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Secretaria de Saúde confirma primeira morte por febre amarela em Juiz de Fora

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Autoridades de Saúde do estado e do município se reuniram com a imprensa para divulgar as próximas ações de combate à doença (Foto: Leonardo Costa)

A Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) e a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora confirmaram, nesta sexta-feira (26), a primeira morte de um juiz-forano por febre amarela. A morte do homem de 58 anos foi noticiada pela Tribuna na semana passada como suspeita. Ele foi internado no CTI do Hospital Albert Sabin na quarta (17) e morreu no dia seguinte, na Santa Casa de Misericórdia, após ser submetido a um transplante de fígado. Segundo a Secretaria de Saúde, este é o único caso confirmado de febre amarela no município, sendo que uma suspeita já foi descartada e mais seis casos permanecem em investigação. Considerando os 37 municípios da regional de Juiz de Fora, o número de pacientes com suspeitas de febre amarela que já passaram por hospitais da cidade chega a 28.

A confirmação da morte do juiz-forano por febre amarela deve ser divulgada em boletim epidemiológico da SES na próxima terça-feira (30). Dos seis casos ainda em investigação, quatro são relativos a pacientes que evoluíram para óbito e dois a pacientes que permaneciam internados na cidade até a manhã de sexta. A suspeita é que dois deles tenham contraído febre amarela em outras localidades, pois estavam viajando. Ainda não há previsão para divulgação dos diagnósticos sobre as causas dos óbitos. Os órgãos também não informaram os bairros de residência dos juiz-foranos ou as cidades de origem dos outros 20 pacientes que se trataram na cidade.

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Também durante coletiva de imprensa foi anunciado que o hospital de referência para tratamento dos casos suspeitos de febre amarela é o Hospital Regional João Penido. Com isso, os pacientes que precisam de internação, segundo avaliação médica, serão encaminhados para a unidade. Anteriormente, a Tribuna já havia adiantado que os pacientes da região com suspeita da doença eram internados no João Penido.

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Outra novidade é a implementação da “sala de situação” para controle epidemiológico da febre amarela em Juiz de Fora e região. A medida facilita o alinhamento de informações e a tomada de decisões referentes à febre amarela. O equipamento tem participação de representantes da Superintendência Regional de Saúde, onde está localizado, e da secretaria municipal, e começou a funcionar nesta sexta.

Autoridades negam surto em Juiz de Fora e região

Apesar de o decreto de situação de emergência assinado pelo governador Fernando Pimentel citar que a medida abrange as regiões de Belo Horizonte, Itabira, Juiz de Fora e Barbacena “em razão do surto de Doenças Infecciosas Virais (Casos Prováveis de Febre Amarela)”, o subsecretário estadual de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, negou que a região esteja sob surto da doença. “Setenta por cento dos casos de febre amarela neste momento estão localizados na região metropolitana de Belo Horizonte. Então classificamos como surto nessa região. Os outros casos estão dispersos por outras regiões do estado, em aproximadamente 20 municípios com transmissão, mas ainda não tem uma concentração tão importante como é focalizado na região metropolitana.”

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Ainda de acordo com ele, os decretos sinalizam a importância dessa circulação para a população e permitem agilidade nos processos para resposta mais efetiva das atividades desenvolvidas neste momento.

“Publicamos dois decretos de situação de emergência localizando municípios que fazem parte de regiões de saúde do nosso estado, mas não quer dizer que essas regiões apresentam surto de febre amarela, apenas que apresentam circulação do vírus.”

A secretária de Saúde de Juiz de Fora, Elizabeth Jucá, também afirmou que Juiz de Fora não encontra-se em surto. “Não estamos em uma situação de surto, só entramos no decreto porque toda a capacidade instalada para atendimento da região se localiza em Juiz de Fora. Assim, o decreto possibilita algumas agilidades em contratações de pessoas.”

