Um homem de 59 anos, suspeito de atuar como “cafetão” em um apartamento no Centro de Juiz de Fora, foi apresentado pela Polícia Civil nesta sexta-feira (26). Ele foi preso mediante mandado de prisão preventiva na tarde de quinta, durante operação de combate à exploração sexual de crianças, adolescentes e mulheres. Batizada de “Codinome”, a manobra foi desencadeada pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. As investigações iniciadas há um mês revelaram que o aposentado utilizava um imóvel na Rua Fonseca Hermes para promover a prostituição. Pelo menos 12 garotas circulariam pelo local, e quatro delas já prestaram depoimento, confirmando o esquema. Uma tem apenas 16 anos, e as outras, 23, 28 e 30 anos. Segundo a delegada responsável pelo caso, Ângela Fellet, o homem ainda fornecia documentos falsos a crianças e adolescentes para que se passassem por maiores de idade.
Quatorze policiais civis cumpriram quatro mandados de busca e apreensão. Eles estiveram em um estacionamento na Rua Batista de Oliveira, também no Centro, onde o suspeito foi capturado. O local pertenceria ao filho dele e serviria como ponto para o acerto de contas referentes aos programas. Conforme a delegada, o homem cobrava R$ 150 por semana para cada vítima morar no apartamento e R$ 30 por programa realizado no local pelas não residentes. Cerca de R$ 8 mil em dinheiro foram apreendidos em poder do aposentado. Quatro cadernos com a contabilidade da exploração sexual foram achados, e algumas anotações escancararam também a compra de drogas. Ainda foram recolhidos preservativos, tubos de gel lubrificante e celulares.
“Recebemos denúncia de que existia uma casa de prostituição no Centro da cidade. Após diversas investigações, confirmamos a existência desse apartamento e desencadeamos a operação. Essa pessoa gerenciava as garotas que faziam os programas”, informou Ângela, acrescentando que o homem deverá responder por rufianismo, modalidade de lenocínio que objetiva o lucro através da exploração de prostituição alheia.
“A pena é de um a quatro anos, mas como havia menores envolvidos, a pena pode aumentar de três a seis anos.”
Ângela Fellet, delegada
Ainda conforme a policial, o suspeito pode ser indiciado por corrupção de menores. Segundo ela, o aposentado já havia sido preso pela Polícia Civil há cerca de um ano, por usar um apartamento na Rua Luiz Perry, no Santa Helena, para o mesmo fim. Ele teria o hábito de mudar constantemente o endereço do prostíbulo para não despertar a atenção de vizinhos. Desta vez, a polícia esteve em outros dois imóveis que já não eram mais alugados pelo suposto explorador.
Drogas
De acordo com a delegada, duas vítimas identificadas seriam de outras cidades mineiras e, normalmente, eram apresentadas ao “cafetão” por parentes ou amigas que já eram exploadas por ele. “As mulheres falaram que havia consumo de drogas no local. Também confirmaram acertar com ele semanalmente no estacionamento. Não restam dúvidas de que era o gerenciador e participava dos lucros da prostituição alheia.” Os celulares apreendidos serão encaminhados à perícia, assim como um computador do suspeito, a fim de detectar outras vítimas e comprovar a materialidade do crime. “As investigações continuam e nós vamos atrás de outras mulheres que possivelmente passaram pelo local.”
Ângela esclareceu que as vítimas exploradas também poderão responder por delito caso seja identificado que elas aliciavam menores de idade. “Mas a prostituição em si não é crime, a exploração dela que é.” À polícia, o suspeito manifestou o desejo de só prestar declarações em juízo. Ele foi encaminhado ao Ceresp, onde permanece à disposição da Justiça.