Nos últimos anos, o diagnóstico de hanseníase nos pacientes passou a ser feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Com a identificação precoce da doença já na atenção básica, aumenta-se a chance de o paciente contar com tratamento precoce, a maneira mais eficaz para prevenir sequelas. O principal objetivo do Janeiro Roxo, aliás, é conscientizar sobre a infecção e incentivar a busca por tratamento médico a partir dos primeiros sintomas da doença, considerada problema de saúde pública.
Em Juiz de Fora, a Secretaria de Saúde informa que o paciente que procurar alguma UBS com suspeita de hanseníase deve ser encaminhado, via regulação assistencial, pelo Sistema de Regulação do Ministério da Saúde, para atendimento nos Ambulatórios de Dermatologia do Hospital Universitário (HU-UFJF) unidade Dom Bosco, do Departamento de Clínicas Especializadas, no PAM Marechal, ou do Hospital Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), de acordo com vaga disponível.
Somente no Ambulatório de Hanseníase no HU-UFJF são atendidos aproximadamente 20 casos por mês, número que cresce durante as campanhas do Janeiro Roxo. Daí a importância de falar sobre o tema, ainda alvo de preconceitos devido ao alto potencial de causar incapacidade e deformidades físicas.
Identificação e tratamento da doença
Antes, o diagnóstico era feito apenas nos consultórios médicos. Com a descentralização do serviço, dermatologistas começaram a atuar na capacitação de servidores da saúde, em um trabalho integrado entre a atenção primária e a especializada de saúde (secundária). Para atender a demanda, a Prefeitura de Juiz de Fora, em parceria com a Secretaria Regional de Saúde (SRS) e a UFJF, realiza capacitação sobre hanseníase junto a agentes comunitários de saúde do município.
A doença se transmite pelo ar, e o contato próximo aumenta o risco. Os sintomas padrões incluem manchas claras ou vermelhas na pele, com diminuição da sensibilidade, dormência e fraqueza em mãos e pés. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta, no entanto, que há casos em que não são registradas lesões na pele, apenas dormência ou dor no trajeto dos nervos. Por meio de nota, a entidade explica que a doença pode afetar olhos e outros órgãos internos, como os testículos, no caso dos homens. “Isso ocorre geralmente em pacientes que estão sem diagnóstico há muito tempo, o que faz com que a hanseníase acabe evoluindo e avançando.”
É importante destacar que a hanseníase tem cura, embora grande parte dos casos possa deixar sequelas. O tratamento é feito com antibióticos fornecidos gratuitamente pelo SUS, e o paciente deve realizar cuidados regulares.
O tratamento dura, em média, de seis meses a um ano, dependendo da Classificação da Hanseníase. Para os pacientes que apresentam muitas reações hansênicas, o tratamento pode durar alguns anos, por tratar-se de doença crônica. Logo no início do tratamento, o paciente já não transmite mais a bactéria e vale destacar, também, que não são todos os casos que são transmissíveis.