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“É preciso investigação robusta”

Segundo o subsecretário estadual de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, não há divulgação das cidades de origem dos pacientes porque estes locais não apresentam riscos, já que a maioria foi infectada em outras localidades. “O que precisamos determinar é o local da provável infecção. É preciso fazer uma investigação robusta, pois o paciente pode residir em um lugar e ter contraído em outra localidade. Temos que percorrer a trajetória dele nos últimos 15 dias, entrevistar familiares e colegas de trabalho, avaliar o histórico vacinal, etc. Muitas vezes, essas informações são difíceis de obter, pois a própria família não tem esse conhecimento”, explicou.

Questionado sobre a possibilidade de transmissão urbana, o subsecretário disse que esse ciclo só teria início se o Aedes aegypti passasse a transmitir a doença, o que não tem ocorrido no Brasil. “Existe o ciclo silvestre e o urbano. O que difere os dois não é a localidade, mas a presença dos mosquitos Haemogogus ou Sabethes. As epizootias sinalizam que é uma transmissão do ciclo silvestre, que pode ocorrer nas cidades. Mas isso não significa ciclo urbano, pois o Aedes não é o transmissor. Temos cobertura vegetal em Juiz de Fora e ecologia suficiente para ter a presença dos outros dois mosquitos trazendo a febre amarela silvestre.”

Rodrigo Said afirmou ainda que uma equipe da Fundação Oswaldo Cruz esteve em Juiz de Fora nesta semana para investigar a possível presença de Aedes infectados, mas, até agora, não houve nenhuma manifestação nesse sentido. Enquanto isso, a parte assistencial também tem sido incrementada. “Nosso objetivo é garantir maior sensibilidade da nossa rede de atenção para que haja diagnóstico e internação precoces, evitando a ocorrência de óbitos. A estratégia fundamental é se vacinar, mas também estamos orientando as unidades de saúde para evitar a ocorrência de mais óbitos.”

A secretária de Saúde do município, Elizabeth Jucá, reiterou que apenas um caso foi confirmado e garantiu que as ações de combate e prevenção continuam sendo realizadas, tanto em localidades onde há morte de macacos como onde existe a suspeita de casos em moradores da região.

“Hoje estamos com 91,55% de toda a população de Juiz de Fora vacinada, e estamos fazendo uma busca ativa para encontrar as pessoas que ainda não se vacinaram, principalmente homens na faixa etária de 40 a 50 anos, que é a faixa com maior incidência da doença.”

Segundo a Secretaria de Saúde, desde o início deste ano foram encontrados 47 macacos mortos em Juiz de Fora, cinco a mais do que o número registrado no boletim epidemiológico de quarta (24). Destes novos animais, quatro tiveram amostras colhidas para análise e um foi descartado. No total, as causas dos óbitos de 35 primatas estão sendo investigadas.

HU
Mais um paciente com suspeita de febre amarela deu entrada no Hospital Universitário (HU/Ebserh), unidade Santa Catarina, nesta quinta (25). A informação foi confirmada pela assessoria de comunicação da unidade. Em nota repassada à imprensa, a nova suspeita seria em relação a um homem de 30 anos, que estaria internado, em estado grave, na UTI. Há no hospital outros dois homens com suspeita da doença. Segundo a assessoria, um paciente de 23 anos segue em observação na enfermaria e seu estado de saúde é estável. Já um paciente de 37 anos, que deu entrada no hospital na quarta (24), permanece internado na UTI em estado grave. Desde a última semana até esta sexta (26), deram entrada no HU cinco pacientes com suspeita da doença. Desses, um recebeu alta e outro veio a óbito, uma mulher de 49 anos.

Vacinação
Até a próxima sexta-feira (2), as UBSs continuarão funcionando das 8h às 16h30, sem intervalo de almoço, para atender os juiz-foranos que ainda não se vacinaram. Nas próprias unidades também é possível que idosos com mais de 60 anos consultem orientação médica para verificar a possibilidade de se vacinar. Além dos postos de saúde, também é possível se vacinar no PAM-Marechal e nos departamentos de saúde do Idoso e da Criança e do Adolescente. Quem tem qualquer contra-indicação deve usar repelentes

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