram aplicadas
Quando considerados os números do vacinômetro da PJF, os percentuais de Juiz de Fora melhoram. Neste cenário, até o último domingo, Juiz de Fora já havia aplicado 135.025 das 193.721 doses recebidas, o que corresponde a uma proporção de 69,7% na relação entre unidades recebidas e aplicadas em “dose 1“ e “dose 2”.
Cabe destacar que, também até o fim de semana, a cidade apresentava um alto percentual de aplicação de “dose 1”. Segundo o Município, do total de imunizantes recebidos do Ministério da Saúde, via Governo de Minas, Juiz de Fora havia recebido 113.238 unidades de imunizantes para utilização como primeira dose. Destes, até domingo, haviam sido computadas 100.571 aplicações. Assim, do total de antivirais destinados à “dose 1“, 89% já haviam sido ministrados.
O número de ‘”dose 2” aplicada, por sua vez, será sempre inferior aos de “dose 1”, uma vez que está sujeito a outros fatores como a necessidade do cumprimento de um hiato temporal entre uma aplicação e outra, o que pode variar entre 14 e 28 dias, no caso da CoronaVac, até a 90 dias, no caso da AstraZeneca.
Números atualizados
Juiz de Fora já recebeu 196.711 imunizantes, sendo 113.238 para dose 1 e 82.683 para dose 2. Deste total, 155.136 doses são de Coronavac (intervalo de 14 a 28 dias de aplicação entre as doses) e 41.575 doses de Astrazeneca (intervalo de 3 meses entre as doses).
Considerando total recebido, cidade é a sétima em aplicações entre maiores cidades mineiras
No último dia 19 de março, a Tribuna trouxe uma matéria que apontou que Juiz de Fora apresentava o menor percentual de vacinação entre as dez principais cidades de Minas Gerais. Na ocasião, quando consideradas as somas das doses 1 e 2 aplicadas na cidade, o montante correspondeu a 49,6% dos imunizantes recebidos pelo Município, a partir de remessas encaminhadas pelo Governo de Minas, que gerencia a distribuição dos antivirais encaminhados pelo Ministério da Saúde.
Em pouco mais de um mês, porém, a cidade apresentou avanços significativos. Na relação entre doses recebidas e aplicadas – considerando “dose 1” e “dose 2” -, a cidade apresentou nesta segunda-feira um percentual de aplicação correspondente a 63,1%, bastante superior ao noticiado no último dia 19 de março. No período, que coincidiu com um aumento no fluxo de imunizantes encaminhados pelo Ministério da Saúde aos estados e, consequentemente aos municípios, a PJF ampliou de forma significativa o número de unidades básicas de saúde elencadas para os trabalhos da campanha de imunização.
Contudo, quando comparado com o mesmo percentual observado nas principais cidades mineiras, o desempenho juiz-forano ainda é mediano e a cidade tem o sétimo melhor percentual entre as dez cidades mais populosas de Minas, ficando apenas à frente de Montes Claros, com 61,3%; Uberaba, com 56,3%; e Ribeirão das Neves com 47,3%. Os maiores percentuais apresentados na relação entre doses recebidas e o total de unidades aplicadas foram vistos em Uberlândia (82,3%), Governador Valadares (82, 5%, Contagem (77,9%), Belo Horizonte (73,4%), Betim (73,3%) e Ipatinga (67,1%).
PJF questiona levantamento: ‘dados defasados’
Assim como aconteceu na matéria publicada em 19 de março, a PJF questionou o critério adotado pela Tribuna para comparar o andamento da vacina nas principais cidades do país. “A primeira ponderação a ser feita é sobre o erro estatístico de se somar vacinas D1 e D2 para fazer essa análise. Juiz de Fora é o terceiro município do Brasil, daqueles de porte semelhante (mais de 500 mil pessoas), em número de idosos e também é uma cidade com muitos profissionais de saúde. É necessário que o município faça a gestão correta das doses, de forma a garantir que quem recebeu a primeira, também tenha de receber a segunda dose do imunizante”, considera o Município.
Em nota encaminhada à reportagem, a Secretaria de Saúde da PJF considerou que os dados do vacinômetro do Estado estão desatualizados em relação à realidade de todos os municípios, “não sendo a melhor forma para fazer esse “ranking”, uma vez que há uma defasagem, em regra, de pelo menos sete dias entre o envio dos dados pelas Secretarias de Saúde Municipais e o registro no painel do Estado”.
Usando dados desta segunda, não considerados no levantamento feito pela reportagem, a Secretaria de Saúde afirmou que a cidade utilizou 71,23% das doses das quais teve acesso. “Recebemos 196.711 e aplicamos 140.022. Além disso, 90,22% do total de doses disponíveis para a primeira aplicação já foram utilizados e 45,90% das doses recebidas para a segunda dose já foram aplicadas.”
Avanços dependem do fluxo de chegada de vacinas
Sobre a aceleração da vacina destacada do dia 19 de março para cá, o Município afirmou que um dos fatores que contribuíram para o avanço da campanha na cidade foi “a alteração das orientações do Governo Federal, a partir da sétima remessa (recebida dia 22 de março) e da oitava remessa (26 de março), para o uso de todas as doses como dose 1 (30.290 doses puderam ser utilizadas de uma só vez como dose 1)”.
“Com isso, a PJF, ampliou e acelerou o processo, aumentando os pontos de vacinação, que passaram de 8 fixos, mais o drive-trhu da UFJF (9 pontos), para 48 fixos e o drive-trhu da UFJF (49 pontos de vacinação até o momento)”, diz a PJF em nota.
O Município diz ainda que, para avançar no programa de imunização “é necessário que as doses cheguem em grande quantidade para que a vacinação ocorra de forma mais célere, uma vez que o município já aplicou quase dez mil doses diárias tendo vacinas disponíveis”.
Imunização de idosos entre 60 e 64 anos segue ao longo da semana
A PJF reforça que, de acordo com o atual calendário de vacinação da cidade, os habitantes com mais de 60 anos já podem realizar o pré-cadastro para a imunização. “É preciso reforçar, no entanto, que o calendário está sujeito a alterações de acordo com a chegada de vacinas”, pontua o Município.
“É importante lembrar à população que já foi atendida com a primeira dose que o segundo imunizante está disponível em 46 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), no Departamento de Saúde do Idoso (DSI) ou no Sport Club Juiz de Fora. A complementação do esquema vacinal é fundamental para a efetiva imunização, diminuindo, assim, o número de hospitalizações e mortes em virtude do coronavírus (Covid-19)”, diz a PJF.
Novas doses
Nesta segunda, Juiz de Fora recebeu mais 12.075 doses de vacina contra a Covid-19. Conforme a Superintendência Regional de Saúde (SRS) local, as novas unidades serão destinadas à primeira dose de idosos com idades entre 60 e 64 anos (completando 28,5% deste público alvo vacinado) e às forças de segurança, salvamento e forças armadas (6% deste público); e também para a segunda dose dos vacinados com as remessas anteriores.
