A Secretaria de Saúde de Juiz de Fora divulgou nesta quinta-feira (25), por meio de coletiva de imprensa, o novo Levantamento de Índice Rápido para Aedes Aegypti (LirAa). O resultado de 2,3% é baixo, mas já considerado estado de alerta pelo Ministério de Saúde. Além disso, a pasta também informou a suspensão temporária do contrato do projeto Aedes do Bem, o qual previa a liberação de milhões de mosquitos geneticamente modificados em Juiz de Fora, cujo objetivo era diminuir a população selvagem do Aedes aegypti e, por consequência, evitar a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya.
Segundo a secretária de saúde, Elizabeth Jucá, a suspensão do contrato, feita após a realização da primeira fase do projeto, se deu devido à crise fiscal que o Município enfrenta, em decorrência da falta de repasse de verba pelo Estado. Ainda segundo a titular, foram gastos cerca de R$ 400 mil nesta primeira fase. O valor previsto era de R$ 700 mil por ano. Questionada sobre os resultados desta primeira fase, a titular explicou que os relatórios de análise estão sendo estudados pela Universidade Federal de Juiz Fora (UFJF) e que ainda não há prazo para que o resultado seja divulgado. Contudo, ela acredita que a ação foi benéfica.
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De acordo com os dados do LirAa, as áreas do bairros Santa Luzia, Monte Castelo e Vila Olavo Costa, onde os mosquitos foram liberados, não estão entre as 15 localidades com maior índice de amostras positivas. Nesses bairros, espera-se que pelo menos dez mil pessoas deixem de ser afetadas pelas doenças, em função da ação. Elizabeth frisou que a suspensão do contrato é temporária e que além da análise da eficiência, é estudada a relação entre o custo e o benefício neste período.
98% dos focos estão dentro de casas e comércio
De acordo com as informações divulgadas pela pasta, foram analisadas 381 amostras de 205 bairros e de mais de cinco mil imóveis, entre os dias 15 e 19 de outubro. Destas, 134 acusaram resultado positivo. Além disso, diferentemente de resultados anteriores, as amostras positivas foram encontradas em todas as regiões, o que significa que havia mosquitos infectados em toda a área analisada. Os bairros com maior índice de infestação foram a Vila Ideal, São Judas Tadeu, Borboleta, Sagrado Coração de Jesus, São Mateus e Linhares. O último LirAa, divulgado em agosto, foi de 0,99%. Em outubro do ano passado, o índice apurado no mesmo período foi de 0,7%.
Em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (25), a equipe da Secretaria de Saúde destacou que a Zona Norte, há alguns anos, despontava como um dos locais com maior concentração de vetores. No entanto, a atual pulverização dos casos por toda a cidade indica um risco, pois, a partir do momento em que o vírus circula e encontra as condições adequadas para se propagar, a elevação do índice pode ser ainda maior.
Outro dado trabalhado pela Secretaria de Saúde é o de que a presença dos focos positivos, que antes era de 80% dentro de imóveis, subiu para 98%. Conforme o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, este dado evidencia que a maioria quase absoluta das amostras continua nas residências e no comércio e, portanto, é necessário reforçar a parceria do poder público com a população. “Estamos trabalhando com a antecipação. Hoje, o número de casos de dengue preocupa, porque viemos fazendo um trabalho muito intenso com a Secretaria de Saúde. Temos em Juiz de Fora um programa de combate à dengue completo, com todas as frentes de serviço preconizadas pelo Ministério de Saúde, e estamos ampliando as ações.”
Reforço nas ações
Uma das frentes de trabalho que foram reforçadas, conforme Elizabeth Jucá, foi o uso das ovitrampas — armadilhas que monitoram, em tempo real, por meio de geoprocessamento, a presença focos positivos nas regiões, por meio de avaliações semanais. Atualmente, há 165 unidades espalhadas pelas regiões Norte, Nordeste e Leste. A expectativa é que, até o ano que vem, a cidade chegue a contar com até 400 dispositivos, ainda no primeiro semestre.
Além disso, o Exército está atuando em vistorias junto aos agentes de endemias, principalmente nas localidades em que não há unidades de saúde de referência. A Sala de Operações, que será reestruturada na próxima semana, e o Comitê Municipal de Monitoramento, que funciona ao longo de todo ano, também devem ter suas atividades reforçadas.
Elizabeth também explicou que entre 2015 e 2016 Juiz de Fora enfrentou uma epidemia e, com isso, toda a cidade ficou em alerta. Em 2017, os cuidados continuaram, mas, em 2018, as pessoas relaxaram e se esqueceram de tomar os cuidados com a prevenção. Por isso, deixaram de fazer as vistorias, o que pode ajudar a ampliar a presença do mosquito.
A pasta pede para que as pessoas dediquem dez minutos semanais à eliminação e controle de possíveis criadores de mosquitos. “Temos um grande número de casas fechadas e de pessoas que não atendem os agentes. Mas esse trabalho é fundamental nesse controle vetorial. Os agentes trabalham identificados com uniforme e crachás próprios. A população precisa entender a importância desse trabalho”, ressaltou a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica, Cecília Kosmann.