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Serviço de castração da PJF já realizou 22 mil atendimentos

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Cristiane já levou vários animais para a castração (Foto: Marcelo Ribeiro)

Oferecendo a esterilização cirúrgica de animais por meio do Castramóvel e do atendimento em clínicas conveniadas, o Programa de Castração da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) já ultrapassou 22 mil atendimentos, mas a demanda continua crescendo. Na tentativa de sanar os problemas que levam ao abandono e ao consequente aumento da população animal nas ruas, o programa atua em diferentes linhas, não só no que compete à saúde dos bichos, mas, especialmente, na conscientização e no combate ao abandono em toda a cidade.

“O ideal seria que a gente castrasse, preferencialmente, cães e gatos em situação de risco, que se encontram em locais em que a população é mais carente, mas o serviço abrange a todas as pessoas que queiram inscrever seus animais”, explica a gerente do Departamento de Controle Animal (Decan) do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb), Mirian Neder. Nesse sentido, os cães e gatos mais vulneráveis seriam os semidomiciliados, ou aqueles cujos donos têm muitos animais, em ambientes com machos e fêmeas misturados, ou até mesmo os que têm residência, mas circulam pela rua durante o dia. Os cães que vivem em apartamentos também precisam ser castrados, mas não são prioridade.

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Além do controle da população animal, a castração traz benefícios indiretos. A maioria deles diz respeito à saúde dos bichos. De acordo com o veterinário Fábio Valverde, os machos castrados têm o comportamento afetado. Eles ficam mais calmos, o que melhora o convívio. Além disso, diminui a incidência de câncer de próstata.

Como funciona

No procedimento, são removidos os testículos do animal, onde são produzidos e maturados os espermatozóides. No caso das fêmeas, além de evitar a gravidez, que, a cada ninhada, pode gerar de oito a 12 filhotes, a esterilização diminui a ocorrência de piometra, câncer de mama e de outras doenças na vida senil. No caso das fêmeas, a cirurgia é mais invasiva, porque só se consegue ter acesso aos ovários, que são removidos por meio da cavidade abdominal, o que requer maior cuidado.

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“Os bichos podem ser castrados a partir dos 4 a 6 meses e durante toda a vida, antes de chegar à velhice. Nos mais velhos, a anestesia pode representar um risco maior. Quanto mais cedo o procedimento for feito, melhor. A castração é muito recomendada. Outros meios, como os inibidores de cio, não são, porque podem trazer problemas pela quantidade de hormônio que contêm”, explica Valverde.

Os animais devem permanecer em jejum por 12 horas. Eles chegam ao Castramóvel, são pesados e medidos. A anestesia é dosada e eles aguardam o procedimento. Todo o atendimento dura, em média, 30 minutos, mas os cães só são liberados depois de voltarem da anestesia. Eles são vestidos com roupa especial e os donos recebem instrução de como deve ser feita a limpeza dos cortes, com soro fisiológico e rifocina. Os animais devem ser acompanhados por dez dias, mesmo período em que a medicação deve ser ministrada. “Com a cicatrização completa, é vida normal”, diz o veterinário.

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Preconceito e desinformação são desafios

Ainda existem muitos desafios, mas o maior, de acordo com a gerente do Decan, é lutar contra os preconceitos. Segundo Mirian Neder, a mentalidade de que castrar seria ‘tratar mal’, que machucaria o bicho ou poderia causar algum dano ainda é muito presente. Outro ponto importante é que, mesmo deslocando o Castramóvel para as localidades mais carentes, o público alvo do serviço não leva seus animais. “Muitas vezes, precisamos fazer um trabalho anterior. Contamos com os protetores independentes e até mesmo representantes das Sociedades Pró Melhoramento dos Bairros (SPMs), que vão até as localidades, mapeiam e encaminham as pessoas. Em alguns casos, os próprios protetores levam os cães e gatos, porque os donos não levam.”

Cristiane Lima Aleixo Dutra é uma dessas pessoas. Protetora independente, além dos seus 14 cães e seis gatos, ela ainda se dedica a levar os animais abandonados de sua localidade para a castração. “Já perdi a conta de quantos cachorros eu levei para castrar. Pego os que estão na rua e os de quem não tem meios de levar. O mais complicado é a volta. Na ida, o bicho vai andando, mas na volta ele ainda está sob o efeito da anestesia, aí fica mais difícil”.

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Para ela, o melhor caminho para evitar o abandono é a castração. “Essa é a função essencial do serviço: para que as cadelas não tenham filhotes nas ruas e eles não sofram. Eu não tenho como acolher mais bichos do que eu tenho, faço o que está ao meu alcance. Os que eu encontro abandonados, levo para castrar e depois solto, embora não seja a coisa certa a fazer.”

Usuários reclamam de demora no atendimento

A castração de cães e gatos é um dos aliados na prevenção contra uma série de doenças, conforme o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Mas, em algumas localidades, o serviço de castração demora mais a chegar. “Fiz o cadastro há mais de um ano e não foi realizado o procedimento”, conta Rafaela Nascimento Friaça. Ela diz que precisou ligar várias vezes até conseguir ser atendida por telefone. “Não estipularam nenhum prazo, e falaram que, com a divulgação do projeto, a espera ficou maior.” Rafaela conseguiu, por meio de uma Organização Não Governamental, castrar dois animais, mas ainda aguarda o retorno da equipe do Castramóvel para esterilizar mais dois cães.

Outra pessoa, que pediu para não ser identificada, também espera uma resposta para o pedido de castração de seus três cães há mais de um ano. “Consegui fazer a ficha pelo telefone. Na ligação eles me avisaram que demoraria, mas eu não imaginava que ia ser tão demorado. Meu sogro, que também está na fila, já aguarda há um ano. O pior é não ter certeza de quando seremos chamados, não temos nem ideia, expectativa, nada.”

A Prefeitura explica que o atendimento telefônico continua sendo feito normalmente. Há um funcionário exclusivo para atender o Disque Castração, das 7h às 12h e das 14h às 17h. A demanda, conforme a assessoria, é muito grande, e o cadastro não é tão rápido, porque é necessário passar todos os dados do cidadão e do animal, o que sobrecarrega a linha. A Prefeitura ainda reitera que o atendimento é prioritário em bairros periféricos, com maior número de cadastros e mais carentes. “Mensalmente, o Castramóvel atende cerca de 120 animais diretamente nos bairros. Além do serviço prestado diretamente à população, o ônibus também realiza a castração dos cães e gatos abrigados no Canil Municipal.” O cadastro dos animais é realizado pelo telefone Disque Castração 3690-3545, de segunda a sexta-feira.

Em alguns casos, Mirian Neder destaca que a conscientização faz diferença. “Nós demoramos mais a chegar nos bairros mais centrais. Não quer dizer que nunca vamos passar, mas a nossa prioridade são as áreas mais vulneráveis. Por isso, pedimos paciência. Mas também temos outra situação recorrente, como as pessoas que compram animais de raça a um preço muito elevado e querem castrá-los gratuitamente. Muitas vezes, elas têm condições financeiras de bancar o procedimento em clínicas particulares, então precisam ter consciência de que tiram a vaga de alguém que não pode pagar.”

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