Imagens da câmera de segurança que flagrou a abordagem violenta de policiais militares, no Bairro Vila Esperança II, na Zona Norte de Juiz de Fora, serão encaminhadas para uma perícia especializada em Belo Horizonte. Diferente do que foi divulgado na época do ocorrido, com imagens que expõem apenas a confusão entre a PM e os moradores, a perícia terá acesso a uma gravação mais extensa, que mostra a movimentação da rua das 6h às 17h.
De acordo com o delegado Rodolfo Rolli, titular da 3ª Delegacia Distrital de Juiz de Fora, o prazo para que a perícia seja concluída é de até 30 dias. O DDR, ou seja, a memória da câmera de onde as imagens foram capturadas pela polícia, terá o objetivo de esclarecer os fatos, visto que o registro policial afirma que os suspeitos hostilizaram e perseguiram a viatura da PM que fazia ronda no bairro. “No depoimento dos suspeitos, eles negam essa perseguição. Então as imagens completas da câmera nos ajudarão a entender o que de fato aconteceu naquele dia”, afirma Rolli.
Ainda de acordo com o delegado, o exame de corpo de delito foi realizado em nove pessoas envolvidas na confusão. Na época, sete foram encaminhadas à delegacia, porém, outras duas, que também estavam envolvidas, passaram pelos exames. Como aponta Rolli, do relato médico não houve nenhuma novidade contundente, apenas as lesões que já haviam sido apontadas pela PM.
Incêndio em coletivo ainda não tem suspeito
O delegado também afirmou que a perícia no ônibus que foi incendiado naquele mesmo dia, à noite, foi concluída. A avaliação, no entanto, ainda não apontou nenhum suspeito. “Como o coletivo ficou muito deteriorado pelo fogo, não foi possível definir onde as chamas se iniciaram e nem o que causou o incêndio.” Rolli também afirmou que foram feitas buscas por câmeras de segurança na região para verificar se alguma delas havia flagrado o incidente, porém não foram encontradas.
Relembre o caso
Uma ação da PM, no dia 14 de agosto, revoltou os moradores do Bairro Vila Esperança II, e imagens de uma câmera de segurança flagraram o momento, quando quatro militares armados abordam seis homens parados em uma calçada. Na gravação, três viaturas se aproximam e, logo após, os PMs ordenam que os rapazes encostem na parede. Com a reação dos abordados, um dos militares desfere uma bala de borracha que atinge o rosto de um dos homens.
Em seguida, familiares e moradores se aproximam e reagem à agressão. Em outro vídeo, é possível ver um policial jogando um pneu contra um dos abordados. O pneu atinge a cabeça do morador, que cai inerte no chão. Pela gravação é possível ver que uma criança presenciou o fato. O homem atingido pelo pneu foi encaminhado ao HPS e ficou em estado de observação.
Na noite do mesmo dia, os Bombeiros registraram o incêndio em um coletivo na Rua Custódio Lopes de Mattos, também na Vila Esperança II. Informações da PM dão conta de que a ação teria sido em revolta à atitude dos militares mais cedo naquele dia. Ninguém ficou ferido.
Na ocasião dos fatos, a PM divulgou que houve, por parte dos suspeitos, uma resistência tanto passiva quanto ativa, sendo necessária a utilização de instrumentos de menor potencial ofensivo e que foi instaurado um inquérito policial militar, para apurar a conduta dos policiais e demais circunstâncias.