A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) inaugurou, na tarde desta terça-feira (25), um novo espaço para acolher pessoas em situação de rua na cidade. De caráter provisório, a Casa Passagem Emergencial funciona em um prédio anexo à sede da PJF, próximo à Praça da Estação, na Avenida Francisco Bernardino, na região central. O local começou a funcionar nesta terça (25), tendo capacidade para receber até 50 pessoas. As buscas serão feitas pelas equipes de abordagem. A porta permanecerá aberta àqueles que buscarem, voluntariamente, abrigo. A medida foi adotada por conta do período de chuvas, que já provocou estragos nas primeiras semanas de 2022, situação que levou à PJF a decretar estado de emergência na cidade, que, segundo a Secretaria de Governo, já foi reconhecido pelo Governo de Minas.
Durante o lançamento do novo abrigo, o secretário de Comunicação Pública da PJF, Márcio Guerra, pontuou que o local irá “oferecer jantar, café da manhã, condições de repouso, guarda de pertences, banho, higiene pessoal, vestiário, além de atividades coletivas, rodas de conversas e outras atividades”.
A unidade de acolhimento vai funcionar diariamente, das 19h às 8h, sob a responsabilidade da Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac) por três meses. “O abrigo prevê atendimento de 50 pessoas adultas, homens e mulheres maiores de 18 anos, que utilizam os espaços públicos como forma de moradia e/ou sobrevivência”, afirma a PJF. O local contará com uma equipe básica de 11 profissionais entre cuidadores e/ou educadores sociais, coordenador e pessoal de limpeza.
O local para atendimento provisório foi planejado em parceria entre a Secretaria de Assistência Social da PJF e a Defesa Civil, que é vinculada à Secretaria de Governo. “O objetivo é acolher a população em situação de rua neste período de chuvas. Este é um problema global. Sabemos que, em vários momentos, nós teremos que fazer ações emergenciais que vão mitigar questões como as chuvas, o frio, ou a pandemia”, explicou a secretária municipal de Assistência Social, Malu Salim.
Além de parte do secretariado, a prefeita Margarida Salomão (PT) também prestigiou o evento de lançamento do abrigo provisório e reforçou a necessidade da medida emergencial, para minimizar os problemas trazidos pelas chuvas às pessoas em situação de rua. “Nesse mês de janeiro, em Juiz de Fora, já choveu mais de 30% do que, em média, chove na cidade todos os anos. Estamos vivendo uma situação extraordinária. Nessa situação extraordinária, muitas pessoas perderam a moradia.” A prefeita afirmou ainda que o Município seguirá trabalhando para ir além da iniciativa, que é paliativa, ampliando ações municipais de assistência social.
“Estamos lidando com a situação de falta de trabalho, de falta de renda, de falta de políticas públicas para moradia para a população. Com isso, a sobrecarga para nós, da Prefeitura, é imensa, pois as pessoas vivem na cidade”, avaliou Margarida. Ante ao estrangulamento financeiro dos municípios, a prefeita considerou que o “sentimento da misericórdia tem uma dimensão política mobilizadora. Estamos respondendo com esse espaço, que é um espaço temporário, para atender a uma crise aguda.”
“Queremos que estes espaços sejam cada vez melhores. Na casa de acolhimento que nós tínhamos no período da emergência climática frio, tivemos, por exemplo, uma grande inovação, ao permitir que as pessoas que chegaram naquele espaço para serem atendidas pudessem levar também os seus cachorros. A pessoa é todo o seu conjunto de objetos, de memórias e de afetos. É assim que as pessoas têm que ser atendidas em todos os espaços públicos”, afirmou Margarida. O pensamento foi reforçado pela secretária municipal de Governo, Cidinha Louzada. “Se a gente não conseguir compreender a pessoa com tudo que ela tem, a gente não está sendo respeitoso com ela. A gente está excluindo, o Poder Público não pode excluir as pessoas.”
Presidente do Conselho Municipal de Assistência Social, Lidiane Pereira Cavaca Pavão considerou a medida como bem-vinda. “Estamos muito felizes com a iniciativa do Governo Municipal de criar mais um espaço para receber a população em situação de rua, principalmente, nesse momento que vai de dezembro a janeiro e, agora, o mês de fevereiro. A gente espera um espaço que seja inclusivo e, de uma forma geral, que eles tenham voz, respeito e dignidade”, considerou, em fala feita durante a inauguração da nova Casa de Passagem.
Censo
Após o evento, a secretária municipal de Assistência Social, Malu Salim, afirmou que a cidade trabalha para avançar em um estudo aprofundado para identificar as características da população em situação de rua em Juiz de Fora. “Antes da pandemia, a gente já vivia um crescimento enorme do desemprego. Com a pandemia, isso aumenta, e há uma explosão da população de rua. Isso não é só em Juiz de Fora, mas em todo país. Nosso censo também vai ser feito junto com a UFJF. Aí, vamos poder também planejar estratégias mais contínuas para essa população.”
A secretária disse ainda que a atual Administração entende a “população em situação de rua como sujeito de direito”. “Assim, a gente espera que seja um acolhimento inclusivo, humano, em que esse morador em situação de rua tenha para poder ter um pouco mais de qualidade de vida”, indicou.
Secretário de Direitos Humanos, Biel Rocha, afirmou que o “cuidados com as pessoas” é uma preocupação da atual Administração, lembrando o alojamento emergencial montado pela PJF em julho do ano passado para abrigar a população vulnerável durante a passagem de um onda de frio. “Salvou vidas naquele momento. Da mesma forma, agora, criamos esse espaço que é provisório para tirar as pessoas da chuva.”