Ouvir música, encostar no vidro e tirar um cochilo, papear, ou apenas pensar na vida. Todo mundo já fez pelo menos uma dessas coisas no ônibus, mas ver alguém lendo um livro não é tão comum assim na nossa rotina no transporte coletivo. Com o intuito de estimular o hábito da leitura, a empresa de transporte urbano Ansal lançou, no dia 17 de outubro, a campanha “Tem um livro no meu Caminho”, que disponibiliza diversos títulos literários em um varal em cinco linhas diversas. As pessoas podem pegar à vontade, e até levar para casa, caso não consiga concluir a leitura no ônibus, desde que, em contrapartida, doe um livro para repor aquele que levou.
Inicialmente, a empresa adquiriu 200 títulos nacionais e internacionais em sebos, incluindo clássicos de autores como Machado de Assis, Arthur Conan Doyle e Shun Tzu, mas conta com as doações de livros em três locais em suas garagens, localizadas na Rua José Libânio Rodrigues 789, Bairro Bandeirantes, e na Rua Bernardo Mascarenhas 1280, Bairro Fábrica. Além disso, há um ponto de apoio na Avenida Rio Branco 508, no Bairro Manoel Honório.
“Essa foi uma ideia que a gente teve para incentivar a leitura na nossa cidade, tanto que o nosso projeto é que se expanda mais para outros ônibus. Tem autores nacionais, internacionais, tem livros infantis e religiosos. Ou seja, para todos os tipos de gosto”, conta a engenheira da Ansal, Mariane Reis Zambelli. Ela ainda ressalta que a campanha foi criada para a comemoração do dia do livro. “Como teve uma repercussão muito grande, a gente está pensando em expandir essa ação para que vire uma rotina na cidade, um hábito.”
O gerente geral da empresa, Rodrigo Reis, diz que a iniciativa tem o objetivo de disseminar a cultura, tornando o percurso mais agradável para os passageiros. “Sabemos da proximidade que uma empresa de transporte urbano tem com a rotina da comunidade, e encaramos participar deste tipo de projeto como parte de nossa missão no âmbito social. Em tempos de smartphone e com volume absurdo de informação disponível online, os livros ficaram um pouco de lado.”
Ler é viajar
A Tribuna embarcou no ônibus 211, que atende a Avenida Rio Branco, e que recebeu um varal cheio de livros. O motorista do coletivo, Fernando Bedim, disse que a proposta foi bem aceita. “O pessoal comentou, levaram os livros, inclusive eu levei um também, e nem sei se poderia, mas eu levei (risos). Já li ele, e vou trazer novos livros para fazer a doação”.
A professora aposentada Edite Maria Célia Filgueiras aprovou a ideia. “Foi a melhor surpresa que eu tive. Foi a primeira vez que eu subi nesse ônibus e achei maravilhosa essa atitude. Espero que em todos os ônibus aconteça isso, porque as pessoas estão precisando ler, e muitas não têm acesso a isso.”
Para a aposentada, a leitura potencializa a cultura e o senso crítico. “Quem lê sabe interpretar, quem lê entende mais de tudo. A pessoa que não lê ignora muitas coisas. A leitura é um hábito que todos devemos ter. Eu leio sempre, todos os dias”.
Bem Comum
O projeto Bem Comum, da Prefeitura de Juiz de Fora, é parceiro da iniciativa, e também está recolhendo os exemplares de livros até esta sexta-feira (26). Os livros podem ser deixados na sede da PJF, localizada na Avenida Brasil 2001, Centro; no Espaço Cidadão Centro, na Avenida Rio Branco 2234, Centro (ao lado do Parque Halfed); na Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), localizada na Rua Maria Perpétua 72, Bairro Ladeira; e no Procon, Avenida Presidente Itamar Franco 992, Centro.
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