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Street Store oferece direito à escolha

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Evento atrai moradores em situação de rua e pessoas carentes, que podem escolher roupas com ajuda de voluntários. (Foto: Roberto Fulgêncio/ 26-09-2015)

Blusa verde, azul, preta ou vermelha. Calça social ou jeans. Sapato, tênis ou sandália. A possibilidade de escolha na hora de se vestir, sempre presente na vida da maioria dos brasileiros, voltou a ser possível para mais de 600 moradores em situação de rua e pessoas carentes graças à Street Store. O projeto inédito na cidade, que incluiu a arrecadação de roupas e acessórios e o preparo dos materiais doados para sua distribuição direcionada ao público-alvo, foi realizado neste sábado (26) no Centro. A iniciativa foi executada em parceria com a Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), e mudou a cara da Praça da Estação, modificando também o dia de quem passou por lá.

“Vim da maior favela de São Paulo e é a primeira vez que tenho essa oportunidade. O trabalho deles é muito bom”, vibrou Ailton Ferreira Mattos, 39 anos, natural de Goiânia (GO). De passagem por Juiz de Fora há quatro dias, ele pretende chegar a Brasília para um tratamento médico e disse que as peças que escolheu vão ajudá-lo. “Há cinco anos moro nas ruas por causa da dependência química. Aqui parece que Deus está agindo, estou no paraíso”.  O evento contou com o apoio de cem voluntários, divididos em dois turnos. Eles organizaram a fila de entrada para os estandes e fizeram atendimento personalizado aos visitantes. Cada um recebia uma ficha, que dava direito à escolha de sete peças de roupa, um calçado e dois acessórios. Desde 6h30 já havia interessados aguardando a abertura do espaço.

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Diante das milhares de opções – foram mais de oito mil peças arrecadadas- Elizandra Bazilio do Carmo, 21, também encontrou roupinhas para seu futuro bebê. Moradora do Bairro Parque Burnier, na Zona Sudeste, ela está no quinto mês de gestação e ficou sabendo da Street Store por acaso. “Fiquei sabendo que eram doações. As meninas atendem super bem, parece que estou em uma loja.” Há oito anos nas ruas, José Carlos de Oliveira, 58, chegou à procura de calça social preta. Ele também escolheu cinto e camisa com botões. “Fui na sopa (dos pobres), e a moça de lá me falou. Só estou pegando o que me interessa e preciso.” Para Paula Cristina Faria Vidal, 33, também foi “uma experiência agradável”. “Esta semana mesmo eu estava passando pelas lojas e recordando os tempos em que podia comprar, experimentar as roupas, com o prazer da ostentação”, revelou a mulher, mãe de três filhos, que disse estar há um ano e meio em situação de rua.

Expectativa superada
Segundo uma das organizadoras, Mariana Maia, a Street Store superou todas as expectativas, tanto de doações, quanto de público. “Ficou muito maior do que esperávamos, e o objetivo foi cumprido”, comemorou, acrescentando que cerca de 70% dos interessados foram moradores em situação de rua, e o restante, pessoas carentes. As peças que sobraram foram encaminhadas para quatro instituições filantrópicas. O evento contou com parceria de Amac, SDS e projeto “JF invisível”. A primeira “loja grátis” do mundo foi criada em 2014, na Cidade do Cabo, na África do Sul, em parceria com a ONG “The Haven Night Shelter”.

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