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Governo aumenta pressão, mas greve continua nas estradas da região

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(Foto: Olavo Prazeres)

A greve dos caminhoneiros chegou ao sexto dia e, até a tarde de sábado (26), parte do km 780 da BR-040, em Juiz de Fora, continuava ocupada. Apesar de o Governo federal ter anunciado, no final da manhã, a aplicação de multa de R$ 100 mil por hora parada para as transportadoras, a informação, até o fim da tarde deste sábado (26), era de que a categoria continuará nas estradas por tempo indeterminado. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), até o final da tarde, havia 64 pontos de interdição parcial no estado.

A Tribuna esteve no km 780 da BR-040, onde os caminhoneiros estão acampados. Conforme o porta-voz do movimento na região, José Fabiano da Silva, não havia previsão para que eles deixassem o trecho. “Só vamos sair quando o Governo se pronunciar e nos der uma resposta satisfatória”, afirmou. Além deste ponto, caminhoneiros também ocupam os km 699 e 807, em Barbacena e Matias Barbosa, respectivamente. Em Juiz de Fora, o tráfego na rodovia está liberado para caminhões que transportam remédios e cargas vivas, além de ambulâncias e veículos de passeio. O tráfego, de forma geral, estava abaixo da normalidade.

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Os impactos da paralisação se agravaram gradualmente ao longo da semana. A falta de combustíveis e a consequente dificuldade de locomoção se intensificaram ainda mais no sábado, quando motoristas de transporte por aplicativo e taxistas reduziram ainda mais as corridas. A maioria dos postos de combustível permaneceu fechada. Conforme o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), a estimativa é de que mais de 90% dos estabelecimentos no estado estejam desabastecidos. Em caso de encerramento da greve, a regularização deve demorar, no mínimo, três dias.

O transporte coletivo continua circulando com horário reduzido, seguindo o cronograma estabelecido para domingos. O novo esquema vale, pelo menos, até segunda-feira, quando o Cinturb se reúne para reavaliar a oferta do serviço. No sábado, a espera nos pontos chegava a até uma hora e se via poucos carros na rua.

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No setor alimentício, o abastecimento fica cada vez mais comprometido. Os supermercados já estão limitando a quantidade de determinados itens por cliente. Os gêneros perecíveis são os mais afetados, principalmente hortifrútis e leite. Unidades de saúde e instituições de ensino também suspenderam atividades em decorrência da greve e muitas não terão aulas nesta segunda-feira. Em Juiz de Fora, o prefeito Antônio Almas (PSDB) suspendeu as atividades da administração municipal na segunda e, em diversas cidades da região, como Muriaé, São João Nepomuceno e Leopoldina, as prefeituras decretaram situação de emergência.

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Como ficam os serviços

Transporte

– Ônibus urbano
Os ônibus urbanos vão manter uma única escala de funcionamento para domingo e segunda-feira. Os horários de domingo seguem os já adotados nos domingos normais. Já na segunda-feira, os coletivos funcionarão também com a escala de domingo. Para evitar surpresa, os usuários podem se orientar pelos aplicativos CittaMob ou BusãoJF ou ainda fazer buscas por linhas no site www.astransp.com.br.

-Viagens intermunicipais e interestaduais

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Quem for viajar deve conferir a situação diretamente com as empresas de ônibus interestaduais e intermunicipais, conforme orientação da administração do Terminal Rodoviário Miguel Mansur. Útil, Viação Cometa, Empresa Unida e Viação Kaissara, responsáveis pelas principais rotas feitas a partir de Juiz de Fora, emitiram comunicados informando a possibilidade de alteração, redução e até mesmo o cancelamento de horários. Os contatos com a Útil devem ser feitos por meio dos guichês na rodoviária ou nos pontos de embarque. A Viação Cometa mantém as informações atualizadas no site www.viacaocometa.com.br. Já a Empresa Unida colocou o telefone (32) 2101-7200 à disposição dos consumidores. A Viação Kaissara divulgou o canal de atendimento por meio do telefone 0800 723 2121.

-Táxis
O presidente do Sindicato dos Taxistas, Aparecido Fagundes, informa que cerca de 70% da frota, hoje composta por aproximadamente 650 veículos, está parada. Os únicos carros ainda circulando são os abastecidos com gás natural veicular (GNV), que somam entre 20 e 30 automóveis.

-Uber
O presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de Juiz de Fora (Amoaplic/JF), Julio César Marques Paes, afirma que cerca de 50% dos veículos desse setor estão sem combustível. De acordo com um membro do grupo, somente veículos com GNV, cerca de 50, ainda estariam prestando o serviço. A tarifa da categoria, que é dinâmica, de acordo com a oferta e procura, estaria com valor mais elevado.

-Aeroporto Presidente Itamar Franco
Os voos estão mantidos. O combustível no local acabou na última sexta-feira (25), e as operações estão sendo realizadas conforme a possibilidade de abastecimento das empresas aéreas. Neste sábado (26), o único voo previsto na grade de horários foi realizado. Para o domingo (27), estão agendadas três operações com destino a Congonhas, Pampulha e Campinas. A Gol Linhas Inteligentes, responsável pelos dois primeiros voos, informou que “não há cancelamentos previstos.” A Azul Linhas Aéreas, responsável pelo voo para Campinas, também confirmou a operação.

