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Filho é preso por maltratar idosa cadeirante

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Cadeirante veio de Leopoldina há 4 meses para morar com o filho (Foto: Olavo Prazeres/26-05-15)

Um homem de 32 anos foi preso em flagrante por suspeita de maltratar a própria mãe, uma cadeirante de 65 anos, na manhã desta quinta-feira (26) no Bairro São Pedro, na Cidade Alta, em Juiz de Fora. Após denúncia de gritaria, quebradeira e possíveis agressões e maus-tratos, policiais militares da 99ª Companhia chegaram até o conjunto residencial onde a idosa morava com o filho há cerca de quatro meses, na Rua José Lourenço. Eles flagraram a vítima assustada e temerosa, em aparente situação de negligência, com excrementos nas vestes e marcas de violência, como hematomas nos braços. O filho negou o crime, mas recebeu voz de prisão em flagrante e foi levado para a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha.

Vizinhos relataram à PM que haviam escutado a vítima chorando e objetos sendo quebrados no interior do apartamento. Eles ainda teriam ouvido o homem xingar a mãe e fazer ameaças. A suspeita é de que a violência psicológica já estaria ocorrendo há, pelo menos, dois meses, sendo acompanhada de algumas agressões. A idosa estaria sendo mantida trancada em casa, com todas as janelas fechadas, e sem alimentação.

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Ainda conforme a polícia, na manhã desta quinta-feira (26), a vítima teria sido derrubada da cadeira de rodas, mas teria conseguido subir de volta no equipamento e pedir ajuda a vizinhos. A mulher foi levada até a portaria, enquanto a PM era acionada, mas o filho dela ainda teria ido atrás, ameaçado as pessoas que tentavam ajudá-la e retornado com a mãe para o interior do apartamento. A polícia verificou danos no imóvel revirado, como uma pia quebrada e uma panela amassada.

A vítima afirmou aos policiais estar com medo do filho e confirmou que o mesmo gritava com ela e já a havia agredido fisicamente, mas não conseguiu relatar os fatos ocorridos nesta por estar confusa, assustada e com medo. Ela disse que os hematomas eram antigos e referentes a batidas na cadeira de rodas, mas afirmou não desejar mais retornar ao convívio com o filho, porque ele teria ficado “furioso” por ter sido detido pela polícia. “À Tribuna, ela preferiu não falar da violência e contou que havia vindo morar em Juiz de Fora com o filho mais novo há cerca de quatro meses. “Sou de Leopoldina (MG) e morava lá com meu filho mais velho, de 34 anos, mas o outro já estava trabalhando aqui.”

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Uma vizinha da vítima, 60, que preferiu não se identificar, contou que já havia feito denúncias sobre o caso, inclusive ao Disque 100, que atende situações de violação de direitos humanos. “Depois de nos conhecermos, ela chorou, dizendo que o filho a xingava e a agredia. Passei a acompanhar, pedi visita e exame domiciliar, e descobrimos que ela estava com anemia e urina no sangue. Hoje ela pediu ajuda de novo. Fico indignada porque eu já havia falado com ele (filho) que não poderia fazer isso. Ele dizia que a vida estava difícil, que estava doente, mas nada justifica a agressão.” Comovidos, os vizinhos chegaram a oferecer moradia à idosa.

Para o assistente social e gerontólogo José Anísio Pitico da Silva, “a situação, infelizmente, referencia o que estudiosos falam dos casos de violência contra pessoas idosas: o inimigo não mora ao lado, ele dorme com a vítima”. Segundo ele, filhos, netos e outros parentes acabam sendo os autores da violência, motivada geralmente por questões financeiras e uso de drogas. Pitico chamou a atenção para o fato de os vizinhos terem se solidarizado. “Acho que é por aí, a questão da velhice é coletiva, além do Poder Público, envolve a sociedade.”

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Em reunião organizada pela Comissão do Idoso da Câmara Municipal no último dia 9, a Polícia Civil apresentou um relatório mostrando que 65,5% das vítimas analisadas têm entre 60 e 69 anos, sendo a maioria do sexo masculino. Os dados apontaram que o crime de furto contra idosos foi o mais registrado, seguido de ameaça, estelionato, dano, lesão corporal, agressão e roubo. “A pessoa idosa sofre vários tipos de violência, não só física, mas psicológica, sexual e de abuso financeiro também. Por isso, a importância da criação de um Núcleo de Proteção ao Idoso, como temos acompanhado. O idoso precisa se sentir seguro e ser visto como cidadão”, concluiu Pitico.

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