Abastecimentos

-Combustível
A Zona da Mata está entre as regiões mais afetadas pela falta de combustível, conforme levantamento do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro). De acordo com a entidade, o produto já acabou em 71% dos postos mineiros, e a situação é mais grave nas áreas do estado que concentram maior número de revendas. O índice de desabastecimento chegou a 90%. Em Juiz de Fora, vários postos de gasolina paralisaram as atividades desde a última quinta-feira (24).

-Supermercados
Os supermercados começaram a limitar, por tempo indeterminado, a compra de produtos por cliente, em razão do desabastecimento das unidades. Objetivo é garantir atendimento a maior número de pessoas. No Bahamas, a medida vale para toda a rede e, por enquanto, apenas para os produtos mais procurados, como arroz, açúcar e óleo, além daqueles que estão em promoção. O grupo também suspendeu a entrega em domicílio. No Bretas, a limitação é de cinco unidades por cliente para itens com risco de desabastecimento. A restrição vai variar de acordo com o estoque de cada loja. Há grande preocupação com os perecíveis, principalmente os hortifrutisgranjeiros. A Associação Mineira de Supermercados (Amis) explica que os supermercados têm estoque de até dez dias para produtos secos. Hortifrutis, lácteos e carnes, por precisar de refrigeração, têm estoque bem menor. A Amis orienta que os supermercados coloquem todo o estoque nas lojas.

-Hortifrútis
A movimentação de fornecedores e consumidores na Ceasa em Juiz de Fora foi extremamente reduzida esta semana. Verduras folhosas, que têm abastecimento diário nos estabelecimentos, já estão em falta para o consumidor. Itens como hortifrutis, lácteos e carnes também podem se tornar escassos nos próximos dias, já que possuem estoques menores.

-Medicamentos
A distribuição de medicamentos para farmácias e hospitais está reduzida em todo o país. Em Juiz de Fora, remédios de uso contínuo sumiram das prateleiras de algumas farmácias ainda na quinta-feira (24). O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo emitiu comunicado na sexta, informando problemas para o envio dos produtos. Um dos laboratórios ligado à entidade declarou estar com 60% da carga retida nos armazéns da empresa.

-Prefeitura
As atividades na administração municipal estarão suspensas a partir de segunda-feira. Já a coleta de lixo está mantida. A Vigilância Sanitária também vai trabalhar na segunda, em parceria com o Procon, para garantir a qualidade dos produtos que podem estar contidos na paralisação, principalmente para o abastecimento das escolas municipais. Todo o restante dos serviços públicos municipais serão suspensos.

Educação

-UFJF
As aulas na UFJF estão suspensas até segunda, quando o Conselho Superior irá avaliar novos encaminhamentos. Os serviços administrativos essenciais estão mantidos. O RU irá funcionar com o cardápio adaptado nos últimos dias.

-Instituições privadas – ensino superior
As aulas foram suspensas na Universidade Antônio Carlos (Unipac) e na Faculdade do Sudeste Mineiro (Facsum).

O Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF) comunicou que, em virtude da atual situação do país, as atividades acadêmicas estão suspensas na próxima segunda-feira (28). “Por gentileza, fiquem atentos ao site e redes sociais do CES/JF, pois qualquer alteração na programação será comunicada por estes meios.”

No Centro Universitário Estácio de Sá, as aulas presenciais foram mantidas. Os alunos de Educação à Distância que tinham avaliações marcadas a partir de sexta poderão reagendar caso não conseguissem comparecer.

No Instituto Vianna Júnior, as atividades serão mantidas. Os alunos que não comparecerem terão reposição das atividades, inclusive da prova marcada para sábado (26). As presenças não serão cobradas e a reposição das atividades avaliativas será gratuita.

A Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (Suprema) e o Instituto Metodista Granbery informaram que as aulas estão mantidas.

-IF Sudeste
O IF Sudeste também suspendeu as aulas nos próximos dias. Novo comunicado a respeito do funcionamento na próxima semana será divulgado até as 17h deste domingo.

-Rede municipal e estadual
As escolas da rede municipal não funcionarão a partir de segunda-feira. As da rede estadual foram suspensas na sexta-feira (26).

Comércio e serviços

-Bares e restaurantes
Apesar de já sentirem a redução dos estoques de alimentos, bares e restaurantes de Juiz de Fora irão funcionar normalmente até este domingo, mas há preocupação com o desabastecimento ao longo da semana. “As casas estão trabalhando com o que possuem, pois a entrega dos fornecedores está comprometida. Nossa preocupação é como será a próxima semana, caso a greve continue”, afirma a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Zona da Mata (Abrasel-ZM), Carla Pires.

-Comércio
O comércio de Juiz de Fora sofre com a queda acentuada da demanda dos consumidores. “Com exceção dos supermercados, nos demais segmentos a movimentação parou”, afirma o vice-presidente do Sindicato do Comércio (Sindicomércio-JF), Nício Fortes Garcia. A entrega de mercadorias está prejudicada, mas a dinâmica de trabalho ainda não foi afetada, informa o Sindicado dos Empregados no Comércio. “A empresas estão assegurando o transporte nos horários de pico. O maior problema para o trabalhador é ter o salário afetado, pois a baixa demanda de consumidores implica na queda das comissões”, avalia o presidente da entidade, Silas Batista.

 

 

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